(Devo esclarecer de uma forma bem clara que o trabalho apresentado é uma compilação de artigos publicados na net, em especial no site www.veritatis.com.br, onde foram mantidas as palavras dos seus autores em longas partes do texto)
Nota Introdutória
Este trabalho pode, a princípio, parecer anti-ecuménico[1], mas não é. Pelo contrário, visa esclarecer factos históricos e doutrinais. A nível pessoal torcemos pelo êxito do ecumenismo, que tem uma árdua tarefa na busca da aproximação, diálogo e consenso entre as várias denominações cristãs. Contudo, somos obrigados a registar que, em virtude da imperfeição do ser humano, o ecumenismo caminha a passos lentos…muito lentos mesmo.
Na verdade, a discórdia reinante entre cristãos, é fruto mais de interesses pessoais e políticos, do que religiosos. É claro que existem diferenças doutrinais, criadas a partir da necessidade de separação e identificação, mas será que existe vontade de discuti-las fraternalmente, a ponto, até, de reconhecê-las como erradas?
Ao contrário de todas as demais religiões, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo são religiões históricas e não foram criadas a partir de mitos. Logo, todas as acções realizadas pelos fiéis dessas três grandes religiões ficaram registadas no tempo. São factos, não lendas.
Não vamos falar sobre os judeus, pois sabemos que eles não aceitaram Jesus como o verdadeiro Messias, porque a sua visão de Messias, na época de Jesus, era estritamente política: o enviado de Deus que libertaria o povo da denominação romana (aliás, a destruição de Jerusalém em 135 D.C. pelos romanos foi motivada por essa falsa visão: três anos antes, Bar-Kochba fora proclamado pelas autoridades religiosas como o Messias libertador). Quanto aos islâmicos, cuja fé se baseia em Maomé, bem sabemos pela História que se trata de uma religião com grandes influências do judaísmo e do cristianismo.
Vamos, portanto, concentrar-nos na fé cristã e ver o que é histórico, o que é verdadeiro, já que, na esmagadora maioria das vezes, os conflitos e divisões são gerados pelos próprios cristãos.
Capítulo I
O Nascimento da Igreja
Em primeiro lugar, gostaríamos de esclarecer onde, como e quando teve origem a chamada Igreja Católica.
A palavra “Igreja” explica-se claramente pela sua origem latina ecclesia, que significa «assembleia». Na verdade, designa a reunião dos primeiros cristãos para celebrar a Eucaristia, mas também o edifício, a construção na qual se desenrola esta celebração e o local de encontro da comunidade. O termo “católica”, vem do grego katholikos e significa «universal», estando em conformidade com o desejo do seu fundador, JESUS CRISTO: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15).
Como já foi dito, a Igreja tem origem divina (Jesus Cristo: verdadeiro homem e verdadeiro Deus). Mas antes mesmo de ser fundada, Jesus fez questão de manifestar esta sua vontade e interesse divino aos seus Apóstolos.
É no Evangelho de São Mateus que podemos confirmar este seu desejo: “Ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.» Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. Também eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céus; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu ” (Mt 16, 13-19).
Assim, vemos que Jesus promete edificar a Sua Igreja sobre Pedro que, momentos antes testemunhara em seu nome e no dos demais Apóstolos a Messiandade e Filiação Divina de Cristo. A Igreja de Jesus terá como principal característica a indestrutibilidade, mesmo quando sondada pelas artimanhas do demónio. A Igreja, portanto, ainda não havia sido fundada, mas já tinha o seu chefe (Papa) escolhido entre os discípulos: é Pedro que recebe as chaves do Reino, com o poder de ligar e desligar as coisas do Céu. Posteriormente, Jesus volta a falar da Sua futura Igreja, confirmando a sua autoridade perante os seus fiéis: “Se o teu irmão pecar, vai ter com ele e repreendo-o a sós. Se te der ouvidos, terás ganho o teu irmão. Se não te der ouvidos, toma contigo uma ou duas pessoas, para que toda a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-las, comunica-o à Igreja; e, se ele se recusar a atender a própria Igreja, seja para ti como um pagão ou um cobrador de impostos. Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu” (Mt 18, 15-18).
Vemos assim que o pecador que não escutasse o seu irmão e fosse entregue à Igreja, se ainda assim permanecesse no pecado, não ouvindo os seus irmãos na fé e nem, por último, a Igreja (isto é, não se submetendo à autoridade eclesiástica), deveria ser excluído da comunidade cristã [eis aqui a remota origem da excomunhão]. O versículo 18 estende o poder de “ligar e desligar” aos demais apóstolos, porém, sem retirar de Pedro a primazia (=chaves) sobre os demais, como podemos confirmar nas passagens que se seguem: “E o Senhor disse: «Simão, Simão, olha que Satanás pediu para vos joeirar como trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desapareça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos.»” (Lc 22, 31-32); “Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.» Voltou a perguntar-lhe uma segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas.» E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: “Tu és deveras meu amigo?” Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17).
Temos, então, que a Igreja do Senhor foi fundada após a ressurreição de Jesus. É o livro dos Actos dos Apóstolos (segunda parte dos escritos de Lucas, já que a primeira é o seu Evangelho), a partir do capítulo 1, versículo 12, que oferece os dados mais importantes sobre o início da Igreja. Poucos dias antes da fundação oficial da Igreja, em aparição aos seus discípulos e antes de ascender aos céus, Jesus promete-lhes o Espírito Santo para que o Evangelho possa atingir todas as nações: “Estavam todos reunidos, quando lhe perguntaram: «Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?» Respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (Act 1, 6-8).
Assim, os discípulos aguardam em Jerusalém a vinda do Espírito Santo, que marcará o início da Igreja e, enquanto esperam, elegem o substituto para a vaga deixada por Judas Iscariotes, o traidor que cometera suicídio: “… designaram dois: José de apelido Barsabás, chamado Justo, e Matias. Fizeram, então, a seguinte oração: «Senhor, Tu que conheces o coração de todos, indica-nos qual destes dois escolheste para ocupar, no ministério apostólico, o lugar abandonado por Judas, que foi para o lugar que merecia. Depois, tiraram à sorte, e a sorte caiu em Matias, que foi incluído entre os onze Apóstolos” (Act 1, 15-26).
Pedro aproveita a oportunidade e, como líder primaz da Igreja, discursa testemunhado fervorosamente a favor de Jesus Cristo e obtém a conversão de aproximadamente 3000 pessoas de uma só vez! É a acção do Espírito Santo em favor da sua Igreja (Act 2, 14-41).
Essa comunidade cristã passa-se a reunir no primeiro dia da semana (Domingo), recordando o dia da ressurreição de Jesus, para a realização da fracção do pão e orações, isto é, para celebrarem a Santa Missa na sua forma mais primitiva: “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações” (Act 2, 42).
Mas a Igreja deve ainda pregar as boas novas de Jesus a todos os povos e, para isso, necessita de missionários que estejam dispostos a partir para outras nações. É certo que todos os Apóstolos partiram em missão, permanecendo apenas Tiago, parente de Jesus, em Jerusalém. Para aumentar a expansão da Igreja pelo mundo pagão, o próprio Senhor selecciona a dedo um dos seus grandes perseguidores: Saulo de Tarso. Após converter-se por intermédio de uma visão particular de Jesus (Act 9, 3-9) e mudar o seu nome para Paulo, este ex-perseguidor passa a ser o principal missionário da Igreja primitiva, e realiza importantes pregações entre os pagãos, podendo ainda ter atingido a Espanha! (Rom 15, 24-28).
A Igreja cresce e a hierarquia começa a surgir, com a nomeação de presbíteros e diáconos para liderar as várias comunidades que surgem a partir de então: “Por esses dias, como o número de discípulos ia aumentado, houve queixas dos helenistas contra os hebreus, porque as suas viúvas eram esquecidas no serviço diário. Os Doze convocaram, então, a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém deixarmos a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Irmãos. É melhor procurardes entre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria; confiar-lhes-emos essa tarefa. Quanto a nós, entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da Palavra.» A proposta agradou a toda a assembleia e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócuro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Foram apresentados aos Apóstolos que, depois de orarem, lhes impuseram as mãos. A palavra de Deus ia-se espalhando cada vez mais; o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém, e grande número de sacerdotes obedeciam à Fé ” (Act 6, 1-7).
Porém, como a mensagem cristã foi primeiramente voltada para os judeus, surgindo as primeiras conversões a partir desse grupo, logo, com a conversão dos gentios (pagãos), surgiu um dilema: estariam estes obrigados a seguir a Lei de Moisés como os judeus? Os missionários judaizantes (cristãos convertidos do judaísmo) por conta própria, começam a impôr as regras mosaicas - inclusive a circuncisão – também para os gentios e, em pouco tempo, passam a confrontar Paulo directamente, que defendia a não validade da Lei para estes. A solução para o problema é obtida mediante um Concílio reunido em Jerusalém (Act 15), onde os Apóstolos, seguindo a orientação de São Pedro (o 1º Papa), decidem que os gentios não estão obrigados a observar a Lei mosaica, com excepção de pouquíssimos detalhes claramente disciplinares e, por isso mesmo, de aplicação temporária. Estava agora a Igreja -por inspiração do Espírito Santo- liberta de uma vez por todas das correntes que a prendia ao judaísmo e, daí para a frente, expandiu-se por todo o mundo, tornando a mensagem salvífica de Cristo, “Universal” (Católica), isto é, conhecida por todos os povos e guardando até hoje, com respeito e cuidado, o sagrado Depósito da Fé (Doutrina da Igreja Católica). Mas para o sucesso da expansão do Evangelho, foi primordial a mudança estratégica da sede da Igreja, deixando Jerusalém e estabelecendo-se definitivamente em Roma, de onde partiam todas as estradas para o mundo até então conhecido, o que certamente facilitou as missões: “Manda-vos saudações a comunidade dos eleitos que está em Babilónia[2] e, em particular, Marcos, meu filho ” (1 Pe 5, 13).
Em primeiro lugar, gostaríamos de esclarecer onde, como e quando teve origem a chamada Igreja Católica.
A palavra “Igreja” explica-se claramente pela sua origem latina ecclesia, que significa «assembleia». Na verdade, designa a reunião dos primeiros cristãos para celebrar a Eucaristia, mas também o edifício, a construção na qual se desenrola esta celebração e o local de encontro da comunidade. O termo “católica”, vem do grego katholikos e significa «universal», estando em conformidade com o desejo do seu fundador, JESUS CRISTO: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15).
Como já foi dito, a Igreja tem origem divina (Jesus Cristo: verdadeiro homem e verdadeiro Deus). Mas antes mesmo de ser fundada, Jesus fez questão de manifestar esta sua vontade e interesse divino aos seus Apóstolos.
É no Evangelho de São Mateus que podemos confirmar este seu desejo: “Ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.» Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. Também eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céus; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu ” (Mt 16, 13-19).
Assim, vemos que Jesus promete edificar a Sua Igreja sobre Pedro que, momentos antes testemunhara em seu nome e no dos demais Apóstolos a Messiandade e Filiação Divina de Cristo. A Igreja de Jesus terá como principal característica a indestrutibilidade, mesmo quando sondada pelas artimanhas do demónio. A Igreja, portanto, ainda não havia sido fundada, mas já tinha o seu chefe (Papa) escolhido entre os discípulos: é Pedro que recebe as chaves do Reino, com o poder de ligar e desligar as coisas do Céu. Posteriormente, Jesus volta a falar da Sua futura Igreja, confirmando a sua autoridade perante os seus fiéis: “Se o teu irmão pecar, vai ter com ele e repreendo-o a sós. Se te der ouvidos, terás ganho o teu irmão. Se não te der ouvidos, toma contigo uma ou duas pessoas, para que toda a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-las, comunica-o à Igreja; e, se ele se recusar a atender a própria Igreja, seja para ti como um pagão ou um cobrador de impostos. Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu” (Mt 18, 15-18).
Vemos assim que o pecador que não escutasse o seu irmão e fosse entregue à Igreja, se ainda assim permanecesse no pecado, não ouvindo os seus irmãos na fé e nem, por último, a Igreja (isto é, não se submetendo à autoridade eclesiástica), deveria ser excluído da comunidade cristã [eis aqui a remota origem da excomunhão]. O versículo 18 estende o poder de “ligar e desligar” aos demais apóstolos, porém, sem retirar de Pedro a primazia (=chaves) sobre os demais, como podemos confirmar nas passagens que se seguem: “E o Senhor disse: «Simão, Simão, olha que Satanás pediu para vos joeirar como trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desapareça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos.»” (Lc 22, 31-32); “Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.» Voltou a perguntar-lhe uma segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas.» E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: “Tu és deveras meu amigo?” Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17).
Temos, então, que a Igreja do Senhor foi fundada após a ressurreição de Jesus. É o livro dos Actos dos Apóstolos (segunda parte dos escritos de Lucas, já que a primeira é o seu Evangelho), a partir do capítulo 1, versículo 12, que oferece os dados mais importantes sobre o início da Igreja. Poucos dias antes da fundação oficial da Igreja, em aparição aos seus discípulos e antes de ascender aos céus, Jesus promete-lhes o Espírito Santo para que o Evangelho possa atingir todas as nações: “Estavam todos reunidos, quando lhe perguntaram: «Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?» Respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (Act 1, 6-8).
Assim, os discípulos aguardam em Jerusalém a vinda do Espírito Santo, que marcará o início da Igreja e, enquanto esperam, elegem o substituto para a vaga deixada por Judas Iscariotes, o traidor que cometera suicídio: “… designaram dois: José de apelido Barsabás, chamado Justo, e Matias. Fizeram, então, a seguinte oração: «Senhor, Tu que conheces o coração de todos, indica-nos qual destes dois escolheste para ocupar, no ministério apostólico, o lugar abandonado por Judas, que foi para o lugar que merecia. Depois, tiraram à sorte, e a sorte caiu em Matias, que foi incluído entre os onze Apóstolos” (Act 1, 15-26).
A Igreja e o Espírito Santo
Chega, então, o dia da festa de Pentecostes e os Apóstolos estão todos reunidos no Cenáculo; eis que de repente se cumpre a promessa de Jesus e o Espírito Santo vem sobre todos os discípulos que começam a pregar a Palavra de Deus em vários idiomas, de forma que pudessem ser compreendidos por todos, especialmente pelos estrangeiros que estavam presentes em Jerusalém para as festividades. Como poderiam aqueles homens rudes— boa parte compostos por pescadores ignorantes – estarem demonstrando cultura, expressando-se perfeitamente em línguas que jamais tiveram oportunidade de conhecer: “Quando chegou o dia de Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar. De repente, ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde eles se encontravam. Viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem. Ora, residiam em Jerusalém judeus piedosos provenientes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou estupefacta, pois cada um os ouvia falar na sua própria língua” (Act 2, 1-6).
Pedro aproveita a oportunidade e, como líder primaz da Igreja, discursa testemunhado fervorosamente a favor de Jesus Cristo e obtém a conversão de aproximadamente 3000 pessoas de uma só vez! É a acção do Espírito Santo em favor da sua Igreja (Act 2, 14-41).
Essa comunidade cristã passa-se a reunir no primeiro dia da semana (Domingo), recordando o dia da ressurreição de Jesus, para a realização da fracção do pão e orações, isto é, para celebrarem a Santa Missa na sua forma mais primitiva: “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações” (Act 2, 42).
Mas a Igreja deve ainda pregar as boas novas de Jesus a todos os povos e, para isso, necessita de missionários que estejam dispostos a partir para outras nações. É certo que todos os Apóstolos partiram em missão, permanecendo apenas Tiago, parente de Jesus, em Jerusalém. Para aumentar a expansão da Igreja pelo mundo pagão, o próprio Senhor selecciona a dedo um dos seus grandes perseguidores: Saulo de Tarso. Após converter-se por intermédio de uma visão particular de Jesus (Act 9, 3-9) e mudar o seu nome para Paulo, este ex-perseguidor passa a ser o principal missionário da Igreja primitiva, e realiza importantes pregações entre os pagãos, podendo ainda ter atingido a Espanha! (Rom 15, 24-28).
A Igreja cresce e a hierarquia começa a surgir, com a nomeação de presbíteros e diáconos para liderar as várias comunidades que surgem a partir de então: “Por esses dias, como o número de discípulos ia aumentado, houve queixas dos helenistas contra os hebreus, porque as suas viúvas eram esquecidas no serviço diário. Os Doze convocaram, então, a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém deixarmos a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Irmãos. É melhor procurardes entre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria; confiar-lhes-emos essa tarefa. Quanto a nós, entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da Palavra.» A proposta agradou a toda a assembleia e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócuro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Foram apresentados aos Apóstolos que, depois de orarem, lhes impuseram as mãos. A palavra de Deus ia-se espalhando cada vez mais; o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém, e grande número de sacerdotes obedeciam à Fé ” (Act 6, 1-7).
Porém, como a mensagem cristã foi primeiramente voltada para os judeus, surgindo as primeiras conversões a partir desse grupo, logo, com a conversão dos gentios (pagãos), surgiu um dilema: estariam estes obrigados a seguir a Lei de Moisés como os judeus? Os missionários judaizantes (cristãos convertidos do judaísmo) por conta própria, começam a impôr as regras mosaicas - inclusive a circuncisão – também para os gentios e, em pouco tempo, passam a confrontar Paulo directamente, que defendia a não validade da Lei para estes. A solução para o problema é obtida mediante um Concílio reunido em Jerusalém (Act 15), onde os Apóstolos, seguindo a orientação de São Pedro (o 1º Papa), decidem que os gentios não estão obrigados a observar a Lei mosaica, com excepção de pouquíssimos detalhes claramente disciplinares e, por isso mesmo, de aplicação temporária. Estava agora a Igreja -por inspiração do Espírito Santo- liberta de uma vez por todas das correntes que a prendia ao judaísmo e, daí para a frente, expandiu-se por todo o mundo, tornando a mensagem salvífica de Cristo, “Universal” (Católica), isto é, conhecida por todos os povos e guardando até hoje, com respeito e cuidado, o sagrado Depósito da Fé (Doutrina da Igreja Católica). Mas para o sucesso da expansão do Evangelho, foi primordial a mudança estratégica da sede da Igreja, deixando Jerusalém e estabelecendo-se definitivamente em Roma, de onde partiam todas as estradas para o mundo até então conhecido, o que certamente facilitou as missões: “Manda-vos saudações a comunidade dos eleitos que está em Babilónia[2] e, em particular, Marcos, meu filho ” (1 Pe 5, 13).
Características da Igreja de Cristo
Concluindo, percebemos que a verdadeira Igreja de Jesus Cristo possui várias características:
--É Una: porque tem um só Senhor, Jesus Cristo, professa uma só fé, nasce dum só Baptismo e forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista duma única esperança[3]: Ressurreição. Confirmemos: “Há um só Corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só baptismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos” (Ef 4, 4-6).
--É Santa: porque o seu autor é o Deus santíssimo; Cristo, seu Esposo, por ela Se entregou para a santificar; vivifica-a o Espírito de santidade. Embora encerre pecadores no seu seio, ela é a «sem-pecado feita por pecadores». Nos Santos brilha a sua santidade; em Maria, mãe do Salvador, ela já é totalmente santa[4].
--É Católica: porque anuncia a totalidade da Fé; é enviada a anunciar o Evangelho a todos os povos, dirigindo-se a todos os homens, abrangendo todos os tempos; é por sua própria natureza, missionária[5].
--É Apostólica: porque está edificada sobre alicerces duradouros, que são “os Doze Apóstolos do Cordeiro” (Ap 21,14) ; é indestrutível; é infalivelmente mantida na verdade: Cristo é quem a governa por meio de Pedro e dos outros Apóstolos, presentes nos seus sucessores, o Papa e o colégio dos Bispos[6].
