Milagre o Testemunho da Verdade

quarta-feira, 2 de abril de 2014

MARIA ENGRANDECE O SENHOR


Maria engrandece o Senhor
pela singularidade de seu amor

A alma de Maria engrandece o Senhor porque ela foi por ele primeiro engrandecida. Se não tivesse sido antes engrandecida pelo Senhor, a alma de Maria não teria podido engrandecê-lo. Engrandece, portanto, aquele por quem foi engrandecida, não somente pelo louvor de sua boca e pela integridade de seu corpo, mas pela singularidade de seu amor.
Muitos engrandecem pela língua, mas blasfemam por seu comportamento, procedendo com soberba de coração. A seu respeito é que foi escrito: Afirmam que conhecem a Deus, mas o negam com seus actos (Tt 1, 16). Esses não engrandecem, antes diminuem o quanto podem o nome do Senhor. É a eles que se dirige o Apóstolo: O nome de Deus é blasfemado entre as nações por causa de vós! (Rm 2, 24).
Em Maria, pelo contrário, a língua, a vida, a alma engrandecem o Senhor. A língua, narrando a santa magnificência da glória divina; a vida, tornando-se digna da mesma glória por suas obras; a alma, amando-o de maneira singular, atingindo-o pelas asas da contemplação, e contendo em seu espírito e em seu seio a incompreensível magnificência. Por isso, proclama: Minha alma engrandece o Senhor (Lc 1, 46).
Como é que o engrandeces? Porventura, tornarias maior aquele cuja grandeza é infinita? Grande é o Senhor e muito digno de louvores (Sl 144 [145], 3), exclama o salmista. Tão grande, tão grande, que sua grandeza não tem comparação nem medida. Como então o engrandeces, se de pequeno não o fazes grande, nem de grande maior ainda? Tu o engrandeces porque o louvas, porque, mais luminosa que o sol, mais bela que a lua, mais perfumada que a rosa, mais branca que a neve, fazes crescer o esplendor do conhecimento de Deus em meio às trevas deste mundo. Tu o engrandeces, portanto, não aumentando a sua grandeza sem limites, mas trazendo para as trevas deste mundo, que a desconhece, a luz da verdadeira Divindade. Pois o Senhor que engrandeces, assim como ignora o tempo por ser eterno, também não admite progresso, por ser perfeito.
Ele é eterno porque não tem começo nem fim. É perfeito porque nada falta a sua plenitude. E, contudo, tu o engrandeces quando, por teus méritos eminentes, és exaltada a ponto de receberes a plenitude da graça, de seres digna da visita do Espírito Santo, de dares à luz o Salvador do mundo que perecia, permanecendo virgem, e se tornando a Mãe do Filho de Deus.

Adão de Persénia, abade: Carta 2, 13-15(Sources Chrétiennes 66, 62-64

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