1) A existência de Deus é fato comprovado pela razão:
Não iremos demorar aqui demonstrando as provas da existência de Deus. Todas as coisas que compõem o mundo, consideradas em conjunto ou em separado, não possuem em si mesmas a razão suficiente de sua existência. Logo, a razão confirma a existência de um Criador.
2) Prova da necessidade de uma Revelação:
Uma vez que Deus criou o homem e todas as coisas, o homem deve ser grato a Deus pela sua existência e pela das outras coisas. Como ser inteligente, não lhe bastaria cumprir passivamente suas obrigações de lei natural, sem importar-se com o Criador. Mas como poderia expressar a sua gratidão pelo Criador, se não sabe como poderia ser grato a um Criador, que de nada tem falta? Não lhe bastaria a oração e a gratidão naturais, posto que a relação com o Criador deveria fundar-se na justiça, justiça essa da qual desconhece a medida. É necessário, portanto, que Deus encaminhe o homem, que lhe mostre o que deve fazer para ser grato. Dessa forma, é necessária uma Revelação.
3) Prova da realidade da Revelação:
Uma vez que se prove a necessidade da Revelação, prova-se, por tabela, a sua realidade, pois Deus, extremamente sábio, não é negligente, e dispôs todas as coisas de forma correta.
A necessidade da Revelação não é para um povo ou para uma época, mas para todos os homens. Desta forma, prova-se que a Revelação deve ser universal, no tempo e no espaço, concernente à existência humana. Assim, ficam excluídas do caráter de religião verdadeira aquelas que não se importavam com o todo da espécie humana, que só pretendiam o bem ou a felicidade de um povo em particular, ou que, tardias demais no tempo, não correspondessem às necessidades da humanidade desde o início.
5) Prova da veracidade da revelação bíblica:
Algumas religiões tidas como reveladas comportam erros filosóficos, como o zoroastrismo, que é dualista, ou como outras religiões, que são panteístas ou politeístas. A única revelação que cumpre os preceitos de universalidade, e é de acordo com a razão, é a revelação bíblica, iniciada no começo mesmo da humanidade, com Adão, e progressivamente acrescentada, de acordo com a vontade manifestada pelo Criador para com seus súditos.
6) O judaísmo não pode ser a revelação verdadeira:
Ainda que o judaísmo se fundamente no Antigo Testamento, o judaísmo não pode ser a religião verdadeira, uma vez, que, após a morte de Cristo, ficou sem rei, sem profetas ou sacerdotes (Cristo é o Rei, Profeta e Sacerdote que deveriam ter reconhecido). O judaísmo mudou radicalmente após Cristo: desapareceram os sacrifícios no Templo, desapareceu o próprio Templo, não tiveram mais profetas ou novas revelações, nunca mais se organizaram como Estado teocrático que tinham nos tempos do rei Davi (o Estado de Israel, uma democracia moderna, não é uma reconstituição do Estado hebreu do Antigo Testamento), a própria Lei não pôde mais ser cumprida em muitos de seus preceitos.
O próprio Antigo Testamento, no qual os judeus se baseiam, não prevê uma mudança tão drástica, ao contrário do curto Cativeiro Babilônico, a respeito do qual os profetas preveniram, como resultado de um período de grande idolatria ou de desleixo. O judaísmo, congelado após a morte de Cristo, tornou-se, então, uma revelação incompleta, uma religião que parece ter se perdido no caminho.
7) O islamismo não pode ser a revelação verdadeira:
A revelação islâmica é demasiadamente tardia, e fundamenta-se sobre o judaísmo e o cristianismo, que já existiam, competindo com eles. Os muçulmanos dizem que a revelação recebida nessas religiões mais antigas corrompeu-se. Mas essa alegação é absurda, como se pode comprovar pela confusão efetuada no Alcorão, sobre os fatos bíblicos, registrados com muito maior antecedência. Maria, irmã de Aarão, é confundida com a mãe de Jesus, num claro disparate. Além disso, é uma revelação que se fundamenta na palavra de um único homem, de um único mensageiro, o que diminui-lhe bastante o crédito (os muçulmanos alegam a existência de outros mensageiros, mas que são, na realidade, os profetas do judaísmo e cristianismo, cuja mensagem é bem diferente da de Maomé, pelos registros que o antecederam).
8) Jesus Cristo é o Messias:
Cremos haver demonstrado isto, quando afirmamos a trágica transformação do judaísmo, após a morte de Cristo. Cristo é a continuação legítima da religião de Abraão, de Isaac, de Jacó e de Moisés. Certas mudanças que foram introduzidas pelo Evangelho não provocam nenhuma mudança essencial na revelação, uma vez que muitas leis mosaicas não são inteligíveis sem que prefigurem uma realidade futura, ou, pelo menos mais elevada (o que não é o caso dos Dez Mandamentos, mas o é de várias leis cerimoniais). Esse valor não intrínseco de certas leis foi reconhecido, inclusivo, por sábios judeus, como Maimônides.
9) Cristo fundou uma só Igreja e há um só Evangelho:
A revelação cristã ensina claramente: "Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema." (Gálatas 1,8). As diversas seitas que se intitulam cristãs ensinam doutrinas diferentes e concorrentes entre si, de forma que só uma delas pode ser verdadeira, do contrário, haveria tantos evangelhos, quanto fossem as seitas.
10) As igrejas ditas "Ortodoxas" não correspondem à verdadeira Igreja:
Tais igrejas padecem do mesmo mal do judaísmo: são religiões congeladas desde que se afastaram do primado petrino. Se, antes, reconheciam o seu valor e necessidade, após a sua separação, sequer esforço fizeram para instituir um Papa que fosse conforme suas convicções, admitindo implicitamente estarem separadas não de uma Roma apóstata, mas da Roma em que um dia confiaram e se submeteram. Além disso, a instância máxima de decisões para essas igrejas, o Concílio Ecumênico, não poderia reclamar para si uma unidade e uma universalidade comprometida com um poder mundano e mutável, como o Império Romano. A igreja bizantina, longe de comportar-se como Igreja Católica, comportou-se como igreja bizantina, submetida em tudo ao imperador bizantino e imperiosa de impor a todos os seus costumes regionais. Com a queda desse poder humano, tal igreja ficou, de certo modo, órfã.
11) O protestantismo, com todas as suas divisões, ou representado em alguma de suas divisões, não é a Igreja verdadeira:
As igrejas protestantes carecem de fundamento histórico para suas doutrinas. Quem antes de Lutero defendeu semelhante corpo doutrinário? Qual Padre da Igreja ou teólogo medieval, a que pese ter defendido este ou aquele erro, foi protestante, no sentido de abraçar conjuntamente todos os erros de Lutero?
12) Somente a Igreja Católica é a Igreja verdadeira:
A Igreja Católica é a única que mantém ligação indivisa com o cristianismo dos primeiros séculos e com o próprio Cristo, mantendo incólume a tradição recebida dos Apóstolos, e, com o primado de Pedro, a única que pode reclamar um fundamento seguro e inabalável para a unidade.
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