--É Romana: porque o chefe visível da Igreja (o Papa) está estabelecido em Roma; com ele, todos os Bispos do mundo devem estar em plena comunhão (Act 15). [Observação: o título “romana” não tem sentido de nacionalidade ou restrição, em contraste com o título “Católica”, que tem o sentido de universalidade; “romana” simplesmente indica a localização da sede mundial da Igreja, e apenas isso]. De modo semelhante, o próprio Jesus, Salvador de todos os homens, foi chamado “Nazareno”, porque, convivendo com os homens, precisava de um endereço, que foi a cidade de Nazaré.
Convém também esclarecer que a expressão “Igreja Católica” teve origem por volta do ano 107 D.C., sob a pena de S. Inácio, Bispo de Antioquia, o qual escreveu: “Onde quer que se apresente o Bispo, ali esteja também a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica”[7]. É bom lembrar que, já nessa altura, existiam correntes ou “igrejinhas” heréticas, separadas da Igreja grande, fundamentando a necessidade de dar um nome à Igreja autêntica e única fundada por Jesus Cristo.
Capítulo II
Outros Movimentos Cristãos
Há já algum tempo, e cada vez mais, a imprensa noticia que milhares e milhares de cristãos estão-se a afastar da Igreja Católica para seguir novos movimentos religiosos. Vemos assim que o católico costuma ser pacífico e bom ouvinte. Por outro lado, sabemos que muitos católicos assim se declaram, porque foram baptizados quando crianças, não tendo, após isso, uma verdadeira vida cristã: nunca foram à Igreja, nunca tiveram interesse em participar nos grupos comunitários, e nunca se aprofundaram no estudo bíblico e doutrinário da Igreja, fazendo no máximo a primeira comunhão.
Para discutir este problema, existem hoje duas correntes de pensamento dentro da própria Igreja Católica: a primeira acha positivo este “ êxodo “, já que ocorre uma purificação interna dentro da própria Igreja, uma vez que, como está comprovado, só deixam de ser católicos aqueles que pouco interesse têm pela Igreja. A segunda, embora reconhecendo que essa “ purificação “ possa ser positiva para o aumento da qualidade dos fiéis católicos, afirma que não é justo permitir o afastamento do “ joio “, já que estes foram, na maioria das vezes, conquistados de forma ilícita, isto é, por desconhecerem a sã doutrina da Igreja Católica, mudando de fé, graças a atitudes pouco ecuménicas por parte da maioria dos dirigentes de outras “igrejas”, que aproveitando o facto do pouco conhecimento religioso de boa parte dos católicos, converte-os às suas respectivas religiões usando, para isso, de artimanhas verdadeiramente anti-ecuménicas.
De uma forma ou de outra, a própria Igreja Católica reconhece que é necessário uma nova evangelização, buscando aprofundar as raízes de todos os fiéis católicos, bem como de todos os homens de boa vontade.
Para discutir este problema, existem hoje duas correntes de pensamento dentro da própria Igreja Católica: a primeira acha positivo este “ êxodo “, já que ocorre uma purificação interna dentro da própria Igreja, uma vez que, como está comprovado, só deixam de ser católicos aqueles que pouco interesse têm pela Igreja. A segunda, embora reconhecendo que essa “ purificação “ possa ser positiva para o aumento da qualidade dos fiéis católicos, afirma que não é justo permitir o afastamento do “ joio “, já que estes foram, na maioria das vezes, conquistados de forma ilícita, isto é, por desconhecerem a sã doutrina da Igreja Católica, mudando de fé, graças a atitudes pouco ecuménicas por parte da maioria dos dirigentes de outras “igrejas”, que aproveitando o facto do pouco conhecimento religioso de boa parte dos católicos, converte-os às suas respectivas religiões usando, para isso, de artimanhas verdadeiramente anti-ecuménicas.
De uma forma ou de outra, a própria Igreja Católica reconhece que é necessário uma nova evangelização, buscando aprofundar as raízes de todos os fiéis católicos, bem como de todos os homens de boa vontade.
Primeira grande divisão no Cristianismo
Relembremos que a primeira grande divisão dentro do Cristianismo ocorreu em 1054 D.C. (aproximadamente mil anos após a fundação da Igreja). É o que se chama de Cisma Oriental. Antes disso, grandes polémicas tinham surgido dentro do seio do Cristianismo mas, mesmo assim, sempre se chegava a um consenso geral através da realização de grandes Concílios Ecuménicos, que reuniam bispos de todo o mundo até então conhecido. Aqueles que não se adequavam às decisões eram afastados da Igreja, criando - como hoje em dia - comunidades heréticas que o próprio tempo tratou de exterminá-las. Mas o Cisma Oriental foi a primeira divisão que realmente abalou o mundo cristão. Doutrinariamente, os orientais, baseados em Constantinopla, acusaram a Igreja do ocidente de ter acrescentado o termo filioque ao credo niceno-constantinopolitano, resultando na procedência do Espírito Santo a partir do Pai e do Filho e não apenas do Pai, como originalmente registava tal credo, o que dava a impressão que o Espírito Santo passou a "existir" após o Pai e o Filho. Muito embora a Igreja católica tenha demonstrado e comprovado que tal acréscimo nada modifica na fórmula original, nem impõe uma ordem de procedência, já que se trata do Deus único, a Igreja Ortodoxa jamais aceitou voltar à plena comunhão com a Igreja de Roma, o que bem demonstra que a divisão não ocorreu por motivo simplesmente doutrinário.
Mas então qual seria o verdadeiro motivo da separação? Política! Desde o séc. VII, Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, desejava ter os mesmos direitos da Sé de Roma, tendo conseguido obter, no máximo, o reconhecimento do privilégio da segunda, logo depois de Roma. Assim, o argumento do "acréscimo ilícito" do filioque foi usado apenas para garantir a separação na ordem política! Isso é História.
Mas então qual seria o verdadeiro motivo da separação? Política! Desde o séc. VII, Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, desejava ter os mesmos direitos da Sé de Roma, tendo conseguido obter, no máximo, o reconhecimento do privilégio da segunda, logo depois de Roma. Assim, o argumento do "acréscimo ilícito" do filioque foi usado apenas para garantir a separação na ordem política! Isso é História.
Esclarecimento sobre a Reforma Protestante
Após essa separação, uns século mais tarde, no século XVI, acontece a Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero. A filosofia que Lutero aprendeu na Universidade, era o aristotelismo interpretado por Guilherme Ockham e a sua escola era a chamada “via moderna”, também dita “Nominalismo”. O Nominalismo levava ao conceito de Deus Soberano Arbitrário, mais terrível do que amável, identificado com uma vontade toda-poderosa e quase caprichosa e tirânica, que tanto poderia condenar um justo como salvar um pecador sem apagar o pecado deste. A 2 de Julho de 1505 deu-se um facto decisivo: quando voltava da casa de seus pais para Erfurt, onde morava, quase foi fulminado por um raio. Impressionado, Lutero exclamou: “Ajuda-me, Santa Ana, e serei frade!”. Confessou posteriormente que se arrependeu de ter feito tal voto; os amigos quiseram-no dissuadir de cumpri-lo, mas Lutero julgava-se obrigado a fazê-lo; nem o pai conseguiu desviá-lo do propósito. Sendo assim, catorze dias após proferir o voto, ou seja, em 16/07/1505, Lutero, com vinte e dois anos de idade incompletos, entrou no convento dos Agostinianos de Erfurt, tido como uma casa religiosa de observância fervorosa.
No convento, o frade improvisado procurou cumprir a Regra, orando, jejuando, obedecendo, vivendo em castidade. Todavia sentia-se angustiado e inquieto pelo temor de não estar a agradar a Deus. De modo especial perturbava-o a incerteza da predestinação: estaria ele irremediavelmente destinado ao inferno? Era-lhe difícil conceber uma resposta, visto que a filosofia nominalista que aprendera, lhe insuflava a ideia de um Deus misteriosamente arbitrário em seus desígnios e tremendamente justiceiro, em vez do conceito de um Pai misericordioso, cuja vontade salvífica universal se evidencia no facto de ter entregue o seu Filho pela salvação dos homens. Durante esta crise, confessa Lutero que “não amava, mas odiava o Deus justiceiro, que castigava os pecadores e, se não blasfemava em silêncio, ao menos murmurava, terrivelmente indignado contra Deus”[8].
Atormentado por dúvidas e remorsos, corria a confessar-se, acusando culpas que talvez não fossem tais senão na sua imaginação altamente excitada. Afinal o Deus tirânico que ele forjara, não era o Deus da Tradição cristã, mas sim o Deus sugerido pelo regime de educação severa e pela formação filosófica que recebera.
Em 1515, Lutero foi designado pelos Superiores da Ordem de S. Agostinho para leccionar as epístolas de São Paulo. Lendo e meditando tais textos, o frade foi descobrindo a solução do seu problema, que constava de dois princípios básicos:
No convento, o frade improvisado procurou cumprir a Regra, orando, jejuando, obedecendo, vivendo em castidade. Todavia sentia-se angustiado e inquieto pelo temor de não estar a agradar a Deus. De modo especial perturbava-o a incerteza da predestinação: estaria ele irremediavelmente destinado ao inferno? Era-lhe difícil conceber uma resposta, visto que a filosofia nominalista que aprendera, lhe insuflava a ideia de um Deus misteriosamente arbitrário em seus desígnios e tremendamente justiceiro, em vez do conceito de um Pai misericordioso, cuja vontade salvífica universal se evidencia no facto de ter entregue o seu Filho pela salvação dos homens. Durante esta crise, confessa Lutero que “não amava, mas odiava o Deus justiceiro, que castigava os pecadores e, se não blasfemava em silêncio, ao menos murmurava, terrivelmente indignado contra Deus”[8].
Atormentado por dúvidas e remorsos, corria a confessar-se, acusando culpas que talvez não fossem tais senão na sua imaginação altamente excitada. Afinal o Deus tirânico que ele forjara, não era o Deus da Tradição cristã, mas sim o Deus sugerido pelo regime de educação severa e pela formação filosófica que recebera.
Em 1515, Lutero foi designado pelos Superiores da Ordem de S. Agostinho para leccionar as epístolas de São Paulo. Lendo e meditando tais textos, o frade foi descobrindo a solução do seu problema, que constava de dois princípios básicos:
· O pecado deteriorou irremediavelmente a natureza humana, de modo que o homem é incapaz, por si, de praticar o bem, nem tem liberdade para isso. Precisa da graça para fazer boas obras; mas mesmo as obras boas dos Santos são más: “Mesmo praticando boas obras, pecamos” [9]. O pecado permanece sempre, porque a concupiscência desregrada também permanece sempre; o Baptismo não a extingue.
· Se somos sempre pecadores, não são as nossas boas obras que nos salvam, mas a fé ou a confiança em Cristo. Se alguém tem fé, Deus deixa de imputar os seus pecados e aplica-lhe os méritos de Cristo. A esta modalidade de justificação, Lutero chama de “imputativa, forense, judiciária e não ontológica”. Não há regeneração e santificação real da alma humana. O homem é simultaneamente justo e pecador: pecador na realidade e justo na aparência que Deus dele faz; justo porque tem fé em Cristo, pecador porque não cumpre a lei e não está isento da concupiscência desregrada: “De modo nenhum nos condena o facto de sermos pecadores, contanto que desejemos ser justos... Convém, pois, permanecer nos pecados e gemer por nos libertarmos deles na esperança da misericórdia de Deus”[10].
A Teologia ensina que o sentir a concupiscência não é pecado se o cristão não lhe dá consentimento. Mas, em virtude de sua formação ockhamista, Lutero valorizava o sentir, mais do que o raciocínio, de modo que sentir a vontade, mesmo sem lhe consentir, já lhe parecia ser pecado.
Em síntese, Lutero julgava que a concupiscência desregrada é o próprio pecado original. Visto que aquela jamais se extingue no homem, segue-se que o pecado original não é apagado pelo Baptismo; por isto todo homem é corrupto e rejeitado pela santidade de Deus; em tudo o que ele faça (mesmo nas boas obras), ele peca; a vontade não é livre para praticar o bem. Donde se conclui que a justificação se faz unicamente pela fé, dom de Deus, sem colaboração activa do homem. Foi sobre este pano de fundo que sobreveio o episódio das indulgências.
Em síntese, Lutero julgava que a concupiscência desregrada é o próprio pecado original. Visto que aquela jamais se extingue no homem, segue-se que o pecado original não é apagado pelo Baptismo; por isto todo homem é corrupto e rejeitado pela santidade de Deus; em tudo o que ele faça (mesmo nas boas obras), ele peca; a vontade não é livre para praticar o bem. Donde se conclui que a justificação se faz unicamente pela fé, dom de Deus, sem colaboração activa do homem. Foi sobre este pano de fundo que sobreveio o episódio das indulgências.
As indulgências e a Reforma Protestante
A temática das indulgências é geralmente mal entendida e relatada por historiadores profanos que descrevem a reforma luterana. Aqui apresentaremos apenas os factos como se deram na época de Lutero, influindo sobre as atitudes do frade agostiniano.
Em 1514 teve origem na Alemanha uma situação pouco honesta. Com efeito, Alberto de Hohenzollem, com 24 anos de idade, foi nomeado Arcebispo de Magdeburgo (em Fevereiro) e Administrador Apostólico de Halberstadt (em Setembro). No ano seguinte, o cabido de Mogúncia elegeu-o para esta diocese primacial da Alemanha. Caso aceitasse a eleição, teria que renunciar às duas outras dioceses. Suplicou, porém, ao Papa Leão X que lhe permitisse acumular as três dioceses--o que não era oportuno para a vida pastoral dos diocesanos. Todavia, o Pontífice permitiu, por razões de conveniência ocasional, contanto que pagasse à Câmara Apostólica 10.000 ducados de ouro por tal dispensa, além dos 14.000 florins renanos já desembolsados para receber o palio (insígnia) de arcebispo e a confirmação pontifícia. Para pagar tal dívida, Alberto resolveu pedir emprestado ao banqueiro Tiago Függer, de Ausburgo, a quantia de 21.000 ducados e 500 florins, equivalente aproximadamente a 29.000 florins renanos.
A fim de conseguir reembolsar ao banqueiro, os príncipes eleitores Alberto e seu irmão Joaquim entenderam-se com a Cúria Romana no sentido de se promover a pregação de indulgências nas três dioceses de Alberto e no território de Brandenburgo submetido a Joaquim de Hochenzollern, sob a condição de que a metade do dinheiro arrecadado se destinasse à construção da basílica de São Pedro em Roma e a outra metade ficasse para Alberto, arcebispo de Mogúncia. Em Outubro de 1515 o Imperador Maximiliano interveio, exigindo durante três anos a contribuição de mil florins anuais em favor da igreja de São Tiago em Innsbrück.
A pregação dessas indulgências foi confiada ao frade dominicano João Tetzel, fervente pregador e de costumes íntegros, mas mais orador popular do que autêntico teólogo. Com retórica tratou de comover e convencer os fiéis a dar sua contribuição. Não vendia bulas papais que prometessem o perdão dos pecados, como se tem dito, mas soube usar de dialéctica abusiva e imprudente, o que, em parte, se compreende pelo facto de que o seu trabalho era controlado por funcionários do banqueiro Függer. Tetzel seguia as normas estabelecidas por Alberto de Mogúncia no libelo “Instructio Summaria pro Subcommissariis”. Deve-se confessar que todo esse plano de arrecadar dinheiro e as suas finalidades não merecem aprovação.
Quando a “Instructio Summaria” chegou às mãos de Martinho Lutero, este insurgiu-se “como um cavalo cego”, e protestou energicamente junto ao respectivo autor, Alberto de Mogúncia. Escreveu, indignado, uma carta de protesto ao arcebispo de Mogúncia, enviando-lhe também um exemplar das suas teses. A carta pedia que fosse retirada de circulação a “Instructio” e corrigido o modo de pregar as indulgências.
Diante da intransigência do Papa Leão X, Lutero confirma, desenvolve e endurece as suas posições. Tem início a Reforma. Em 1521, é declarado herético, mas já tem adeptos no seio do Império. Refugia-se junto de Frederico da Saxónia, traduz a Bíblia para alemão, casando-se em 1525. Numerosos discípulos vêm posteriormente apoiar a sua obra doutrinal. Publica em 1530 A Confissão de Augsburgo, carta do luteranismo que, em 1555, se torna oficial em certos Estados do império.
Os princípios da Reforma e as suas correntes não pararam de crescer por toda a Europa provocando o nascimento de numerosas “igrejas particulares”, por causa das divergências de doutrina, sendo as principais, a Igreja Luterana, fundada pelo próprio Lutero e a Igreja Reformada fundada por Calvino. Pode se dizer que as outras saíram destas duas: baptistas, metodistas, presbiteranas, pentecostais, adventistas; etc.
Em 1514 teve origem na Alemanha uma situação pouco honesta. Com efeito, Alberto de Hohenzollem, com 24 anos de idade, foi nomeado Arcebispo de Magdeburgo (em Fevereiro) e Administrador Apostólico de Halberstadt (em Setembro). No ano seguinte, o cabido de Mogúncia elegeu-o para esta diocese primacial da Alemanha. Caso aceitasse a eleição, teria que renunciar às duas outras dioceses. Suplicou, porém, ao Papa Leão X que lhe permitisse acumular as três dioceses--o que não era oportuno para a vida pastoral dos diocesanos. Todavia, o Pontífice permitiu, por razões de conveniência ocasional, contanto que pagasse à Câmara Apostólica 10.000 ducados de ouro por tal dispensa, além dos 14.000 florins renanos já desembolsados para receber o palio (insígnia) de arcebispo e a confirmação pontifícia. Para pagar tal dívida, Alberto resolveu pedir emprestado ao banqueiro Tiago Függer, de Ausburgo, a quantia de 21.000 ducados e 500 florins, equivalente aproximadamente a 29.000 florins renanos.
A fim de conseguir reembolsar ao banqueiro, os príncipes eleitores Alberto e seu irmão Joaquim entenderam-se com a Cúria Romana no sentido de se promover a pregação de indulgências nas três dioceses de Alberto e no território de Brandenburgo submetido a Joaquim de Hochenzollern, sob a condição de que a metade do dinheiro arrecadado se destinasse à construção da basílica de São Pedro em Roma e a outra metade ficasse para Alberto, arcebispo de Mogúncia. Em Outubro de 1515 o Imperador Maximiliano interveio, exigindo durante três anos a contribuição de mil florins anuais em favor da igreja de São Tiago em Innsbrück.
A pregação dessas indulgências foi confiada ao frade dominicano João Tetzel, fervente pregador e de costumes íntegros, mas mais orador popular do que autêntico teólogo. Com retórica tratou de comover e convencer os fiéis a dar sua contribuição. Não vendia bulas papais que prometessem o perdão dos pecados, como se tem dito, mas soube usar de dialéctica abusiva e imprudente, o que, em parte, se compreende pelo facto de que o seu trabalho era controlado por funcionários do banqueiro Függer. Tetzel seguia as normas estabelecidas por Alberto de Mogúncia no libelo “Instructio Summaria pro Subcommissariis”. Deve-se confessar que todo esse plano de arrecadar dinheiro e as suas finalidades não merecem aprovação.
Quando a “Instructio Summaria” chegou às mãos de Martinho Lutero, este insurgiu-se “como um cavalo cego”, e protestou energicamente junto ao respectivo autor, Alberto de Mogúncia. Escreveu, indignado, uma carta de protesto ao arcebispo de Mogúncia, enviando-lhe também um exemplar das suas teses. A carta pedia que fosse retirada de circulação a “Instructio” e corrigido o modo de pregar as indulgências.
Diante da intransigência do Papa Leão X, Lutero confirma, desenvolve e endurece as suas posições. Tem início a Reforma. Em 1521, é declarado herético, mas já tem adeptos no seio do Império. Refugia-se junto de Frederico da Saxónia, traduz a Bíblia para alemão, casando-se em 1525. Numerosos discípulos vêm posteriormente apoiar a sua obra doutrinal. Publica em 1530 A Confissão de Augsburgo, carta do luteranismo que, em 1555, se torna oficial em certos Estados do império.
Os princípios da Reforma e as suas correntes não pararam de crescer por toda a Europa provocando o nascimento de numerosas “igrejas particulares”, por causa das divergências de doutrina, sendo as principais, a Igreja Luterana, fundada pelo próprio Lutero e a Igreja Reformada fundada por Calvino. Pode se dizer que as outras saíram destas duas: baptistas, metodistas, presbiteranas, pentecostais, adventistas; etc.
Capítulo III
Porque somos Católico
Como é sabido, este movimento iniciado em 1517 foi-se desenvolvendo até aos dias de hoje, contando actualmente com mais de 40.000 denominações (igrejas) diferentes em todo o mundo. A partir de agora, iremos aprofundar alguns aspectos que provam o porquê de nós sermos Católicos e não Protestantes, tendo como base as diferenças doutrinais existentes e usando a Bíblia como “Testemunha” e como “Juiz”.
1º Aspecto: Somente a Bíblia basta (Sola Scriptura)
O Protestantismo está edificado sob a doutrina da Sola Scriptura. Esta expressão latina pode ser traduzida como “somente as Escrituras”, significando “somente a Bíblia basta”. O que os protestantes querem demonstrar pela Sola Scriptura é que a Bíblia, e apenas ela, é a única autoridade infalível para a fé de uma pessoa. Qualquer coisa só pode ser aceite se estiver prevista na Bíblia; o que não estiver lá, não pode ser aceite como verdadeiro e também não pode ser tido como obrigatório. É lógico que, dependendo da denominação (igreja) protestante avaliada, a definição de Sola Scriptura pode variar.
Todos aqueles que crêem na Sola Scriptura, citam esta passagem: “De facto, toda e Escritura é inspirada por Deus e adequada para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e esteja preparado para toda a boa obra” (2 Tim 3, 16-17).
Mas que Escritura havia no tempo de Paulo? Paulo morreu em aproximadamente 67 D. C., de forma que a segunda epístola a Timóteo (2 Tm) foi escrita antes desse ano. Existia o Novo Testamento nessa época? Não, não existia! Também sabemos que não existiu um Novo Testamento por centenas de anos após a redacção da 2 Carta a Timóteo. Assim, a única Escritura disponível para Paulo era o Antigo Testamento hebraico, bem como a sua tradução grega, chamada Septuaginta. Isto coloca-o na difícil situação de ter que aceitar os livros “deuterocanónicos” , que estavam na Septuaginta grega, usada pelos judeus de língua grega, e também pelo próprio Paulo. Lembramos que estes foram os sete livros rejeitados por Lutero (fundador do Protestantismo), 1500 anos depois: Sabedoria, Eclesiástico, Judite, Tobias, 1 Macabeus, 2 Macabeus e Baruc. Uma vez que todas estas traduções eram as únicas disponíveis para Paulo e ele disse que “Toda a Escritura é inspirada por Deus”, então estes sete livros foram inspirados por Deus, ou não? Recordamos que os Apóstolos usaram essa versão e ninguém questionou; o cânon (lista de livros inspirados por Deus) da Bíblia foi definida pela Igreja Católica no século IV e também ninguém questionou até ao século XVI; o mesmo Concílio que definiu o cânon do Antigo Testamento, definiu também o cânon do Novo Testamento. Assim, qual é a razão pela qual os protestantes não aceitam o cânon do Antigo Testamento definido no século IV e aceitam, por outro lado, todos os livros definidos para o Novo Testamento? Se não aceitam esses livros, quem poderia ter autoridade para removê-los? Recordamos que a Bíblia proíbe que se acrescente ou retire algo da Palavra de Deus e avisa para o perigo que daí possa advir.
Portanto, não se pode usar 2 Tim 3, 16-17 para justificar a Sola Scriptura, sem rejeitar todo o Novo Testamento, sendo também obrigados a aceitar aqueles sete livros como inspirados.
Porém, existem ainda outros pontos em que a crença na doutrina de que “somente a Bíblia basta”, acaba falhando. Se a Sola Scriptura é uma doutrina verdadeira, então:
Todos aqueles que crêem na Sola Scriptura, citam esta passagem: “De facto, toda e Escritura é inspirada por Deus e adequada para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e esteja preparado para toda a boa obra” (2 Tim 3, 16-17).
Mas que Escritura havia no tempo de Paulo? Paulo morreu em aproximadamente 67 D. C., de forma que a segunda epístola a Timóteo (2 Tm) foi escrita antes desse ano. Existia o Novo Testamento nessa época? Não, não existia! Também sabemos que não existiu um Novo Testamento por centenas de anos após a redacção da 2 Carta a Timóteo. Assim, a única Escritura disponível para Paulo era o Antigo Testamento hebraico, bem como a sua tradução grega, chamada Septuaginta. Isto coloca-o na difícil situação de ter que aceitar os livros “deuterocanónicos” , que estavam na Septuaginta grega, usada pelos judeus de língua grega, e também pelo próprio Paulo. Lembramos que estes foram os sete livros rejeitados por Lutero (fundador do Protestantismo), 1500 anos depois: Sabedoria, Eclesiástico, Judite, Tobias, 1 Macabeus, 2 Macabeus e Baruc. Uma vez que todas estas traduções eram as únicas disponíveis para Paulo e ele disse que “Toda a Escritura é inspirada por Deus”, então estes sete livros foram inspirados por Deus, ou não? Recordamos que os Apóstolos usaram essa versão e ninguém questionou; o cânon (lista de livros inspirados por Deus) da Bíblia foi definida pela Igreja Católica no século IV e também ninguém questionou até ao século XVI; o mesmo Concílio que definiu o cânon do Antigo Testamento, definiu também o cânon do Novo Testamento. Assim, qual é a razão pela qual os protestantes não aceitam o cânon do Antigo Testamento definido no século IV e aceitam, por outro lado, todos os livros definidos para o Novo Testamento? Se não aceitam esses livros, quem poderia ter autoridade para removê-los? Recordamos que a Bíblia proíbe que se acrescente ou retire algo da Palavra de Deus e avisa para o perigo que daí possa advir.
Portanto, não se pode usar 2 Tim 3, 16-17 para justificar a Sola Scriptura, sem rejeitar todo o Novo Testamento, sendo também obrigados a aceitar aqueles sete livros como inspirados.
Porém, existem ainda outros pontos em que a crença na doutrina de que “somente a Bíblia basta”, acaba falhando. Se a Sola Scriptura é uma doutrina verdadeira, então:
--O cânon da Bíblia (lista dos livros inspirados) deveria estar na Bíblia;
--Cada livro da Bíblia deveria auto autenticar-se;
--Os judeus deveriam acreditar na Sola Scriptura;
--A Própria Bíblia deveria ensinar que “somente a Bíblia basta”;
--Os primeiros cristãos deveriam ter professado a Sola Scriptura;
--Os analfabetos não poderiam obter a salvação;
--As Escrituras deveriam-se auto-explicar;
--Jesus deveria ter ensinado essa doutrina;
--Cada livro da Bíblia deveria auto autenticar-se;
--Os judeus deveriam acreditar na Sola Scriptura;
--A Própria Bíblia deveria ensinar que “somente a Bíblia basta”;
--Os primeiros cristãos deveriam ter professado a Sola Scriptura;
--Os analfabetos não poderiam obter a salvação;
--As Escrituras deveriam-se auto-explicar;
--Jesus deveria ter ensinado essa doutrina;
Contudo, nenhum dos requesitos acima referidos é verdadeiro.
Aspectos sobre a Tradição Oral
A Bíblia utilizada pelos protestantes é uma só; em Português, vem a ser a tradução de Ferreira de Almeida. Perguntamos nós:
--Então porque é que não concordam entre si no tocante a pontos importantes?
--Porque não constituem uma só comunidade cristã em vez serem milhares de igrejas separadas (e até hostis) entre si?
--Porque não constituem uma só comunidade cristã em vez serem milhares de igrejas separadas (e até hostis) entre si?
A razão é que, além da Bíblia, seguem outra fonte de fé e disciplinar à qual se dá o nome de Tradição Oral. Ao passo que a Tradição Oral do Catolicismo começa com Cristo e os Apóstolos, as tradições orais dos protestantes começam com Lutero (1517), Calvino (1541), Knox (1541), Wesley (1739), Joseph Smith (1830) e como já referimos anteriormente, actualmente existem mais de 40.000 denominações (igrejas) protestantes. Entre Cristo e os Apóstolos de um lado, e os fundadores protestantes do outro, não há como hesitar: só se pode optar pelos ensinamentos de Cristo e dos Apóstolos, deixando de lado os “profetas” posteriores.
Notemos que o próprio texto da Bíblia recomenda a Tradição Oral, isto é, a Palavra de Deus que não foi consignada na Bíblia e que deve ser respeitada como norma de Fé. Aqui ficam alguns exemplos que dão razão à Igreja Católica em aceitar a Tradição Oral:
“Por este motivo é que suporto também esta situação. Mas não me envergonho, pois sei em quem acreditei e estou persuadido de que Ele tem poder para guardar, até àquele dia, o bem que me foi confiado. Toma como modelo as sãs palavras que ouviste de mim, na fé e no Amor de Cristo Jesus. Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado” (2 Tim 1, 12-14). Neste texto em particular, vê-se que o precioso bem é a doutrina que São Paulo fez ouvir a Timóteo, e que Paulo, por sua vez, recebeu de Cristo. Tal é a linha pela qual passa a doutrina: Cristo— Paulo— Timóteo. Mas a linha continua: “Quanto de mim ouviste, na presença de muitas testemunhas, transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de o ensinar também a outros” (2 Tim 2, 2). Temos então a seguinte sucessão de portadores e transmissores da Palavra: O Pai— Cristo – Paulo (Os Apóstolos) — Timóteo (Os Discípulos imediatos dos Apóstolos) — Os fiéis— Os outros fiéis. Podemos continuar, referindo ainda outras passagens: “Portanto, irmãos, estai firmes e conservai as tradições nas quais fostes instruídos por nós, por palavra ou por carta” (2 Tess 2, 15); “Apesar de ter muitas coisas a escrever-vos, não quis fazê-lo com papel e tinta, mas espero ir ter convosco e falar de viva voz, para que a nossa alegria seja completa.” (2 Jo 1, 12); “Tinha muitas coisas para te escrever, mas não quero fazê-lo com tinta e pena. Espero ver-te em breve e então falaremos de viva voz” (3 Jo 1, 13-14).
Desta forma, a própria Escritura atesta a existência de autênticas proposições de Cristo a ser transmitidas por via meramente oral de geração em geração, sem que os cristãos tenham o direito de as menosprezar ou retocar. A Igreja Católica é a guardiã fiel dessa Palavra de Deus oral e escrita.
Contudo, os protestantes podem contestar dizendo: mas tudo o que é humano deteriora-se e estraga-se. Por isso, a Igreja deve ter deteriorado e deturpado a Palavra de Deus; quem garante que esta ficou intacta através de vinte séculos na Igreja Católica? Quem o garante é o próprio Cristo, que prometeu a sua assistência infalível a Pedro e as luzes do Espírito Santo a todos os seus Apóstolos, isto é, à sua Igreja. Aqui ficam algumas passagens que comprovam aquilo que foi dito: “Fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse” (Jo 14, 25-26); «“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos-á o que há-de vir. Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que eu disse: “Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer”» (Jo 16, 12-15).
Não faria sentido o sacrifício de Cristo na Cruz se a mensagem pregada por Jesus fosse entregue ao léu ou às opiniões subjectivas dos homens, sem garantia de fidelidade através dos séculos. Esta garantia é-nos dada pelo próprio Jesus Cristo quando diz aos seus Apóstolos: “Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até aos fins dos tempos” (Mt 28, 18-20). Outro exemplo da presença de Cristo junto à sua Igreja é-nos transmitido desta maneira: “ Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam” (Mc 16, 19-20).
Outra prova de que só a Bíblia não chega, é a de que os seus autores sagrados não expuseram todos os ensinamentos de Jesus por escrito, como atestam algumas passagens: “Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele” (Jo 20, 30-31); “Há ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que o mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever” (Jo 21, 25).
Conclusão sobre a Sola Scriptura
Aqueles que crêem na Sola Scriptura, nunca compreenderão e jamais encontrarão a verdade. Eles edificam as suas crenças sobre a fundação de areia da Sola Scriptura e não sobre a rocha. A fundação de areia é insegura e instável. Não importa quantos remendos façam, mas o seu edifício de fé jamais será sólido e irá constantemente balançar conforme o vento e a água for levando a fundação de areia sobre a qual construíram sua fé. Gastarão todos os seus dias tentando provar em vão esta ou aquela crença, a partir da Bíblia. Uma denominação provará pela Bíblia que Jesus Cristo era divino mas não humano enquanto outra provará, pela mesma Bíblia, que Ele era humano mas não divino. A falsa doutrina da Sola Scriptura criada pelo homem simplesmente não funciona e jamais funcionará.
A doutrina da Sola Scriptura surgiu em cena apenas na época da Reforma Protestante (Século XVI). Não existia, nem poderia existir, antes da invenção da imprensa, quando as Bíblias finalmente se tornaram disponíveis a um baixo custo e em abundância para as massas populares. A doutrina da Sola Scriptura é anti bíblica, como foi demonstrado e não é histórica antes da Reforma, sendo impraticável. Esta falsa doutrina da Sola Scriptura e a “interpretação individual” da Bíblia (proibida pela própria Escritura em 2 Ped 1,20) são a principal causa da fragmentação do Corpo de Cristo no Protestantismo.
Notemos que o próprio texto da Bíblia recomenda a Tradição Oral, isto é, a Palavra de Deus que não foi consignada na Bíblia e que deve ser respeitada como norma de Fé. Aqui ficam alguns exemplos que dão razão à Igreja Católica em aceitar a Tradição Oral:
“Por este motivo é que suporto também esta situação. Mas não me envergonho, pois sei em quem acreditei e estou persuadido de que Ele tem poder para guardar, até àquele dia, o bem que me foi confiado. Toma como modelo as sãs palavras que ouviste de mim, na fé e no Amor de Cristo Jesus. Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado” (2 Tim 1, 12-14). Neste texto em particular, vê-se que o precioso bem é a doutrina que São Paulo fez ouvir a Timóteo, e que Paulo, por sua vez, recebeu de Cristo. Tal é a linha pela qual passa a doutrina: Cristo— Paulo— Timóteo. Mas a linha continua: “Quanto de mim ouviste, na presença de muitas testemunhas, transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de o ensinar também a outros” (2 Tim 2, 2). Temos então a seguinte sucessão de portadores e transmissores da Palavra: O Pai— Cristo – Paulo (Os Apóstolos) — Timóteo (Os Discípulos imediatos dos Apóstolos) — Os fiéis— Os outros fiéis. Podemos continuar, referindo ainda outras passagens: “Portanto, irmãos, estai firmes e conservai as tradições nas quais fostes instruídos por nós, por palavra ou por carta” (2 Tess 2, 15); “Apesar de ter muitas coisas a escrever-vos, não quis fazê-lo com papel e tinta, mas espero ir ter convosco e falar de viva voz, para que a nossa alegria seja completa.” (2 Jo 1, 12); “Tinha muitas coisas para te escrever, mas não quero fazê-lo com tinta e pena. Espero ver-te em breve e então falaremos de viva voz” (3 Jo 1, 13-14).
Desta forma, a própria Escritura atesta a existência de autênticas proposições de Cristo a ser transmitidas por via meramente oral de geração em geração, sem que os cristãos tenham o direito de as menosprezar ou retocar. A Igreja Católica é a guardiã fiel dessa Palavra de Deus oral e escrita.
Contudo, os protestantes podem contestar dizendo: mas tudo o que é humano deteriora-se e estraga-se. Por isso, a Igreja deve ter deteriorado e deturpado a Palavra de Deus; quem garante que esta ficou intacta através de vinte séculos na Igreja Católica? Quem o garante é o próprio Cristo, que prometeu a sua assistência infalível a Pedro e as luzes do Espírito Santo a todos os seus Apóstolos, isto é, à sua Igreja. Aqui ficam algumas passagens que comprovam aquilo que foi dito: “Fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse” (Jo 14, 25-26); «“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos-á o que há-de vir. Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que eu disse: “Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer”» (Jo 16, 12-15).
Não faria sentido o sacrifício de Cristo na Cruz se a mensagem pregada por Jesus fosse entregue ao léu ou às opiniões subjectivas dos homens, sem garantia de fidelidade através dos séculos. Esta garantia é-nos dada pelo próprio Jesus Cristo quando diz aos seus Apóstolos: “Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até aos fins dos tempos” (Mt 28, 18-20). Outro exemplo da presença de Cristo junto à sua Igreja é-nos transmitido desta maneira: “ Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam” (Mc 16, 19-20).
Outra prova de que só a Bíblia não chega, é a de que os seus autores sagrados não expuseram todos os ensinamentos de Jesus por escrito, como atestam algumas passagens: “Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele” (Jo 20, 30-31); “Há ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que o mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever” (Jo 21, 25).
Conclusão sobre a Sola Scriptura
Aqueles que crêem na Sola Scriptura, nunca compreenderão e jamais encontrarão a verdade. Eles edificam as suas crenças sobre a fundação de areia da Sola Scriptura e não sobre a rocha. A fundação de areia é insegura e instável. Não importa quantos remendos façam, mas o seu edifício de fé jamais será sólido e irá constantemente balançar conforme o vento e a água for levando a fundação de areia sobre a qual construíram sua fé. Gastarão todos os seus dias tentando provar em vão esta ou aquela crença, a partir da Bíblia. Uma denominação provará pela Bíblia que Jesus Cristo era divino mas não humano enquanto outra provará, pela mesma Bíblia, que Ele era humano mas não divino. A falsa doutrina da Sola Scriptura criada pelo homem simplesmente não funciona e jamais funcionará.
A doutrina da Sola Scriptura surgiu em cena apenas na época da Reforma Protestante (Século XVI). Não existia, nem poderia existir, antes da invenção da imprensa, quando as Bíblias finalmente se tornaram disponíveis a um baixo custo e em abundância para as massas populares. A doutrina da Sola Scriptura é anti bíblica, como foi demonstrado e não é histórica antes da Reforma, sendo impraticável. Esta falsa doutrina da Sola Scriptura e a “interpretação individual” da Bíblia (proibida pela própria Escritura em 2 Ped 1,20) são a principal causa da fragmentação do Corpo de Cristo no Protestantismo.
2º Aspecto: Contradições
O facto de que não seguem somente a Bíblia, explica as contradições dos protestantes:
--Algumas igrejas baptizam crianças, enquanto outras não;
--Algumas observam o Domingo, outras o Sábado;
--Algumas têm bispos, outras não;
--Algumas têm hierarquias, outras não, entregando o governo da comunidade à própria congregação;
--Algumas fazem cálculos precisos para definir a data do fim do mundo (o que para elas é essencial), outras não se preocupam com isso;
--Algumas pregam que, após a morte, os fiéis estarão inconscientes até à vinda de Cristo quando serão julgados, outros pregam o “arrebatamento” sem julgamento. Uns defendem que após a morte já vem o céu e o inferno, outros, no quarteirão a seguir, defendem que o inferno não existe.
--Algumas observam o Domingo, outras o Sábado;
--Algumas têm bispos, outras não;
--Algumas têm hierarquias, outras não, entregando o governo da comunidade à própria congregação;
--Algumas fazem cálculos precisos para definir a data do fim do mundo (o que para elas é essencial), outras não se preocupam com isso;
--Algumas pregam que, após a morte, os fiéis estarão inconscientes até à vinda de Cristo quando serão julgados, outros pregam o “arrebatamento” sem julgamento. Uns defendem que após a morte já vem o céu e o inferno, outros, no quarteirão a seguir, defendem que o inferno não existe.
Vê-se, assim, que a mensagem bíblica é relida e reinterpretada diversamente pelos diversos fundadores dos ramos protestantes, dando origem a tradições diferentes.
Ademais, todos os protestantes dizem que a Bíblia contêm 39 livros do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento, baseando-se, não na própria Bíblia (que não define o seu catálogo), mas unicamente na tradição oral dos judeus de Jâmnia, reunidos em Sínodo no ano 100 D. C. Todos os protestantes firmam que tais livros são inspirados por Deus, baseando-se, não na Bíblia (que não o diz), mas unicamente na tradição oral. Onde está, pois, a coerência dos protestantes, já que estes não aceitam a Tradição Oral?
Como já foi dito, existem no mundo de hoje mais de 40.000 igrejas evangélicas. Como se explica estas divisões? Cada uma afirma deter a verdade, “como o Espírito Santo a comunicou”. São 40.000 Espíritos Santos revelando cada verdade? Ou existe apenas um Espírito Santo revelando uma verdade diferente para cada uma delas? Jesus Cristo disse: “Haverá um só Pastor e um só Rebanho” (João 10, 16). Ele não disse que haveria 40.000 pastores com um só rebanho. Como se explica a razão de existir 40.000 divisões no Protestantismo?
Ademais, todos os protestantes dizem que a Bíblia contêm 39 livros do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento, baseando-se, não na própria Bíblia (que não define o seu catálogo), mas unicamente na tradição oral dos judeus de Jâmnia, reunidos em Sínodo no ano 100 D. C. Todos os protestantes firmam que tais livros são inspirados por Deus, baseando-se, não na Bíblia (que não o diz), mas unicamente na tradição oral. Onde está, pois, a coerência dos protestantes, já que estes não aceitam a Tradição Oral?
Como já foi dito, existem no mundo de hoje mais de 40.000 igrejas evangélicas. Como se explica estas divisões? Cada uma afirma deter a verdade, “como o Espírito Santo a comunicou”. São 40.000 Espíritos Santos revelando cada verdade? Ou existe apenas um Espírito Santo revelando uma verdade diferente para cada uma delas? Jesus Cristo disse: “Haverá um só Pastor e um só Rebanho” (João 10, 16). Ele não disse que haveria 40.000 pastores com um só rebanho. Como se explica a razão de existir 40.000 divisões no Protestantismo?
3º Aspecto: Deterioração da Bíblia
Em relação a este aspecto, convém dizer que a Bíblia é difícil de ser compreendida, mas fácil de ser distorcida, como nos ensina São Pedro numa das suas cartas: “Portanto, caríssimos, enquanto esperais estes acontecimentos, esmerai-vos para que Ele vos encontre imaculados, irrepreensíveis e em paz. Considerai que a paciência de Nosso Senhor é para nossa salvação. Nesta ordem de ideias, escreveu-vos também o nosso caríssimo irmão Paulo, segundo a sabedoria que lhe foi concedida. E assim fala em todas as Cartas em que trata destes temas; há nelas alguns temas difíceis, que os ignorantes e pouco firmes deturpam, como fazem às restantes Escrituras, para sua própria perdição” (2 Pe 3, 14-16).
O facto de os intérpretes protestantes só quererem seguir a Bíblia ( que na realidade é inseparável da tradição oral, que a precedeu e a acompanha desde sempre, como já ficou provado), tem como consequência o subjectivismo. Enquanto uns entram pelos caminhos do racionalismo, e vêem a ser os mais ousados destruidores ou roedores das Sagradas Escrituras, como é o caso de Bultmann, Marxsen, Harnack, outros preferem adoptar cegamente o sentido literal. Em ambos os casos, a genuína mensagem bílbica, vai-se distorcendo ao sabor da defesa dos ideais pessoais de cada um. É bom recordar que a própria Bíblia condena as interpretações particulares. Vejamos: “Mas, antes de tudo, tende presente que ninguém pode interpretar por si mesmo uma profecia da Escritura, porque jamais uma profecia foi proferida pela vontade de um homem; mas, sendo movidos pelo Espírito Santo é que certos homens falaram da parte de Deus” (2 Pe 1, 20-21).
Para interpretar a Bíblia, são necessários instrutores autorizados, como atesta o livro dos Actos dos Apóstolos: “O Anjo do Senhor falou a Filipe e disse-lhe: «Põe-te a caminho e dirige-te para o Sul, pela estrada que desce de Jerusalém para Gaza, a qual se encontra deserta.» Ele pô-se a caminho e foi para lá. Ora, um etíope, eunuco e alto funcionário da Rainha Candace, da Etiópia, e superintendente de todos os seus tesouros, que tinha ido em peregrinação a Jerusalém, regressava, na mesma altura, sentado no seu carro, a ler o profeta Isaías. O Espírito disse a Filipe:« Vai e acompanha aquele carro.» Filipe, acorrendo, ouviu o etíope a ler o profeta Isaías e perguntou-lhe: «Compreendes , verdadeiramente , o que estás a ler?» Respondeu ele: «E como poderei compreender sem alguém que me oriente?» E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto dele” (Act 8, 26-3).
Ora, os instrutores , são aqueles que pertencem à única Igreja de Cristo, que é Católica (universal), como é o caso de Filipe, porque é a única Igreja “movida pelo Espírito Santo”, sendo São Paulo a esclarecer-nos de uma forma bem clara sobre a autenticidade da Igreja numa das suas cartas: “Escrevo-te estas coisa, na esperança de ir ter contigo em breve. Porém, eu quero que saibas como deves proceder na casa de Deus, esta Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade” (1 Tim 3, 14-15).
O facto de os intérpretes protestantes só quererem seguir a Bíblia ( que na realidade é inseparável da tradição oral, que a precedeu e a acompanha desde sempre, como já ficou provado), tem como consequência o subjectivismo. Enquanto uns entram pelos caminhos do racionalismo, e vêem a ser os mais ousados destruidores ou roedores das Sagradas Escrituras, como é o caso de Bultmann, Marxsen, Harnack, outros preferem adoptar cegamente o sentido literal. Em ambos os casos, a genuína mensagem bílbica, vai-se distorcendo ao sabor da defesa dos ideais pessoais de cada um. É bom recordar que a própria Bíblia condena as interpretações particulares. Vejamos: “Mas, antes de tudo, tende presente que ninguém pode interpretar por si mesmo uma profecia da Escritura, porque jamais uma profecia foi proferida pela vontade de um homem; mas, sendo movidos pelo Espírito Santo é que certos homens falaram da parte de Deus” (2 Pe 1, 20-21).
Para interpretar a Bíblia, são necessários instrutores autorizados, como atesta o livro dos Actos dos Apóstolos: “O Anjo do Senhor falou a Filipe e disse-lhe: «Põe-te a caminho e dirige-te para o Sul, pela estrada que desce de Jerusalém para Gaza, a qual se encontra deserta.» Ele pô-se a caminho e foi para lá. Ora, um etíope, eunuco e alto funcionário da Rainha Candace, da Etiópia, e superintendente de todos os seus tesouros, que tinha ido em peregrinação a Jerusalém, regressava, na mesma altura, sentado no seu carro, a ler o profeta Isaías. O Espírito disse a Filipe:« Vai e acompanha aquele carro.» Filipe, acorrendo, ouviu o etíope a ler o profeta Isaías e perguntou-lhe: «Compreendes , verdadeiramente , o que estás a ler?» Respondeu ele: «E como poderei compreender sem alguém que me oriente?» E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto dele” (Act 8, 26-3).
Ora, os instrutores , são aqueles que pertencem à única Igreja de Cristo, que é Católica (universal), como é o caso de Filipe, porque é a única Igreja “movida pelo Espírito Santo”, sendo São Paulo a esclarecer-nos de uma forma bem clara sobre a autenticidade da Igreja numa das suas cartas: “Escrevo-te estas coisa, na esperança de ir ter contigo em breve. Porém, eu quero que saibas como deves proceder na casa de Deus, esta Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade” (1 Tim 3, 14-15).
4º Aspecto: Afinal a Bíblia…Sim ou Não?
Existem passagens na Bíblia, que os fundadores do protestantismo no século XVI não aceitavam como tais; por isso continuam a ser desviadas do seu destino original muito evidente:
Sobre a Eucaristia:
Jesus disse claramente: “Tomai e comei: Isto é o meu corpo” (Mt 26, 26); e ainda: “Isto é o meu sangue “ (Mc 14, 24); Ele disse ainda: “«Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a Minha carne, pela vida do mundo.» Então, os judeus, exaltados, puseram-se a discutir entre si, dizendo: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?!» Disse-lhes Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem realmente come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia, porque a Minha carne é uma verdadeira comida e o Meu sangue, uma verdadeira bebida. Quem realmente come a Minha carne e bebe o Meu sangue fica a morar em Mim e Eu nele…Depois de O ouvirem, muitos dos seus discípulos disseram: «Que palavras insuportáveis! Quem pode entender isto?» …A partir daí, muitos dos seus discípulos voltavam para trás e já não andavam com Ele. Então Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?» Respondeu-lhe Simão Pedro: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna»” (Jo 6, 51-68).
Se é assim, porque é que os “seguidores da Bíblia” não aceitam a real presença de Cristo no pão e no vinho consagrados? Recordemos que Ele mandou: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22, 19).
Se é assim, porque é que os “seguidores da Bíblia” não aceitam a real presença de Cristo no pão e no vinho consagrados? Recordemos que Ele mandou: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22, 19).
Sobre a Igreja:
Jesus disse que edificaria a Sua Igreja: “A minha Igreja “ (Mateus 16, 18) sobre Pedro. As igrejas protestantes são constituídas sobre Lutero, Calvino, Knox, Wesley, etc. Antes desses fundadores, que são dos séculos XVI, e dos mais de 40 mil fundadores existentes actualmente, não existia o luteranismo, o calvinismo (presbiterianismo), o metodismo, o mormonismo, o adventismo, o pentescostialismo, etc. Entre Cristo e estas igrejas há um grande intervalo (1500 anos ou mais). Somente a Igreja Católica remonta até Cristo.
A Igreja Católica é o conjunto das comunidades e a fé em Jesus e a força do Espírito são as duas fontes da vida da Igreja. Vejamos este exemplo que fala claramente da unidade da Igreja desde os primeiros tempos: “ E a Igreja vivia em paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela edificava-se e progredia no temor do Senhor, e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo” (Act 9, 31).
É esta a união desejada por Jesus, como fica comprovado nesta passagem:
“Assim como Tu me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo, e por eles totalmente me entrego, para que também eles fiquem a ser teus inteiramente, por meio da Verdade. Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim” (Jo 17, 18-23).
Sabemos bem, como já ficou provado anteriormente, que os protestantes não estão unidos pela mesma doutrina, o que deixa bem claro que não seguem a vontade de Jesus.
A Igreja Católica é o conjunto das comunidades e a fé em Jesus e a força do Espírito são as duas fontes da vida da Igreja. Vejamos este exemplo que fala claramente da unidade da Igreja desde os primeiros tempos: “ E a Igreja vivia em paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela edificava-se e progredia no temor do Senhor, e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo” (Act 9, 31).
É esta a união desejada por Jesus, como fica comprovado nesta passagem:
“Assim como Tu me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo, e por eles totalmente me entrego, para que também eles fiquem a ser teus inteiramente, por meio da Verdade. Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim” (Jo 17, 18-23).
Sabemos bem, como já ficou provado anteriormente, que os protestantes não estão unidos pela mesma doutrina, o que deixa bem claro que não seguem a vontade de Jesus.
Sobre o primado de Pedro:
Jesus disse ao Apóstolo Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja[11]” (Mt 16, 18); Disse ainda mais a Pedro: “Simão, Simão, olha que Satanás pediu para vos joeirar como trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desapareça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos” (Lc 22, 31-32); E ainda: “apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17). Apesar de tão explícitas, as palavras de Jesus, os protestantes não reconhecem o Primado de Pedro (1º Papa). Porque será?
Recordemos que desde o inicio da Igreja, Pedro foi o seu principal pregador e defensor da sã doutrina:
“De pé, com os Onze, Pedro ergueu a voz e dirigiu-lhes então estas palavras:«Homens da Judeia e todos vós que residis em Jerusalém, ficai sabendo isto e prestai atenção às minhas palavras...” (Act 2, 14-41).
Outros exemplos: Act 3, 12-26; Act 4, 8-12
Recordemos que desde o inicio da Igreja, Pedro foi o seu principal pregador e defensor da sã doutrina:
“De pé, com os Onze, Pedro ergueu a voz e dirigiu-lhes então estas palavras:«Homens da Judeia e todos vós que residis em Jerusalém, ficai sabendo isto e prestai atenção às minhas palavras...” (Act 2, 14-41).
Outros exemplos: Act 3, 12-26; Act 4, 8-12
Recordemos que ainda hoje, é o sucessor de Pedro (Papa) a ter a última palavra em termos de fé. Só assim a Igreja poderia permanecer unida no mundo inteiro por 2000 anos, como é vontade do seu fundador, Jesus Cristo. E a contínua assistência do Espírito Santo na Igreja faz com que esta chegue à verdade completa: “Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa” (Jo 16, 13), evitando assim toda e qualquer divisão entre os fiéis, como acontece com os protestantes.
Sobre o perdão dos pecados:
Jesus entregou aos Apóstolos a faculdade de perdoar ou não perdoar os pecados—o que supõe a confissão dos mesmos, para que o ministro (padre), possa discernir e agir em nome de Jesus: “ Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos” (Jo 20, 23). Podemos ainda referir Mt, 16, 19 e Mt 18, 18, onde Jesus dá, primeiro a Pedro, o poder de “ligar e desligar” a Terra e o Céu, e depois aos restantes Apóstolos. Apesar disto, os protestantes não aceitam os sacramentos da confissão, do perdão e da reconciliação.
Sobre o celibato e virgindade:
A Igreja Católica valoriza a vocação para o celibato, assim como para o matrimónio, ambas igualmente santas, desde que sejam vividas com amor e como uma consagração a Deus.
A Igreja reconhece que a exigência do celibato dos padres não é lei divina, mas ecclesial, que em circunstâncias especiais poderia ser abolida, mas opta pela maior perfeição, já que por este motivo os Apóstolos de Jesus deixaram a convivência matrimonial e familiar, para se poder propagar melhor o reino de Deus. Conferir na Bíblia: “Disse-lhe Pedro: «Nós deixámos os próprios bens e seguimos-te.»Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: Não há ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais ou filhos por causa do Reino de Deus, que não receba muito mais no tempo presente e, no tempo que há-de vir, a vida eterna»” (Lc 18, 28-30).
Assumindo livremente o celibato, o sacerdote imita os Apóstolos e a Jesus. Na passagem seguinte, Jesus explica que existem várias situações que levam ao celibato: “Os discípulos disseram a Jesus: «Se é essa a situação do homem perante a mulher, não é conveniente casar-se!» Respondeu-lhes Jesus: «Nem todos compreendem esta linguagem, mas apenas aqueles a quem isso é dado a conhecer. Há eunucos que nasceram assim do seio materno, há os que se tornaram eunucos pela interferência dos homens, e há aqueles que se fizeram eunucos a si mesmos, por amor do Reino do Céu, Quem puder compreender, compreenda»” (Mt 19, 10-12).
São Paulo, referindo-se ao seu elevado entendimento da mensagem cristã, recomenda a vida una e indivisa para certos homens e mulheres: “A respeito de quem é solteiro, não tenho nenhum preceito do Senhor, mas dou um conselho, como homem que, pela misericórdia do Senhor, é digno de confiança. Julgo, pois, que essa condição é boa, por causa das angústias presentes; sim, é bom para o homem continuar assim. Estás comprometido com uma mulher? Não procures romper o vínculo. Não estás comprometido? Não procures mulher. Todavia, se te casares, não pecas; e se uma virgem se casar, também não peca. Mas estes terão se suportar as tribulações corporais e eu quisera poupar-vos a elas…Eu quisera que estivésseis livres de preocupações. Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e de como há-de agradar ao Senhor. Mas aquele que tem esposa, cuida das coisas do mundo e de como há-de agradar à mulher ficando dividido. Também a mulher não casada, tal como a virgem, cuidam das coisas do Senhor, para serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo, e de como há-de agradar ao marido. Digo-vos isto para vosso bem, não para vos armar uma cilada, mas visando o que é mais nobre e favoreça uma dedicação ao Senhor, sem partilha” (1 Cor 7, 25-35). Ora, os protestantes nunca citam tal texto, quando se referem ao celibato e à virgindade consagrada a Deus. É estranho, dado que eles querem em tudo seguir a Bíblia.
Perguntamos nós: será possível suportar as tentações carnais? Claro. Pois se não fosse, nada daquilo que foi dito anteriormente faria sentido. Além disso, “Nada é impossível a Deus” (Lc 1, 37) e “Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças, mas, com a tentação, vos dará os meios de sair dela e a força para a suportar” (1 Cor 10, 13).
O celibato tem uma tríplice dimensão:
A Igreja reconhece que a exigência do celibato dos padres não é lei divina, mas ecclesial, que em circunstâncias especiais poderia ser abolida, mas opta pela maior perfeição, já que por este motivo os Apóstolos de Jesus deixaram a convivência matrimonial e familiar, para se poder propagar melhor o reino de Deus. Conferir na Bíblia: “Disse-lhe Pedro: «Nós deixámos os próprios bens e seguimos-te.»Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: Não há ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais ou filhos por causa do Reino de Deus, que não receba muito mais no tempo presente e, no tempo que há-de vir, a vida eterna»” (Lc 18, 28-30).
Assumindo livremente o celibato, o sacerdote imita os Apóstolos e a Jesus. Na passagem seguinte, Jesus explica que existem várias situações que levam ao celibato: “Os discípulos disseram a Jesus: «Se é essa a situação do homem perante a mulher, não é conveniente casar-se!» Respondeu-lhes Jesus: «Nem todos compreendem esta linguagem, mas apenas aqueles a quem isso é dado a conhecer. Há eunucos que nasceram assim do seio materno, há os que se tornaram eunucos pela interferência dos homens, e há aqueles que se fizeram eunucos a si mesmos, por amor do Reino do Céu, Quem puder compreender, compreenda»” (Mt 19, 10-12).
São Paulo, referindo-se ao seu elevado entendimento da mensagem cristã, recomenda a vida una e indivisa para certos homens e mulheres: “A respeito de quem é solteiro, não tenho nenhum preceito do Senhor, mas dou um conselho, como homem que, pela misericórdia do Senhor, é digno de confiança. Julgo, pois, que essa condição é boa, por causa das angústias presentes; sim, é bom para o homem continuar assim. Estás comprometido com uma mulher? Não procures romper o vínculo. Não estás comprometido? Não procures mulher. Todavia, se te casares, não pecas; e se uma virgem se casar, também não peca. Mas estes terão se suportar as tribulações corporais e eu quisera poupar-vos a elas…Eu quisera que estivésseis livres de preocupações. Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e de como há-de agradar ao Senhor. Mas aquele que tem esposa, cuida das coisas do mundo e de como há-de agradar à mulher ficando dividido. Também a mulher não casada, tal como a virgem, cuidam das coisas do Senhor, para serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo, e de como há-de agradar ao marido. Digo-vos isto para vosso bem, não para vos armar uma cilada, mas visando o que é mais nobre e favoreça uma dedicação ao Senhor, sem partilha” (1 Cor 7, 25-35). Ora, os protestantes nunca citam tal texto, quando se referem ao celibato e à virgindade consagrada a Deus. É estranho, dado que eles querem em tudo seguir a Bíblia.
Perguntamos nós: será possível suportar as tentações carnais? Claro. Pois se não fosse, nada daquilo que foi dito anteriormente faria sentido. Além disso, “Nada é impossível a Deus” (Lc 1, 37) e “Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças, mas, com a tentação, vos dará os meios de sair dela e a força para a suportar” (1 Cor 10, 13).
O celibato tem uma tríplice dimensão:
--Dimensão cristológica: porque os vocacionados querem melhor e em tudo, imitar ao seu Senhor que nunca casou;
--Dimensão eclesiológica: “…e há eunucos (aqueles que não se casam), que se fizeram eunucos a si mesmos, por amor do Reino do Céu” (Mt 19, 12);
--Dimensão escatológica: “Estes são os que não se perverteram com mulheres, porque são virgens; estes são os que seguem o Cordeiro para toda a parte. Foram resgatados, como primícias da humanidade, para Deus e para o Cordeiro” (Ap 14, 4).
--Dimensão eclesiológica: “…e há eunucos (aqueles que não se casam), que se fizeram eunucos a si mesmos, por amor do Reino do Céu” (Mt 19, 12);
--Dimensão escatológica: “Estes são os que não se perverteram com mulheres, porque são virgens; estes são os que seguem o Cordeiro para toda a parte. Foram resgatados, como primícias da humanidade, para Deus e para o Cordeiro” (Ap 14, 4).
Quando Jesus formava o seu ministério, ele dizia aos Apóstolos: “Larguem tudo e sigam-me.” Ora, sabemos que os Apóstolos não levaram mulheres, filhos e bens materiais para seguir Jesus. Podemos ainda referir mais uma vez que, a Igreja Católica, valoriza tanto a vocação para o celibato, como para o matrimónio, ambas igualmente santas, desde que sejam vividas com amor e como uma consagração a Deus.
Sobre a Fé e as Obras:
A posição dos protestantes é esta: só a fé em Jesus Cristo salva; basta aceitá-lo como Senhor e salvador da sua vida. Os Católicos referem que para se salvar, é preciso a fé e as obras, que são o amor para com Deus e para com o Próximo. Vejamos o que nos diz a Bíblia:
“Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver a caridade, nada sou.” (1 Cor 13, 2);
“Afinal, com a tua dureza e o teu coração impenitente, estás a acumular ira sobre ti, para o dia da ira e do justo julgamento de Deus, que retribuirá a cada um conforme as suas obras.” (Rom 5, 6);
“De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome», mais não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim, também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta. Mais ainda: poderá alguém alegar sensatamente: «Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé. Tu crês que há um só Deus? Fazes bem. Também o crêem os demónios, mas enchem-se de terror…Assim como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta.” (Tg 2, 14-26);
“Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos.O Rei dirá, então, aos da sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo.Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me,estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo. Então, os justos vão responder-lhe: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: ‘Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes. Em seguida dirá aos da esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me.’ Por sua vez, eles perguntarão: ‘Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?’ Ele responderá, então: ‘Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.’ Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna” ( Mt 25, 31-46).
Achamos que é por demais evidente a vontade Deus. E o leitor? Então por que é que os protestantes dão mais valor à fé do que às obras? È o que veremos de seguida.
Ora, os prostestantes baseiam-se em Romanos 3, 28 que diz assim: “Pois estamos convencidos de que é pela fé que o homem é justificado, independentemente as obras da Lei”.
Esclarecimento: Paulo escreve aos Romanos, que eram pagãos, acostumados a adorar ídolos ou falsos deuses. Por isso, acentua a importância e a necessidade de uma fé total em Cristo, mas não exclui as obras como necessárias para a salvação. Pela expressão “obras da Lei”, Paulo fala de certas observâncias judaicas, como a circuncisão, abluções, festas, certos costumes, como o de lavar sempre as mãos antes de comer, etc., e não das obras resultantes da observância da Lei (o Decálogo—10 Mandamentos). Ele não fala de salvação, mas sim, de justificação. É uma distinção muito importante. Com efeito, a salvação é o que começa com a justificação. Na justificação só Deus actua, dando o dom da fé e da graça, chamada primeira ou santificante. No processo de santificação, porém, entram a acção de Deus que actua sempre na alma, e a do homem que corresponde livremente à acção Divina. Para a santificação não há limites: “Sede perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5, 48). Além disso, Paulo afirma que a fé é operante pelo princípio vital da caridade, ou seja, é aplicada às boas obras, pois diz :”A fé actua pela caridade” (Gal 5, 6) e ainda: “Não são os que ouvem a Lei, que são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei é que serão justificados. ” (Rom 2, 13); “Na caridade é que está o pleno cumprimento da Lei ” (Rom 13, 10). Por último, podemos referir um passagem, na qual se fala das três virtudes teologais, havendo uma que se sobrepões às outras duas: “Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade” (1 Cor 13, 13).
“Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver a caridade, nada sou.” (1 Cor 13, 2);
“Afinal, com a tua dureza e o teu coração impenitente, estás a acumular ira sobre ti, para o dia da ira e do justo julgamento de Deus, que retribuirá a cada um conforme as suas obras.” (Rom 5, 6);
“De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome», mais não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim, também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta. Mais ainda: poderá alguém alegar sensatamente: «Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé. Tu crês que há um só Deus? Fazes bem. Também o crêem os demónios, mas enchem-se de terror…Assim como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta.” (Tg 2, 14-26);
“Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos.O Rei dirá, então, aos da sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo.Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me,estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo. Então, os justos vão responder-lhe: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: ‘Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes. Em seguida dirá aos da esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me.’ Por sua vez, eles perguntarão: ‘Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?’ Ele responderá, então: ‘Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.’ Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna” ( Mt 25, 31-46).
Achamos que é por demais evidente a vontade Deus. E o leitor? Então por que é que os protestantes dão mais valor à fé do que às obras? È o que veremos de seguida.
Ora, os prostestantes baseiam-se em Romanos 3, 28 que diz assim: “Pois estamos convencidos de que é pela fé que o homem é justificado, independentemente as obras da Lei”.
Esclarecimento: Paulo escreve aos Romanos, que eram pagãos, acostumados a adorar ídolos ou falsos deuses. Por isso, acentua a importância e a necessidade de uma fé total em Cristo, mas não exclui as obras como necessárias para a salvação. Pela expressão “obras da Lei”, Paulo fala de certas observâncias judaicas, como a circuncisão, abluções, festas, certos costumes, como o de lavar sempre as mãos antes de comer, etc., e não das obras resultantes da observância da Lei (o Decálogo—10 Mandamentos). Ele não fala de salvação, mas sim, de justificação. É uma distinção muito importante. Com efeito, a salvação é o que começa com a justificação. Na justificação só Deus actua, dando o dom da fé e da graça, chamada primeira ou santificante. No processo de santificação, porém, entram a acção de Deus que actua sempre na alma, e a do homem que corresponde livremente à acção Divina. Para a santificação não há limites: “Sede perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5, 48). Além disso, Paulo afirma que a fé é operante pelo princípio vital da caridade, ou seja, é aplicada às boas obras, pois diz :”A fé actua pela caridade” (Gal 5, 6) e ainda: “Não são os que ouvem a Lei, que são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei é que serão justificados. ” (Rom 2, 13); “Na caridade é que está o pleno cumprimento da Lei ” (Rom 13, 10). Por último, podemos referir um passagem, na qual se fala das três virtudes teologais, havendo uma que se sobrepões às outras duas: “Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade” (1 Cor 13, 13).
Conclusão sobre a fé e as obras:
Quando se fala de fé, como também da graça de Deus, não podemos esquecer-nos das obras, senão estaremos separando o corpo da alma, propondo uma vivência Cristã contraditória. No julgamento final, Jesus não vai dizer: “Você tinha fé, por isso vai para o Céu.” Ele vai dizer sim: ”Tive fome e deste-me de comer…”. Portanto, segundo a Bíblia, as obras são necessárias para que a fé não seja morta, e para a salvação. De modo que é Cristo, sim, que salva, mas o homem coopera pelas boas obras. É esta a vontade Deus, que ponhamos em prática a nossa fé, pois:
“«Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos, em teu nome que expulsámos os demónios e em teu nome que fizemos muitos milagres?’ E, então, dir-lhes-ei: ‘Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade’» (Mt 7, 21-23).
“«Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos, em teu nome que expulsámos os demónios e em teu nome que fizemos muitos milagres?’ E, então, dir-lhes-ei: ‘Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade’» (Mt 7, 21-23).
Sobre o uso de Imagens:
O cavalo de batalha dos protestantes é acusar os católicos de adorar imagens. Muitas vezes conseguem confundir os mais simples dizendo que Deus proibiu fazer imagens, etc. Vamos demonstrar aqui que Deus não proibiu fazer imagens, mas aliás mandou fazê-las. Breve esclarecimento:
Imagem: é a representação de um ser no seu aspecto físico. Assim, imagem é uma fotografia, uma estátua, um quadro, etc.
Ídolo: É um falso deus, inventado pela fantasia humana (sol, lua, animais, etc.)
Adorar: É o acto de considerar Deus como o único Criador e Senhor do mundo.
Idolatria: É o acto de adorar o falso deus, ou seja, é considerar o falso deus como criador e senhor do universo.
Venerar: É imitar, honrar, louvar, homenagear, saudar.
Numa da passagens do livro do Êxodo, Deus parece proibir o uso de imagens: “Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas. Não te prostrarás diante dessas coisa e não as servirás…” (Ex 20, 4-5).
Mas porquê essa proibição? Porque podiam provocar no povo de Israel, uma vontade de as adorar, como faziam os povos vizinhos. Os Israelitas tendiam a imitar gestos religiosos pagãos e, por isso, caíam muitas vezes na idolatria. Assim, vemos que Deus proibe o fabrico de ídolos. E em relação às imagens?
Mas porquê essa proibição? Porque podiam provocar no povo de Israel, uma vontade de as adorar, como faziam os povos vizinhos. Os Israelitas tendiam a imitar gestos religiosos pagãos e, por isso, caíam muitas vezes na idolatria. Assim, vemos que Deus proibe o fabrico de ídolos. E em relação às imagens?
Ora, tomadas as cautelas contra o perigo da idolatria, percebemos que Deus, não somente permitiu, mas até mandou que se fizessem imagens sagradas.Vejamos: “…Fareis uma Arca de madeira de acácia, e terá de comprimento dois côvados e meio; um côvado e meio de largura e um côvado e meio de altura…Farás um propiciatório de ouro puro, com dois côvados e meio de comprimento, e um côvado e meio de largura. Depois farás dois querubins de ouro martelado, de uma só peça…estes querubins terão as asas estendidas para diante, cobrindo com elas o propiciatório, estarão voltados um para o outro, e os seus rostos estarão inclinados para o propiciatório…” (Ex 25, 1-22).
Assim, vemos que Deus manda Moisés colocar dois querubins (anjo figurado por cabeça de criança com asas) de ouro na Arca da Aliança, onde falava com o seu povo. No templo construído por Salomão ao Senhor, foram colocados também querubins de madeira junto à arca da Aliança. E as paredes do Templo tinham imagens de querubins. Tudo feito por ordem de Deus :”No santuário colocou dois querubins de pau de oliveira, que mediam dez côvados de altura…Em todos os muros mandou esculpir por dentro e por fora querubins, palmas e flores…” (1 Rs 6, 1-38). Vemos mais adianta, que no Palácio de Salomão, também havia bois de metal, leões, querubins: “…o mar assentava em doze bois de metal, voltados para fora…Sobre as placas, entre as molduras, havia leões, bois e querubins…” (1 Rs 7, 1-39). Voltando um pouco atrás na Bíblia, no Livro dos Números, vemos que Deus ordena a Moisés que este fizesse uma serpente de bronze, e que quem olhasse para ela, seria salvo: “…O Senhor disse a Moisés: «Faz para ti uma serpente abrasadora e coloca-a num poste. Sucederá que todo aquele que tiver sido mordido, se olhar para ela, ficará vivo.» Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e fixou-a sobre um poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, vivia” (Nm 21, 4-9). O próprio Jesus refere esta situação e compara a sua crucificação com esta passagem: “Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que nele crê, tenha a vida eterna” (Jo 3, 14-15). Ora, se aqueles que olhavam para a serpente de bronze, viviam, podemos dizer também, que todos aqueles que olham para Jesus na Cruz e aceitam ser seus seguidores, na palavra e nas obras, também viverão, eternamente.
Recordamos que a cultura dos povos evoluiu e a filosofia foi mostrando quanto é absurdo atribuir a uma escultura, a força da divindade, de modo que o perigo da idolatria doi diminuindo. Por isso, o uso de imagens foi-se implantando. É bom lembrar também que os primeiros cristãos usavam imagens nos lugares de culto, nos cemitérios e nas catacumbas. Perseguidos, para auxiliar a sua fé tão posta à prova, pintavam e esculpiam naqueles lugares subterrâneos, figuras representando Cristo e Sua Mãe Santíssima. O que mostra que o culto à Mãe de Cristo, é tão antigo quanto o próprio cristianismo. Desde os inícios da arquitectura sacra, que as igrejas são enriquecidas com imagens. No século III D. C., foram encontradas sinagogas na Palestina com pinturas e figuras humanas. A Sinagoga de Dura-Europos, na Babilónia, tinha a representação de Moisés, Abrãao e outros.
Então para que servem as imagens? Elas contribuem para dar aos lugares de culto um aspecto sagrado, e convidam ao recolhimento e à oração. Por isso, os querubins da Arca da Aliança não eram simples adornos. Lembravam ainda a mediação secundária dos Anjos, como nos recorda São Paulo na sua carta aos Hebreus: “E a qual dos anjos disse Deus alguma vez: Senta-te à minha direita, até que eu faça dos teus inimigos um estrado dos teus pés? Não são todos eles espíritos encarregados de um ministério, enviados ao serviço daqueles que hão-de herdar a salvação? “ ( Heb 1, 13-14).
Os protestantes precisam de entender que as nossas imagens não são ídolos, mas recordações dos nossos irmãos na fé. Ídolo é tudo aquilo que toma o lugar de Deus. Assim, os maiores ídolos de hoje são: o poder, o prazer, as riquezas…quando causam injustiça, exploração, corrupção, morte, etc.
É bom que fique bem claro que nós, católicos, não adoramos nenhuma imagem, nenhum objecto e nenhuma pessoa humana, pois a Igreja nunca ensinou nem mandou adorar a quem quer que seja; mas sempre ensinou na sua doutrina, que devemos adorar unicamente Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo.
De imediato, é bom lembrar o que respondeu Jesus ao bom ladrão: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.” ( Lc 23, 43); Recordamos também que, no dia em que Jesus morreu, muitos mortos ressuscitaram: “Então, o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo. A terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos, que estavam mortos, ressuscitaram; e, saindo dos túmulos depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mt 27, 51-53). Em relação a estas passagens, é evidente que Jesus não está sozinho no Paraíso.
No Livro do Apocalipse podemos ler ainda: “E, quando Ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos, por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamava em alta voz: «Tu que és o Poderoso, o Santo, o Verdadeiro! Até quando esperarás para julgar e tirar vingança do nosso sangue sobre os habitantes da terra? Foi dada a cada um uma veste branca e foi-lhes dito que esperassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos seus companheiros de ministério e dos seus irmãos que iam ser mortos, como eles” (Ap 6, 9-11). Ora, percebemos que este é o clamor dos mártires, perseguidos pelo império romano. Percebemos também que já estavam ao pé do Senhor e bem acordados. A veste branca é o símbolo da vida celeste.
Na parábola do rico e de Lázaro, observamos que também não dormem: “…Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e fazia todos os dias esplêndidos banquetes. Um pobre, chamado Lázaro, jazia ao seu portão, coberto de chagas. Bem desejava ele saciar-se com o que caía na mesa do rico; mas eram os cães que vinham lamber-lhe as chagas. Ora, o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na morada dos mortos, achando-se em tormentos, ergueu os olhos e viu, de longe, Abraão e também Lázaro no seu seio. Então, ergueu a voz e disse: «Pai Abraão, tem misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar em água a ponta de um dedo e refrescar-me a língua, porque estou atormentado nestas chamas.» Abraão respondeu-lhe: «Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora ele é consolado, enquanto tu és atormentado…»” ( Lc 16, 19-31).
No Evangelho de São João, Jesus tem este diálogo com os judeus: “Em verdade, em verdade vos digo: se alguém observar a minha palavra, nunca morrerá. Disseram-lhe, então, os judeus: «Agora é que estamos certos de que tens um demónio! Abraão morreu, os profetas também, e Tu dizes: «Se alguém observar a minha palavra, nunca experimentará a morte?» Porventura és Tu maior que o nosso pai Abraão, que morreu? E os profetas morreram também! Afinal, quem é que tu pretendes ser? Jesus respondeu: «Se Eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória nada valerá. Quem me glorifica é o meu Pai, de quem dizeis: É o nosso Deus; e, no entanto, não o conheceis. Eu é que o conheço; se dissesse que não o conhecia, seria como vós: um mentiroso. Mas Eu conheço-o e observo a sua palavra. Abraão, vosso pai, exultou pensando em ver o meu dia; viu-o e ficou feliz»” (Jo 8, 51-56). Ora, Jesus diz que Abraão estava desejoso de ver o dia em que Ele viria ao mundo. Chegado esse dia (Nascimento de Jesus: Lc 2, 1-20), Abraão “ficou feliz”, demonstrando que, apesar de ter deixado este mundo terreno já havia muito tempo, continuava vivo e em plena comunhão com Deus.
Os Santos no Céu estão na mesma condição dos Anjos, pois conservam as suas naturezas individuais e intelectuais, e possuem a mesma Luz divina na qual vêem a Deus, e em Deus tudo o que a sua mente pode conhecer: “Na tua Luz veremos a Luz” (Sl 35, 10). Por isso, a Bíblia afirma que os Santos julgarão o mundo: “Ou não sabeis que os Santos é que hão-de julgar o mundo?” (1 Cor 6, 2). Para fazerem esse julgamento, devem conhecer bem os actos praticados pelos homens no mundo. Portanto, os Santos conhecem as nossas fraquezas e necessidades e intercedem por nós como nossos amigos junto de Deus, mas é claro que é Deus quem terá a última palavra em relação aos escolhidos.
Em Jeremias lemos: ”O Senhor disse-me: «Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, o meu coração não se comoveria por este povo” (Jer 15, 1). Ora, Moisés e Samuel já não eram do número dos vivos, mas podiam, no entanto, interceder pelo povo.
E para que não existam dúvidas em relação à intercessão dos Anjos, recordemos esta passagem do Livro de Tobias: “Por isso, sabei que enquanto oravas, tu e a tua nora Sara, eu apresentava as vossas orações diante da glória do Senhor. Da mesma forma, enquanto enterravas os mortos, eu também estava contigo. Assim, quando, a toda a pressa, te levantaste e deixaste de comer, a fim de sepultar aquele cadáver, eu fui enviado para pôr a tua fé à prova, mas, ao mesmo tempo, Deus enviou-me para te curar, a ti e a Sara, tua nora. Eu sou Rafael, um dos sete anjos que apresentam as orações dos justos e têm lugar diante da majestade do Senhor” (Tob 12, 12-15). Mas, como já foi explicado anteriormente, Tobias não faz parte da Bíblia dos protestantes. É pena.
Se os santos da terra (os fiéis em Cristo), intercedem junto de Deus pelas necessidades dos irmãos, conhecidos e desconhecidos ( são inúmeros os casos na Bíblia), quanto mais os Santos da glória que, na Luz Divina, conhecem perfeitamente as nossas necessidades. Para nós, católicos, os Santos e os Anjos que já estão no Céu, podem realmente interceder por nós junto a Deus.
Depois de conhecer os fundamentos bíblicos para a práctica católica em relação à devoção ou culto dos Anjos e dos Santos, vamos ver onde se baseiam os protestantes para a negar. Eles usam a seguinte passagem: “ Pois, há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem: Cristo Jesus.” (1 Tim 2, 5); A isso responde-se, completando a citação no versículo seguinte ( 6 ) assim: “…que se entregou a si mesmo como resgate por todos”. Cristo é, sim, o único Mediador, mas de redenção (“ resgate”), o único que se entregou à morte pela remissão dos nossos pecados, e através do qual podemos atingir a vida eterna. Isto não exclui a “mediação” de intercessão dos Anjos e Santos, como já ficou provado.
E mais: estando os “Santos da glória” na mesmo condição dos Anjos, eles podem também ser venerados como os anjos o foram por homens justos, ou seja, pelos fiéis, conforme atesta a Bíblia.
Pelo facto de os habitantes do céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade, toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de redenção entre Deus e os homens, Jesus Cristo.
Sendo os Santos amigos de Deus pela santidade, e nossos, pela sua perfeita caridade, é justo que lhes tributemos os louvores que, sob esse duplo título, merecem, e que nos recomendemos à sua intercessão junto a Deus. É justo, visto que neles também se realiza, embora em grau menor, mas bem verdadeiro, o que disse de si mesma, mas cheia de Espírito Santo, a mais santa de todos os Santos, Maria Santíssima: “…Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas.”( Lc 1, 46-56 - Cântico de Maria)
Vê-se, por estas palavras inspiradas, que o louvor dos Santos redunda em louvor e glória de Deus, pois os Santos são obras-primas da sua sabedoria, bondade e poder. Quando os louvamos, é a seu Autor que louvamos. De facto, “sendo Deus admirável em seus Santos, e estes “obra da sua graça” (à qual eles corresponderam fazendo a sua parte), Deus os ama sob esse título. Aliás, no preceito de “amar e honrar a Deus”, está incluído o de amar e honrar a tudo o que Ele ama e honra, e segundo a ordem com a qual Ele o faz. E Deus ama, de modo especial, os seus Santos: em primeiro lugar, a Jesus Cristo enquanto Homem, depois a Nossa Senhora, mãe de Jesus, e depois aos Anjos e todos os Santos da glória; também as santas almas do Purgatório. E depois, aos que ainda pelejam neste mundo.
Através desta passagem, é fácil perceber porque é que a Igreja Católica reza pelos mortos, desde os tempos apostólicos.
Como não sabemos exactamente o que acontece depois desta vida, oramos pelos que morreram, confiando na misericórdia de Deus e também naquilo que Ele nos ensinou através do Seu Filho: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob? Não dos mortos, mas dos vivos é que Ele é Deus!” (Mt 22, 32). Não achamos perda de tempo, como dizem muitos protestantes, porque cremos na comunhão dos Santos e sabemos que Deus está em tudo e em todos, inclusive naqueles que já partiram deste mundo.
Em relação à questão de colocar flores e velas nos cemitérios, gesto que também não está de acordo com o ideal protestante, nós, católicos, dizemos que é a simples manifestação de não permanecermos insensíveis, frios e rudes como pedras, diante a pessoa que parte. Para além de embelezar as sepulturas, fazem-nos lembrar a alegria do céu e a saudade e carinho sentidos pela pessoa falecida.
Mesmo assim, os protestantes afastam-se da Igreja assistida por Cristo e pelo Espírito Santo, para fundar novas “igrejas” que não passam de instituições meramente humanas, que se vão dividindo, subdividindo e esfacelando cada vez mais; empobrecem e pulverizam sempre mais a mensagem do Evangelho, reduzindo-a:
--Ora a um retorno ao Antigo Testamento, com empobrecimento do Novo, no caso do ramos adventistas;
--Ora a um prelúdio de nova revelação, que já não é cristã. Aqui encontramos os Mórmons, As Testemunhas de Jeová, que negam a divindade de Cristo, a Santíssima Trindade e toda a concepção cristã da história.
-- Costumam desenvolver uma mentalidade de natureza fundamentalista. O seu fervor religioso nasce como reacção a um mundo complexo e hostil que ameaça certos princípios qualificados como “intocáveis”. Excluem o uso da razão para a compreensão bíblica e caem facilmente na irracionalidade total. A sua argumentação espelha frequentemente o medo e a incerteza, já que desconhecem o diálogo e o seu apego à “doutrina” da seita aproxima-se do absurdo;
-- Proporcionam um ambiente de “poucos fiéis do povo escolhido”. Segundo tal, o mundo persegue-os, porque somente eles têm permanecido fiéis ao que Deus quer. Isto provoca uma profunda suspeita frente ao mundo externo à seita; estabelecem relações diversas entre membros e não-membros e criam a ideia de que a salvação dos homens será apenas possível dentro dos estreitos limites da seita;
-- O líder ou fundador da seita é normalmente elevado ao nível de “profeta”, de “ungido de Deus” ou de visionário. Facilmente exerce um poder absoluto sobre as consciências dos membros que vêem nele um laço directo com Deus. O “Irmão Samuel”, Apóstolo da Luz do Mundo, Gordon Hinkley, “Profeta “ dos Mórmons, Jorge Tadeu “Apóstolo” fundador da “Igreja Maná”, são exemplos típicos;
-- A seita faz o possível para ocupar todo o tempo livre dos seus membros, abarrotando-os de reuniões, serviços, estudos e outras actividades que fazem com que a vida diária do seguidor gire em torno da seita. Costumam proibir categoricamente qualquer contacto com literatura ou programas não gerados pela mesma seita;
-- Muitas seitas criam uma forte expectativa nos seus membros quanto ao fim do mundo e a segunda vinda de Cristo. Esta postura de milenarismo ou adventismo resulta num fanatismo dificilmente compreensível para aqueles que não compartilham da visão do fim iminente;
--Os grupos de espiritualidade pentecostal (Assembleia de Deus, A Luz do Mundo, Os Nazarenos, etc.) dão muita importância aos sinais exteriores do “poder do Espírito” como o falar em línguas, o transe místico, as visões, o choro, etc. A seita exerce uma sugestão poderosa sobre os seus, para que se produzam estas manifestações de forma contínua nas reuniões dos adeptos;
--Obrigam os seus membros a uma acção directa, para transmissão da “doutrina”, tanto de porta em porta, como nas estações de metro, pelas ruas, etc., deixando panfletos, tanto defensivos, como acusativos, como forma de ganhar novos adeptos e de fortalecer a convicção dos membros.
--Grande parte das seitas assustam os fiéis para o facto de que se abandonarem a “igreja”, virá o demónio e já não terão a protecção de Deus;
--Muitas delas alteram o sentido das palavras “semente” e “semear”, de que nos fala a Bíblia (e de tantas outras palavras), para proveito própria da seita, favorecendo o seu crescimento. Ao contrário do real significado, que é: “semente”=Palavra de Deus e “semear”=transmitir a Palavra de Deus, estas seitas definem estes termos como: “semente”=dinheiro, e “semear”=trazer dinheiro para a seita. O fundador obriga também o pagamento dos respectivos “dízimos” (10% do ordenado),e para além disto, propõe aos fiés darem “ofertas” (dinheiro, e até mesmo bens pessoais, havendo mesmo o caso de pessoas a oferecerem as suas casas à seita), para que recebam mais benções de Deus. Fundamentam-se em: “Quanto mais semear na “igreja” (seita), mais Deus o irá beneficiar”. Disto são exemplos a “Igreja Maná” do “Apóstolo” Jorge Tadeu, a “Igreja Universal do Reino de Deus” (IURD), etc.
Falando de maneira particular das seitas Testemunhas de Jeová e Mormons, na verdade, não são comunidades cristãs, sendo consideradas, na verdade, “Seitas Paralelas à Reforma Protestante”. Essa é até uma classificação amena e conceitual, pelo facto de conterem entre as suas teses elementos vindos das seitas protestantes cristãs das quais se desligaram. Ambas são heréticas, anti-cristãs, possuindo versões próprias e adulteradas da Bíblia e negam as verdades fundamentais do cristianismo, a saber: a divindade de Jesus, a Trindade, e a Salvação pelos méritos salvíficos da Cruz de Cristo. Isto é: Jesus não era Deus, a Trindade é uma crença pagã e Jesus não salvou e nem salva. Em suma, muito embora cegos e doutrinados para isso, são hereges sob qualquer aspecto, justamente por se apoiarem em heresias que desde o terceiro século já caíram, como o arianismo e o fideísmo, entre outras.
Já não importa o sentido da fidelidade a Cristo, ao seu Evangelho e à sua Igreja. O que importa é aumentar o número de fiéis, conquistar o povo e arrecadar o máximo possível de bens.
Obviamente, como em qualquer assunto, não faltam pessoas sérias, que buscam a Deus sinceramente. No entanto, a impressão geral que se tem dos fundadores e dirigentes de seitas, é a de que parecem mais empresários do que profetas, mais especializados em psicologia e oratória do que em Bíblia e ascética.
As seitas não são tão boas como parecem à primeira vista ou nos querem dar a entender. Nelas há de tudo: boa fé, busca do sentido da vida, espiritualidade, superação de certas atitudes negativas…porém, ao mesmo tempo, há também o engano, a exploração, a alienação e a busca do poder.
O que teria acontecido se, antes de alguém se envolver cegamente com algum destes novos sistemas religiosos, tivesse conhecido algo mais sobre a sua própria Igreja (Católica)? Sem dúvida, não se teria deixado converter tão facilmente.
Mas, diante do pluralismo religioso que observamos no mundo moderno, qual delas seria a verdadeira Igreja de Cristo? Certamente alguma que proviesse da época apostólica. Lutero não foi apóstolo directo de Cristo, nem Calvino, nem qualquer outro reformador do século XVII, e muito menos os do presente século, como Jorge Tadeu (Igreja Maná) e companhia limitada. E porque não? Porque a Bíblia deixa bem claro que Cristo fundou uma Igreja (Mt 16). A essa Igreja, Cristo transmitiu a sua autoridade: ”Foi-me dado TODO O PODER no Céu e na Terra. IDE, pois, e fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ENSINANDO-OS a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu ESTAREI SEMPRE CONVOSCO ATÉ AO FIM DOS TEMPOS” ( Mt 28, 18-20 ).
Observe-se que é graças a essa transmissão de poder de Jesus aos seus Apóstolos ( em especial a Pedro, que detém as “chaves do Reino dos Céus” –Mt 16, 19 ) que Paulo, devidamente inspirado pelo Espírito Santo, pode escrever com segurança o versículo visto acima (1 Tim 3, 15).
Pois bem, se fosse lícito fundar “igrejas” por aí, teríamos de dizer que a Igreja original fundada por Jesus, em algum momento da sua História, deixou de ter a assistência do próprio Cristo, o que soaria anti-bíblico, tendo em vista a passagem acima transcrita (Mt 28, 18-20), pois Ele deu a certeza que estaria “SEMPRE” com a sua Igreja até ao fim dos tempos. Acrescente-se a isso o que lemos em Mt 16, 18: “Também Eu te digo: Tu és Pedro , e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela”. Estas palavras são de extrema importância. Cristo está a declarar que o Maligno tentará, mas não conseguirá destruir a sua Igreja. A propósito, é interessante ler a parábola do joio que cresce no meio do trigo e que só será arrancado e queimado no fim dos tempos em Mt 13, 24-30. Vê-se a figura da Igreja—os pecadores que estão juntos com os santos; e só no final é que o Senhor separará os cabritos das ovelhas (Mt 25, 31-46).
Cristo desejou e orou pela unidade da sua Igreja (Jo 17, 21) e afirmou que um reino ou uma casa não podem sobreviver divididos (Mt 12, 25), o que, certamente, poderia englobar a Igreja se esta aceitasse a divisão como algo “normal” (como afirmam, infelizmente, alguns [falsos] pastores).
Portanto, todo aquele que favorece a divisão e dispersa as ovelhas que foram confiadas de modo geral a Pedro (Jo 21, 15-17) - em outras palavras, fica fundando “igrejinhas” por aí - não conhece o Senhor. Jesus compara-os a ladrões e assaltantes (Jo 10, 1) e adverte que as suas ovelhas devem fugir destes (Jo 10, 5).
Olhando com atenção para essas passagens bíblicas, percebemos que a verdadeira Igreja de Jesus possui quatro marcas que a distinguem das seitas fundadas pelos falsos profetas que introduzem no seio do cristianismo “heresias destruidoras” (2 Pd 2,1). Ela é: Una, Santa, Católica (Universal) e Apostólica. Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, mantém a sua unidade através de um sólido conjunto de doutrinas e organizações eclesiásticas? Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, foi fundada pelo próprio Senhor Jesus Cristo, tendo Dele recebido a sua autoridade, podendo ser chamada de “coluna e sustentáculo da Verdade”? Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, se espalha sobre todo o orbe terrestre conhecido desde o tempo de Jesus, sendo de cunho realmente universal? Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, existe desde a era apostólica, tendo sucessores legitimamente ordenados conforme a orientação apostólica?
Ora, se algum dia a Igreja Católica, de facto, tivesse apostatado da fé ou pregado heresias, nesse dia (que felizmente nunca houve) Cristo teria quebrado a sua promessa e hoje não teríamos segurança alguma. Bem dizia Santo Agostinho (que era muito estimado por Lutero e Calvino): “Devemos seguir a religião cristã, na comunhão daquela Igreja que é Católica. E ela é chamada de Católica, não só pelos seus fiéis, mas também pelos seus inimigos” [16].
Ressalte-se que todas as antigas profissões de fé afirmam de algum modo: “Creio na Igreja…”; nenhuma diz “ Creio na Bíblia…”. E porque não o fazem? Simplesmente porque o cânon da Bíblia, como o temos hoje, somente foi definido pela Igreja Católica no século IV. Até então, cada comunidade tinha o seu próprio cânon; algumas aceitavam livros a mais, outras a menos…Foi a autoridade da Igreja que acabou com a confusão por mais de 1000 anos.
Infelizmente, porém, a confusão voltou a reinar no século XVI. Como alguns livros do Antigo Testamento contradiziam várias doutrinas da Reforma, os protestantes resolveram riscá-los das duas Bíblias. Fizeram isso seguindo a “autoridade” dos judeus da Palestina. Tentaram fazer o mesmo com certos livros do Novo Testamento, como a Epístola de Tiago, que Lutero chamava “carinhosamente” de “carta de calha”, porque contrazia frontalmente a sua doutrina de justificação unicamente pela fé. Como suscitou muita discórdia, voltaram atrás e mantiveram o cânon do Novo Testamento igual ao da Igreja Católica. Caíram, assim, em gigantesca contradição: para o Antigo Testamento, aceitaram a “autoridade” dos judeus (quem lhes conferiu tal autoridade, já que só definiram o seu cânon dezenas de anos após a morte de Jesus?); para o Novo Testamento, aceitaram a autoridade da Igreja Cristã ( Católica).
O triste de tudo isto é ver os protestantes afirmarem que foi o Concílio de Trento que incluiu mais livros no Antigo Testamento. Se isso fosse verdade, porque então a Bíblia de Guttenberg, impressa um século antes da Reforma Protestante (século XV), já trazia esses livros? E porquê que todos os padres da Igreja dos primeiro séculos os citavam nos seus escritos?
Tudo o que está na Bíblia é verdade, mas nem toda a verdade está na Bíblia. A própria Sagrada Escritura afirma que não abriga toda a Verdade: Jo 20, 30; 21, 25. Portanto, é uma falácia (que visa introduzir o erro) perguntar: “onde a Bíblia diz tal coisa?” O facto da Bíblia não empregar certa palavra não significa, de maneira alguma, que determinada realidade não exista. Um bom exemplo seria a própria Santíssima Trindade, uma crença comum entre todos os cristãos (Católicos, Ortodoxos, Protestantes Tradicionais, Pentecostais e neopentecostais): onde a Bíblia usa a expressão “Santíssima Trindade” ou a simples palavra “Trindade”? Em ponto algum; porém, tal realidade é reconhecida por todos. O mesmo se poderia dizer de outras realidades, como a existência do Purgatório: o facto de a palavra não existir na Bílbia, não significa que tal realidade não exista concretamente. Muito pelo contrário (ver 1 Cor 3,15). O mesmo de poderia dizer da Transubstanciação.
Sabemos que a Palavra de Deus é verdade. A Bíblia é “parte” da Palavra de Deus e a Igreja, como já vimos, é “a coluna e o sustentáculo da Verdade. Desde o princípio, a Igreja afirma que a Palavra de Deus é formada, além da Bíblia evidentemente, também pela Sagrada Tradição e pelo Magistério da Igreja. E não podia ser para menos: as Escrituras encerram-se com o último escrito de origem apostólica: o Apocalipse de São João. A Palavra de Deus, contudo, não pode nem está limitada a esse período de tempo.
Cristo garantiu que ficaria com a sua Igreja até ao fim dos tempos. No entanto, não revelou (mesmo quando questionado pelos Apóstolos), quando se daria esse fim (Mt 24, 3). O tempo é dinâmico: está sempre a correr. Um a um, os discípulos de Jesus foram morrendo. Ficaria “orfã” a Igreja a partir de então? É claro que não. Escreve São Paulo ao seu discípulo Timóteo: “Quanto de mim ouviste, na presença de muitas testemunhas, transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de o ensinar também a outros” (2 Tim 2, 2). Trata-se da Tradição Apostólica.
Ainda antes de morrer, Jesus disse aos seus Apóstolos: “ Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir” (Jo 16, 12-13). E o Espírito Santo desceu sobre a Igreja no dia de Pentecostes (Act 2), cumprindo a promessa de Cristo. E permanecerá com ela até ao fim dos tempos, quando Cristo vier pela segunda vez.
Assim, torna-se perfeitamente claro que a Igreja de Cristo (leia-se “Igreja Católica”, pois é a única que existe desde aqueles tempos), jamais se poderia desviar da Verdade, uma vez que a promessa de Cristo e a assistência do Espírito Santo não se restringiria apenas até à morte do último Apóstolo (a saber, São João). Muito pelo contrário, a Igreja Católica sempre contou e sempre contará com a assistência do Divino Espírito Santo e, tendo Cristo prometido estar com ela até ao fim dos tempos, será ela “ A COLUNA E O SUSTENTÁCULO DA VERDADE” até à consumação dos séculos.
Costuma-se também confundir “Doutrina” com “Disciplina” em relação ao que a Igreja ensina. Ora, a doutrina carrega consigo o carácter de imutabilidade. É uma verdade da fé revelada pelo Senhor à sua Igreja e, como tal, não pode a Igreja, por si só, introduzir qualquer alteração. É o caso da Santíssima Trindade, da presença real de Cristo na Eucaristia, etc. O tempo passa, mas a doutrina permanece a mesma. A disciplina, por sua vez, pode ser alterada. Não é uma verdade de fé, mas é parte integrante do modo de ensinar da Igreja, visando o bem dos fiéis e de sua fé, sempre sensível ao contexto e ao tempo. É o caso do celibato, da liturgia da Missa, das velas…O tempo passa e a disciplina pode ser alterada, adaptando-se ao momento presente da Igreja. Sobre assuntos disciplinares, a Igreja goza de especial autoridade para manter, revogar ou alterar certa práctica, desde que se fundamente na doutrina ensinada por Jesus.
Como já foi referido anteriormente, os protestantes assumem a doutrina da “Sola Scriptura”, isto é, “só a Bíblia basta” (já provada como errada) e ainda a doutrina da livre interpretação bíblica, também condenada pela Bíblia (2 Ped 1,20), retirando a autoridade à Igreja e transferindo-a, ilegitimamente, para a própria Bíblia. (Noutras palavras: passam uma borracha sobre a palavra “Igreja” existente em 1 Tim 3, 15 e passam falsamente a declarar: “ A ‘Bíblia’ é a coluna e o sustentáculo da Verdade”).
Ambas estas doutrinas deram origem ao pluralismo religioso que existe nos nossos dias. Consequência páctica: existem hoje mais de 40.000 denominações que se dizem cristãs, cada qual seguindo um conceito diferente.Tirando a autoridade da Igreja, a “Sola Scriptura” abriu caminho para o subjectivismo e o liberalismo religioso. Basta um “pastor” discordar de certa doutrina da sua “igreja” ou receber uma “luz especial” do Espírito Santo(?) e pronto: lá está ele fundando a sua própria “igreja”. A descrença existente no mundo contemporâneo e o descrédito no Cristianismo são devidos em grande parte à legitimação da divisão trazida pelo protestantismo e a sua ideia de “Sola Scriptura”. Porém, sabemos bem que todo aquele que causa divisão na Esposa do Senhor ( a Igreja) não herdará o Reino de Deus (Gal 5, 19-21). Tal conduta é chamada—com razão—de obra da carne por São Paulo. E o que esperar da carne senão a própria corrupção? (Rom 8, 5-8; 1 Cor 15, 50; Gal 6, 8; etc.)
Não há dúvidas de que os anos anteriores à ocorrência da Reforma Protestante foram infelizes para a Igreja Católica, pois vários Papas sem o mínimo de vocação religiosa, mas ávidos pelo poder (bem como vários integrantes do clero), muitas vezes escandalizavam e causavam grande indignação entre os fiéis. Mesmo assim— e aí está o sinal de que a Igreja Católica é realmente a Igreja de Cristo— nenhum mal causaram à sã Doutrina da Igreja (nenhuma heresia foi instituída como verdade revelada), e a Igreja conseguiu firmar-se após a Contra Reforma. De facto, o próprio Jesus já havia predito que a Igreja seria assolada pelo mal, mas este não conseguiria dominá-la: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela” (Mt 16, 18). Por isso, enganaram-se (e enganam-se ainda hoje) aqueles que abandonaram a Igreja Católica e buscaram outra fé; como diz São João: “Eles saíram de entre nós, mas não eram do nossos, porque se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido connosco; mas aconteceu assim para que ficasse claro que nenhum deles é dos nossos” (1 Jo 2, 19).
Lutero, Calvino e tantos outros— até os mais recentes— não precisariam abandonar a única Igreja do Senhor; se achavam que tinha algo de errado, mas sim lutar dentro da Igreja, como fez o grande São Francisco de Assis, que lutou e obteve êxito; porém, não quiseram submeter-se e deu no que deu.
Muitos cometem a asneira de dizer que o Papa pede perdão pelos erros da igreja. Esclarecimento: A Igreja, como instituição, jamais errou doutrinalmente porque, se errasse, não estaria assistida pelo Espírito Santo ( como já vimos que está), o que seria anti-bíblico. Quem erra são os filhos da Igreja e por vários motivos: política, sede de poder, ambição desmedida, avareza, inveja, egocêntrismo, etc. Porém, isto não macula jamais a Igreja de Cristo. O próprio Senhor afirmou: “Deixai crescer ambos [o joio e o trigo] até à época da ceifa” (Mt 13, 30). A Igreja é Santa, porque foi fundada por Cristo e goza da assistência do Espírito Santo nos asuntos de fé, mas é também pecadora porque os seus membros são humanos e, portanto, imperfeitos (1 Jo 1, 8-10).
Muitos protestantes acusam a Igreja Católica de ser uma organização assassina. Existem vários deslizes nesta afirmação. Vejamos:
Assim, vemos que Deus manda Moisés colocar dois querubins (anjo figurado por cabeça de criança com asas) de ouro na Arca da Aliança, onde falava com o seu povo. No templo construído por Salomão ao Senhor, foram colocados também querubins de madeira junto à arca da Aliança. E as paredes do Templo tinham imagens de querubins. Tudo feito por ordem de Deus :”No santuário colocou dois querubins de pau de oliveira, que mediam dez côvados de altura…Em todos os muros mandou esculpir por dentro e por fora querubins, palmas e flores…” (1 Rs 6, 1-38). Vemos mais adianta, que no Palácio de Salomão, também havia bois de metal, leões, querubins: “…o mar assentava em doze bois de metal, voltados para fora…Sobre as placas, entre as molduras, havia leões, bois e querubins…” (1 Rs 7, 1-39). Voltando um pouco atrás na Bíblia, no Livro dos Números, vemos que Deus ordena a Moisés que este fizesse uma serpente de bronze, e que quem olhasse para ela, seria salvo: “…O Senhor disse a Moisés: «Faz para ti uma serpente abrasadora e coloca-a num poste. Sucederá que todo aquele que tiver sido mordido, se olhar para ela, ficará vivo.» Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e fixou-a sobre um poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, vivia” (Nm 21, 4-9). O próprio Jesus refere esta situação e compara a sua crucificação com esta passagem: “Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que nele crê, tenha a vida eterna” (Jo 3, 14-15). Ora, se aqueles que olhavam para a serpente de bronze, viviam, podemos dizer também, que todos aqueles que olham para Jesus na Cruz e aceitam ser seus seguidores, na palavra e nas obras, também viverão, eternamente.
Recordamos que a cultura dos povos evoluiu e a filosofia foi mostrando quanto é absurdo atribuir a uma escultura, a força da divindade, de modo que o perigo da idolatria doi diminuindo. Por isso, o uso de imagens foi-se implantando. É bom lembrar também que os primeiros cristãos usavam imagens nos lugares de culto, nos cemitérios e nas catacumbas. Perseguidos, para auxiliar a sua fé tão posta à prova, pintavam e esculpiam naqueles lugares subterrâneos, figuras representando Cristo e Sua Mãe Santíssima. O que mostra que o culto à Mãe de Cristo, é tão antigo quanto o próprio cristianismo. Desde os inícios da arquitectura sacra, que as igrejas são enriquecidas com imagens. No século III D. C., foram encontradas sinagogas na Palestina com pinturas e figuras humanas. A Sinagoga de Dura-Europos, na Babilónia, tinha a representação de Moisés, Abrãao e outros.
Então para que servem as imagens? Elas contribuem para dar aos lugares de culto um aspecto sagrado, e convidam ao recolhimento e à oração. Por isso, os querubins da Arca da Aliança não eram simples adornos. Lembravam ainda a mediação secundária dos Anjos, como nos recorda São Paulo na sua carta aos Hebreus: “E a qual dos anjos disse Deus alguma vez: Senta-te à minha direita, até que eu faça dos teus inimigos um estrado dos teus pés? Não são todos eles espíritos encarregados de um ministério, enviados ao serviço daqueles que hão-de herdar a salvação? “ ( Heb 1, 13-14).
Vejamos alguns depoimentos sobre o uso das imagens:
--“ Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender, por essa imagem, a quem se dirige as tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os que não sabem. Por essas imagens, aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler “[12].
--“Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações, mais serão levados a recordar-se dos modelos originais. Uma veneração respeitosa sem que isto seja adoração, pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus” [13].
--“Ninguém há tão simples e iletrado que se possa desculpa de não saber como viver rectamente, quando tem diante de si a imagem do Crucificado, um livro ilustrado, escrito, de forma clara e legível, em que todas as virtudes são aprovadas e todos os vícios reprovados” [14].
--“Outrora Deus invísivel, nunca era representado. Mas agora que Deus se manifestou na carne e habitou entre os homens, eu represento o “visível” de Deus. Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria” [15].
Afinal, nós católicos, adoramos imagens?
NÃO. Quem o afirma ou não entende nada de catolicismo, ou está mentindo contra a Bíblia. Que é então, que a Bíblia condena como deuses mudos (Sl 113, 13) e imagens e esculturas de coisas do céu, da terra e das águas? (Ex 20, 3-5). São os ídolos que os pagãos faziam para representar os seus falsos deuses. De facto, os gentios antigos adoravam como “deuses” do céu, certos astros (Júpiter, Vénus, etc); da Terra, certas aves e qaudrúpedes; e das águas, certos anfíbios: “Afirmando-se como sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória de Deus incorruptível, por figuras representativas do homem corruptível, de aves, de quadrúpedes e de répteis” (Rom 1, 23).
Os protestantes precisam de entender que as nossas imagens não são ídolos, mas recordações dos nossos irmãos na fé. Ídolo é tudo aquilo que toma o lugar de Deus. Assim, os maiores ídolos de hoje são: o poder, o prazer, as riquezas…quando causam injustiça, exploração, corrupção, morte, etc.
É bom que fique bem claro que nós, católicos, não adoramos nenhuma imagem, nenhum objecto e nenhuma pessoa humana, pois a Igreja nunca ensinou nem mandou adorar a quem quer que seja; mas sempre ensinou na sua doutrina, que devemos adorar unicamente Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo.
Sobre a Intercessão dos Anjos e Santos:
Os protestantes dizem que quem intercede por nós são os que estão vivos, e os que morreram não podem interceder, pois estão a dormir e à espera da ressurreição. Vejamos como isto é falso.
De imediato, é bom lembrar o que respondeu Jesus ao bom ladrão: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.” ( Lc 23, 43); Recordamos também que, no dia em que Jesus morreu, muitos mortos ressuscitaram: “Então, o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo. A terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos, que estavam mortos, ressuscitaram; e, saindo dos túmulos depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mt 27, 51-53). Em relação a estas passagens, é evidente que Jesus não está sozinho no Paraíso.
No Livro do Apocalipse podemos ler ainda: “E, quando Ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos, por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamava em alta voz: «Tu que és o Poderoso, o Santo, o Verdadeiro! Até quando esperarás para julgar e tirar vingança do nosso sangue sobre os habitantes da terra? Foi dada a cada um uma veste branca e foi-lhes dito que esperassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos seus companheiros de ministério e dos seus irmãos que iam ser mortos, como eles” (Ap 6, 9-11). Ora, percebemos que este é o clamor dos mártires, perseguidos pelo império romano. Percebemos também que já estavam ao pé do Senhor e bem acordados. A veste branca é o símbolo da vida celeste.
Na parábola do rico e de Lázaro, observamos que também não dormem: “…Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e fazia todos os dias esplêndidos banquetes. Um pobre, chamado Lázaro, jazia ao seu portão, coberto de chagas. Bem desejava ele saciar-se com o que caía na mesa do rico; mas eram os cães que vinham lamber-lhe as chagas. Ora, o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na morada dos mortos, achando-se em tormentos, ergueu os olhos e viu, de longe, Abraão e também Lázaro no seu seio. Então, ergueu a voz e disse: «Pai Abraão, tem misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar em água a ponta de um dedo e refrescar-me a língua, porque estou atormentado nestas chamas.» Abraão respondeu-lhe: «Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora ele é consolado, enquanto tu és atormentado…»” ( Lc 16, 19-31).
No Evangelho de São João, Jesus tem este diálogo com os judeus: “Em verdade, em verdade vos digo: se alguém observar a minha palavra, nunca morrerá. Disseram-lhe, então, os judeus: «Agora é que estamos certos de que tens um demónio! Abraão morreu, os profetas também, e Tu dizes: «Se alguém observar a minha palavra, nunca experimentará a morte?» Porventura és Tu maior que o nosso pai Abraão, que morreu? E os profetas morreram também! Afinal, quem é que tu pretendes ser? Jesus respondeu: «Se Eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória nada valerá. Quem me glorifica é o meu Pai, de quem dizeis: É o nosso Deus; e, no entanto, não o conheceis. Eu é que o conheço; se dissesse que não o conhecia, seria como vós: um mentiroso. Mas Eu conheço-o e observo a sua palavra. Abraão, vosso pai, exultou pensando em ver o meu dia; viu-o e ficou feliz»” (Jo 8, 51-56). Ora, Jesus diz que Abraão estava desejoso de ver o dia em que Ele viria ao mundo. Chegado esse dia (Nascimento de Jesus: Lc 2, 1-20), Abraão “ficou feliz”, demonstrando que, apesar de ter deixado este mundo terreno já havia muito tempo, continuava vivo e em plena comunhão com Deus.
Os Santos no Céu estão na mesma condição dos Anjos, pois conservam as suas naturezas individuais e intelectuais, e possuem a mesma Luz divina na qual vêem a Deus, e em Deus tudo o que a sua mente pode conhecer: “Na tua Luz veremos a Luz” (Sl 35, 10). Por isso, a Bíblia afirma que os Santos julgarão o mundo: “Ou não sabeis que os Santos é que hão-de julgar o mundo?” (1 Cor 6, 2). Para fazerem esse julgamento, devem conhecer bem os actos praticados pelos homens no mundo. Portanto, os Santos conhecem as nossas fraquezas e necessidades e intercedem por nós como nossos amigos junto de Deus, mas é claro que é Deus quem terá a última palavra em relação aos escolhidos.
Em Jeremias lemos: ”O Senhor disse-me: «Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, o meu coração não se comoveria por este povo” (Jer 15, 1). Ora, Moisés e Samuel já não eram do número dos vivos, mas podiam, no entanto, interceder pelo povo.
E para que não existam dúvidas em relação à intercessão dos Anjos, recordemos esta passagem do Livro de Tobias: “Por isso, sabei que enquanto oravas, tu e a tua nora Sara, eu apresentava as vossas orações diante da glória do Senhor. Da mesma forma, enquanto enterravas os mortos, eu também estava contigo. Assim, quando, a toda a pressa, te levantaste e deixaste de comer, a fim de sepultar aquele cadáver, eu fui enviado para pôr a tua fé à prova, mas, ao mesmo tempo, Deus enviou-me para te curar, a ti e a Sara, tua nora. Eu sou Rafael, um dos sete anjos que apresentam as orações dos justos e têm lugar diante da majestade do Senhor” (Tob 12, 12-15). Mas, como já foi explicado anteriormente, Tobias não faz parte da Bíblia dos protestantes. É pena.
Se os santos da terra (os fiéis em Cristo), intercedem junto de Deus pelas necessidades dos irmãos, conhecidos e desconhecidos ( são inúmeros os casos na Bíblia), quanto mais os Santos da glória que, na Luz Divina, conhecem perfeitamente as nossas necessidades. Para nós, católicos, os Santos e os Anjos que já estão no Céu, podem realmente interceder por nós junto a Deus.
Po fim, um argumento de recta razão ou bom senso:
É conforme à natureza dos seres criados por Deus que os inferiores obtenham favores dos superiores também pela mediação de amigos de ambos. A própria mediação de Cristo tem por base este princípio. Ora, os Santos são amigos de Deus e nossos na glória.
Depois de conhecer os fundamentos bíblicos para a práctica católica em relação à devoção ou culto dos Anjos e dos Santos, vamos ver onde se baseiam os protestantes para a negar. Eles usam a seguinte passagem: “ Pois, há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem: Cristo Jesus.” (1 Tim 2, 5); A isso responde-se, completando a citação no versículo seguinte ( 6 ) assim: “…que se entregou a si mesmo como resgate por todos”. Cristo é, sim, o único Mediador, mas de redenção (“ resgate”), o único que se entregou à morte pela remissão dos nossos pecados, e através do qual podemos atingir a vida eterna. Isto não exclui a “mediação” de intercessão dos Anjos e Santos, como já ficou provado.
E mais: estando os “Santos da glória” na mesmo condição dos Anjos, eles podem também ser venerados como os anjos o foram por homens justos, ou seja, pelos fiéis, conforme atesta a Bíblia.
Pelo facto de os habitantes do céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade, toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de redenção entre Deus e os homens, Jesus Cristo.
Sendo os Santos amigos de Deus pela santidade, e nossos, pela sua perfeita caridade, é justo que lhes tributemos os louvores que, sob esse duplo título, merecem, e que nos recomendemos à sua intercessão junto a Deus. É justo, visto que neles também se realiza, embora em grau menor, mas bem verdadeiro, o que disse de si mesma, mas cheia de Espírito Santo, a mais santa de todos os Santos, Maria Santíssima: “…Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas.”( Lc 1, 46-56 - Cântico de Maria)
Vê-se, por estas palavras inspiradas, que o louvor dos Santos redunda em louvor e glória de Deus, pois os Santos são obras-primas da sua sabedoria, bondade e poder. Quando os louvamos, é a seu Autor que louvamos. De facto, “sendo Deus admirável em seus Santos, e estes “obra da sua graça” (à qual eles corresponderam fazendo a sua parte), Deus os ama sob esse título. Aliás, no preceito de “amar e honrar a Deus”, está incluído o de amar e honrar a tudo o que Ele ama e honra, e segundo a ordem com a qual Ele o faz. E Deus ama, de modo especial, os seus Santos: em primeiro lugar, a Jesus Cristo enquanto Homem, depois a Nossa Senhora, mãe de Jesus, e depois aos Anjos e todos os Santos da glória; também as santas almas do Purgatório. E depois, aos que ainda pelejam neste mundo.
Sobre a oração pelos mortos:
Os protestantes criticam a Igreja Católica por esta rezar pelos mortos, dizendo que é desnecessário. A Bíblia ensina o contrário. Vejamos esta passagem: “Depois, reunindo Judas o seu exército, alcançou a cidade de Adulam, e chegado o sétimo dia sa semana, purificaram-se segundo o costume e celebraram ali o sábado. No dia seguinte, Judas e os seu companheiros foram levantar os corpos dos mortos, para os depositar na sepultura, ao lado dos seus pais. Então, sob a túnica dos que tinham tombado, encontraram objectos consagrados aos ídolos de Jâmnia, proibidos aos judeus pela lei, e todos reconheceram que fora esta a causa da sua morte. Bendisseram ,pois, a mão do Senhor, justo juíz, que faz aparecer as coisas ocultas, e puseram-se em oração, para lhe implorar perdão completo pelo pecado cometido. O nobre Judas convocou a multidão e exortava-a a evitar qualquer transgressão, tendo diante dos olhos o mal que tinha sucedido aos que, pouco antes, tinham morrido por causa dos pecados. E mandou fazer uma colecta, recolhendo cerca de duas mil dracmas, que enviou a Jerusalém. Para que se oferecesse um sacrifício pelo pecado, agindo digna e santamente ao pensar na ressurreição; porque, se não esperasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. E acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente. Era este um pensamento santo e piedoso. Por isso pediu um sacrifício expiatório, para que os mortos fossem livres das suas faltas” (2 Mac 12, 38-45 -Outro dos livros rejeitados pelos protestantes).
Através desta passagem, é fácil perceber porque é que a Igreja Católica reza pelos mortos, desde os tempos apostólicos.
Como não sabemos exactamente o que acontece depois desta vida, oramos pelos que morreram, confiando na misericórdia de Deus e também naquilo que Ele nos ensinou através do Seu Filho: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob? Não dos mortos, mas dos vivos é que Ele é Deus!” (Mt 22, 32). Não achamos perda de tempo, como dizem muitos protestantes, porque cremos na comunhão dos Santos e sabemos que Deus está em tudo e em todos, inclusive naqueles que já partiram deste mundo.
Em relação à questão de colocar flores e velas nos cemitérios, gesto que também não está de acordo com o ideal protestante, nós, católicos, dizemos que é a simples manifestação de não permanecermos insensíveis, frios e rudes como pedras, diante a pessoa que parte. Para além de embelezar as sepulturas, fazem-nos lembrar a alegria do céu e a saudade e carinho sentidos pela pessoa falecida.
5º Apecto: Esfacelamento
Como já vimos anteriormente, Jesus prometeu à sua Igreja que estaria com ela até aos fins dos tempos:” Sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28, 20). Prometeu também aos Apóstolos os dons do Espírito Santo, para que aprofundassem a mensagem do Evangelho: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse”; Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa” (Jo 14, 26; 16, 13).
Mesmo assim, os protestantes afastam-se da Igreja assistida por Cristo e pelo Espírito Santo, para fundar novas “igrejas” que não passam de instituições meramente humanas, que se vão dividindo, subdividindo e esfacelando cada vez mais; empobrecem e pulverizam sempre mais a mensagem do Evangelho, reduzindo-a:
--Ora a sistemas de promessas milagrosas, tanto a nível de curas físicas, como a nível financeiro;
--Ora a um retorno ao Antigo Testamento, com empobrecimento do Novo, no caso do ramos adventistas;
--Ora a um prelúdio de nova revelação, que já não é cristã. Aqui encontramos os Mórmons, As Testemunhas de Jeová, que negam a divindade de Cristo, a Santíssima Trindade e toda a concepção cristã da história.
Assim, achamos relevante dar a conhecer este tipo de “Movimentos Religiosos Livres e Autónomos” que tiveram origem no seio do protestantismo, aos quais se dá o nome de “seitas cristãs ou pseudo-cristãs”, e que cada vez mais afastam as pessoas do próprio Jesus Cristo.
Seitas cristãs ou pseudo-cristãs
Como funcionam:
-- Adoptam uma interpretação particular da Bíblia como única norma de vida. O seu texto converte-se em arma de ataque e de defesa frente a estranhos, tendo por hábito memorizar “versículos-chave” para isso;
-- Costumam desenvolver uma mentalidade de natureza fundamentalista. O seu fervor religioso nasce como reacção a um mundo complexo e hostil que ameaça certos princípios qualificados como “intocáveis”. Excluem o uso da razão para a compreensão bíblica e caem facilmente na irracionalidade total. A sua argumentação espelha frequentemente o medo e a incerteza, já que desconhecem o diálogo e o seu apego à “doutrina” da seita aproxima-se do absurdo;
-- Proporcionam um ambiente de “poucos fiéis do povo escolhido”. Segundo tal, o mundo persegue-os, porque somente eles têm permanecido fiéis ao que Deus quer. Isto provoca uma profunda suspeita frente ao mundo externo à seita; estabelecem relações diversas entre membros e não-membros e criam a ideia de que a salvação dos homens será apenas possível dentro dos estreitos limites da seita;
-- O líder ou fundador da seita é normalmente elevado ao nível de “profeta”, de “ungido de Deus” ou de visionário. Facilmente exerce um poder absoluto sobre as consciências dos membros que vêem nele um laço directo com Deus. O “Irmão Samuel”, Apóstolo da Luz do Mundo, Gordon Hinkley, “Profeta “ dos Mórmons, Jorge Tadeu “Apóstolo” fundador da “Igreja Maná”, são exemplos típicos;
-- A seita faz o possível para ocupar todo o tempo livre dos seus membros, abarrotando-os de reuniões, serviços, estudos e outras actividades que fazem com que a vida diária do seguidor gire em torno da seita. Costumam proibir categoricamente qualquer contacto com literatura ou programas não gerados pela mesma seita;
-- Muitas seitas criam uma forte expectativa nos seus membros quanto ao fim do mundo e a segunda vinda de Cristo. Esta postura de milenarismo ou adventismo resulta num fanatismo dificilmente compreensível para aqueles que não compartilham da visão do fim iminente;
--Os grupos de espiritualidade pentecostal (Assembleia de Deus, A Luz do Mundo, Os Nazarenos, etc.) dão muita importância aos sinais exteriores do “poder do Espírito” como o falar em línguas, o transe místico, as visões, o choro, etc. A seita exerce uma sugestão poderosa sobre os seus, para que se produzam estas manifestações de forma contínua nas reuniões dos adeptos;
--Obrigam os seus membros a uma acção directa, para transmissão da “doutrina”, tanto de porta em porta, como nas estações de metro, pelas ruas, etc., deixando panfletos, tanto defensivos, como acusativos, como forma de ganhar novos adeptos e de fortalecer a convicção dos membros.
--Grande parte das seitas assustam os fiéis para o facto de que se abandonarem a “igreja”, virá o demónio e já não terão a protecção de Deus;
--Muitas delas alteram o sentido das palavras “semente” e “semear”, de que nos fala a Bíblia (e de tantas outras palavras), para proveito própria da seita, favorecendo o seu crescimento. Ao contrário do real significado, que é: “semente”=Palavra de Deus e “semear”=transmitir a Palavra de Deus, estas seitas definem estes termos como: “semente”=dinheiro, e “semear”=trazer dinheiro para a seita. O fundador obriga também o pagamento dos respectivos “dízimos” (10% do ordenado),e para além disto, propõe aos fiés darem “ofertas” (dinheiro, e até mesmo bens pessoais, havendo mesmo o caso de pessoas a oferecerem as suas casas à seita), para que recebam mais benções de Deus. Fundamentam-se em: “Quanto mais semear na “igreja” (seita), mais Deus o irá beneficiar”. Disto são exemplos a “Igreja Maná” do “Apóstolo” Jorge Tadeu, a “Igreja Universal do Reino de Deus” (IURD), etc.
Sobre esta tema da “semente” e do “semear”, vejamos o que nos diz a Bíblia:
“Jesus falou-lhes de muitas coisas em parábolas: «O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho: e vieram as aves e comeram-nas. Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra: e logo brotaram, porque a terra era pouco profunda, mas logo que o sol se ergueu, foram queimadas e, como não tinham raízes, secaram. Ouras caíram entre espinhos: e os espinhos cresceram e sufocaram-nas. Outras caíram em terra boa e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; e outras, trinta” ( Mt 13, 3-8).
O próprio Jesus Cristo explica-nos o sentido das parábolas, como se pode confirmar:
“O significado da parábola é este: a semente é a Palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem, mas em seguida vem o diabo e tira-lhes a palavra do coração, para não se salvarem, acreditando. Os que estão em sítios pedregosos são os que, ao ouvirem, recebem a Palavra com alegria mas, como não têm raiz, acreditam por algum tempo e afastam-se na hora da provação. A que caiu entre os espinhos, são aqueles que ouviram, mas, indo pelo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, pela riqueza, pelos prazeres da vida e não chegam a dar fruto. E a que caiu em terra boa são aqueles que, tendo ouvido a palavra, com um coração bom e virtuoso, conservam-na e dão fruto com a sua perseverança” (Lc 8, 11-15).
É fácil perceber, se estivermos com atenção, que muito daquilo que é ensinado por todos estes “profetas”, é falso e contrário aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Falsos profetas
A Bílbia também nos ensina a ter cuidado com estes “falsos profetas”, podendo-os conhecer melhor pelos seus frutos. Vejamos:
“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Pelos seus frutos, os conhecereis. Porventura podem colher-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Toda a árvore boa dá bons frutos e toda a árvore má dá maus frutos. A árvore boa não pode dar maus frutos nem a árvore má , dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada no fogo. Pelos frutos, pois, os conhecereis” ( Mt 7, 15-20).
Ainda na Bíblia, podemos encontrar inúmeras passagens que nos advertem para o perigo dos “falsos profetas”, os quais dão origem às seitas. Confirmemos:
“Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho, de que o Espírito Santo vos constituiu administradores para apascentardes a Igreja de Deus, adquirida por Ele com o seu próprio sangue. Sei que, depois de eu partir, se hão-de introduzir entre vós lobos temíveis que não pouparão o rebanho e que, mesmo no meio de vós, se hão-de erguer homens de palavras perversas para arrastarem discípulos atrás de si. Estai, pois, vigilantes…” (Act 20, 28-31).
“Entretanto, irmãos, exorto-vos a que tenhais cautela com os que provocam divisões e escândalos contra a doutrina que aprendeste; desviai-vos deles. É que essa gente não é a Cristo Senhor nosso que serve, mas ao seu próprio ventre; e com palavras lindas e lisongeiras enganam os corações dos ingénuos” ( Rom 16, 17-18).
“Virão tempos em que o ensinamento salutar não será aceite, mas as pessoas acumularão mestres que lhes encham os ouvidos, de acordo com os próprios desejos. Desviarão os ouvidos da verdade e divagarão ao sabor de fábulas” ( 2ª Tim 4, 3-4).
“Assim como houve entre o povo de Israel falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres; introduzirão disfarçadamente heresias perniciosas e, indo ao ponto de negar o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si mesmos uma rápida perdição. Muitos hão-de segui-los na sua libertinagem e, por causa deles, o caminho da verdade será blasfemado; movidos pela cobiça, hão-de explorar-vos com palavras enganadoras. Mas a sua condenação há muito que não perde pela demora e a sua ruína não dorme” (2ª Ped 2, 1-3).
“Quanto a vós, caríssimos, lembrai-vos das coisas preditas pelos Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando vos diziam: «Nos últimos tempos haverá uns impostores, que viverão impiamente ao sabor das suas paixões.» Estes são os que semeiam divisões, pessoas guiadas pelos instintos, pessoas que não têm o Espírito” (Jd 17-19).
Acerca das divisões, recordemos as palavras de Jesus:
“Todo o reino, dividido contra si mesmo, fica devastado; e toda a cidade ou casa, dividida contra si mesma, não poderá subsistir” (Mt 12, 25).
Assim podemos confirmar que todo aquele que semeia divisões, não possui o Espírito Santo, que Jesus enviou da parte do Pai após a sua ascensão aos céus. Fica assim provado que o Espírito vive em toda a sua plenitude na Igreja Católica, pois esta permanece unida pela mesma doutrina desde os tempos apostólicos.
Falando de maneira particular das seitas Testemunhas de Jeová e Mormons, na verdade, não são comunidades cristãs, sendo consideradas, na verdade, “Seitas Paralelas à Reforma Protestante”. Essa é até uma classificação amena e conceitual, pelo facto de conterem entre as suas teses elementos vindos das seitas protestantes cristãs das quais se desligaram. Ambas são heréticas, anti-cristãs, possuindo versões próprias e adulteradas da Bíblia e negam as verdades fundamentais do cristianismo, a saber: a divindade de Jesus, a Trindade, e a Salvação pelos méritos salvíficos da Cruz de Cristo. Isto é: Jesus não era Deus, a Trindade é uma crença pagã e Jesus não salvou e nem salva. Em suma, muito embora cegos e doutrinados para isso, são hereges sob qualquer aspecto, justamente por se apoiarem em heresias que desde o terceiro século já caíram, como o arianismo e o fideísmo, entre outras.
Podemos dizer que o grande problema surgiu quando se passou a considerar a religião como qualquer “negócio”: uma empresa comercial, segundo a oferta e a procura, utilizando técnicas de mercado e tendo o “lucro” como elemento determinante.
Já não importa o sentido da fidelidade a Cristo, ao seu Evangelho e à sua Igreja. O que importa é aumentar o número de fiéis, conquistar o povo e arrecadar o máximo possível de bens.
Obviamente, como em qualquer assunto, não faltam pessoas sérias, que buscam a Deus sinceramente. No entanto, a impressão geral que se tem dos fundadores e dirigentes de seitas, é a de que parecem mais empresários do que profetas, mais especializados em psicologia e oratória do que em Bíblia e ascética.
As seitas não são tão boas como parecem à primeira vista ou nos querem dar a entender. Nelas há de tudo: boa fé, busca do sentido da vida, espiritualidade, superação de certas atitudes negativas…porém, ao mesmo tempo, há também o engano, a exploração, a alienação e a busca do poder.
O que teria acontecido se, antes de alguém se envolver cegamente com algum destes novos sistemas religiosos, tivesse conhecido algo mais sobre a sua própria Igreja (Católica)? Sem dúvida, não se teria deixado converter tão facilmente.
Capítulo IV
Últimas Considerações
Depois de aprofundados os motivos pelos quais somos Católicos e não Protestantes, podemos dizer, de uma vez por todas, que “A Igreja é a coluna e o sustentáculo da verdade” (1 Tim 3, 15). A coluna serve para apoiar algo com firmeza, mas, para isso, é necessário que ela esteja firmada em terreno sólido, ou seja, bem fundamentada, caso contrário o que deve ser sustentado virá a baixo. Estando a Igreja edificada sobre a Verdade, ela não tem como ensinar a mentira; em termos lógicos, podemos dizer que: caminhos verdadeiros conduzem à Verdade; caminhos falsos conduzem ao Erro.
Mas, diante do pluralismo religioso que observamos no mundo moderno, qual delas seria a verdadeira Igreja de Cristo? Certamente alguma que proviesse da época apostólica. Lutero não foi apóstolo directo de Cristo, nem Calvino, nem qualquer outro reformador do século XVII, e muito menos os do presente século, como Jorge Tadeu (Igreja Maná) e companhia limitada. E porque não? Porque a Bíblia deixa bem claro que Cristo fundou uma Igreja (Mt 16). A essa Igreja, Cristo transmitiu a sua autoridade: ”Foi-me dado TODO O PODER no Céu e na Terra. IDE, pois, e fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ENSINANDO-OS a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu ESTAREI SEMPRE CONVOSCO ATÉ AO FIM DOS TEMPOS” ( Mt 28, 18-20 ).
Observe-se que é graças a essa transmissão de poder de Jesus aos seus Apóstolos ( em especial a Pedro, que detém as “chaves do Reino dos Céus” –Mt 16, 19 ) que Paulo, devidamente inspirado pelo Espírito Santo, pode escrever com segurança o versículo visto acima (1 Tim 3, 15).
Pois bem, se fosse lícito fundar “igrejas” por aí, teríamos de dizer que a Igreja original fundada por Jesus, em algum momento da sua História, deixou de ter a assistência do próprio Cristo, o que soaria anti-bíblico, tendo em vista a passagem acima transcrita (Mt 28, 18-20), pois Ele deu a certeza que estaria “SEMPRE” com a sua Igreja até ao fim dos tempos. Acrescente-se a isso o que lemos em Mt 16, 18: “Também Eu te digo: Tu és Pedro , e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela”. Estas palavras são de extrema importância. Cristo está a declarar que o Maligno tentará, mas não conseguirá destruir a sua Igreja. A propósito, é interessante ler a parábola do joio que cresce no meio do trigo e que só será arrancado e queimado no fim dos tempos em Mt 13, 24-30. Vê-se a figura da Igreja—os pecadores que estão juntos com os santos; e só no final é que o Senhor separará os cabritos das ovelhas (Mt 25, 31-46).
Cristo desejou e orou pela unidade da sua Igreja (Jo 17, 21) e afirmou que um reino ou uma casa não podem sobreviver divididos (Mt 12, 25), o que, certamente, poderia englobar a Igreja se esta aceitasse a divisão como algo “normal” (como afirmam, infelizmente, alguns [falsos] pastores).
Portanto, todo aquele que favorece a divisão e dispersa as ovelhas que foram confiadas de modo geral a Pedro (Jo 21, 15-17) - em outras palavras, fica fundando “igrejinhas” por aí - não conhece o Senhor. Jesus compara-os a ladrões e assaltantes (Jo 10, 1) e adverte que as suas ovelhas devem fugir destes (Jo 10, 5).
Olhando com atenção para essas passagens bíblicas, percebemos que a verdadeira Igreja de Jesus possui quatro marcas que a distinguem das seitas fundadas pelos falsos profetas que introduzem no seio do cristianismo “heresias destruidoras” (2 Pd 2,1). Ela é: Una, Santa, Católica (Universal) e Apostólica. Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, mantém a sua unidade através de um sólido conjunto de doutrinas e organizações eclesiásticas? Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, foi fundada pelo próprio Senhor Jesus Cristo, tendo Dele recebido a sua autoridade, podendo ser chamada de “coluna e sustentáculo da Verdade”? Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, se espalha sobre todo o orbe terrestre conhecido desde o tempo de Jesus, sendo de cunho realmente universal? Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, existe desde a era apostólica, tendo sucessores legitimamente ordenados conforme a orientação apostólica?
Ora, se algum dia a Igreja Católica, de facto, tivesse apostatado da fé ou pregado heresias, nesse dia (que felizmente nunca houve) Cristo teria quebrado a sua promessa e hoje não teríamos segurança alguma. Bem dizia Santo Agostinho (que era muito estimado por Lutero e Calvino): “Devemos seguir a religião cristã, na comunhão daquela Igreja que é Católica. E ela é chamada de Católica, não só pelos seus fiéis, mas também pelos seus inimigos” [16].
Ressalte-se que todas as antigas profissões de fé afirmam de algum modo: “Creio na Igreja…”; nenhuma diz “ Creio na Bíblia…”. E porque não o fazem? Simplesmente porque o cânon da Bíblia, como o temos hoje, somente foi definido pela Igreja Católica no século IV. Até então, cada comunidade tinha o seu próprio cânon; algumas aceitavam livros a mais, outras a menos…Foi a autoridade da Igreja que acabou com a confusão por mais de 1000 anos.
Infelizmente, porém, a confusão voltou a reinar no século XVI. Como alguns livros do Antigo Testamento contradiziam várias doutrinas da Reforma, os protestantes resolveram riscá-los das duas Bíblias. Fizeram isso seguindo a “autoridade” dos judeus da Palestina. Tentaram fazer o mesmo com certos livros do Novo Testamento, como a Epístola de Tiago, que Lutero chamava “carinhosamente” de “carta de calha”, porque contrazia frontalmente a sua doutrina de justificação unicamente pela fé. Como suscitou muita discórdia, voltaram atrás e mantiveram o cânon do Novo Testamento igual ao da Igreja Católica. Caíram, assim, em gigantesca contradição: para o Antigo Testamento, aceitaram a “autoridade” dos judeus (quem lhes conferiu tal autoridade, já que só definiram o seu cânon dezenas de anos após a morte de Jesus?); para o Novo Testamento, aceitaram a autoridade da Igreja Cristã ( Católica).
O triste de tudo isto é ver os protestantes afirmarem que foi o Concílio de Trento que incluiu mais livros no Antigo Testamento. Se isso fosse verdade, porque então a Bíblia de Guttenberg, impressa um século antes da Reforma Protestante (século XV), já trazia esses livros? E porquê que todos os padres da Igreja dos primeiro séculos os citavam nos seus escritos?
Tudo o que está na Bíblia é verdade, mas nem toda a verdade está na Bíblia. A própria Sagrada Escritura afirma que não abriga toda a Verdade: Jo 20, 30; 21, 25. Portanto, é uma falácia (que visa introduzir o erro) perguntar: “onde a Bíblia diz tal coisa?” O facto da Bíblia não empregar certa palavra não significa, de maneira alguma, que determinada realidade não exista. Um bom exemplo seria a própria Santíssima Trindade, uma crença comum entre todos os cristãos (Católicos, Ortodoxos, Protestantes Tradicionais, Pentecostais e neopentecostais): onde a Bíblia usa a expressão “Santíssima Trindade” ou a simples palavra “Trindade”? Em ponto algum; porém, tal realidade é reconhecida por todos. O mesmo se poderia dizer de outras realidades, como a existência do Purgatório: o facto de a palavra não existir na Bílbia, não significa que tal realidade não exista concretamente. Muito pelo contrário (ver 1 Cor 3,15). O mesmo de poderia dizer da Transubstanciação.
Sabemos que a Palavra de Deus é verdade. A Bíblia é “parte” da Palavra de Deus e a Igreja, como já vimos, é “a coluna e o sustentáculo da Verdade. Desde o princípio, a Igreja afirma que a Palavra de Deus é formada, além da Bíblia evidentemente, também pela Sagrada Tradição e pelo Magistério da Igreja. E não podia ser para menos: as Escrituras encerram-se com o último escrito de origem apostólica: o Apocalipse de São João. A Palavra de Deus, contudo, não pode nem está limitada a esse período de tempo.
Cristo garantiu que ficaria com a sua Igreja até ao fim dos tempos. No entanto, não revelou (mesmo quando questionado pelos Apóstolos), quando se daria esse fim (Mt 24, 3). O tempo é dinâmico: está sempre a correr. Um a um, os discípulos de Jesus foram morrendo. Ficaria “orfã” a Igreja a partir de então? É claro que não. Escreve São Paulo ao seu discípulo Timóteo: “Quanto de mim ouviste, na presença de muitas testemunhas, transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de o ensinar também a outros” (2 Tim 2, 2). Trata-se da Tradição Apostólica.
Ainda antes de morrer, Jesus disse aos seus Apóstolos: “ Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir” (Jo 16, 12-13). E o Espírito Santo desceu sobre a Igreja no dia de Pentecostes (Act 2), cumprindo a promessa de Cristo. E permanecerá com ela até ao fim dos tempos, quando Cristo vier pela segunda vez.
Assim, torna-se perfeitamente claro que a Igreja de Cristo (leia-se “Igreja Católica”, pois é a única que existe desde aqueles tempos), jamais se poderia desviar da Verdade, uma vez que a promessa de Cristo e a assistência do Espírito Santo não se restringiria apenas até à morte do último Apóstolo (a saber, São João). Muito pelo contrário, a Igreja Católica sempre contou e sempre contará com a assistência do Divino Espírito Santo e, tendo Cristo prometido estar com ela até ao fim dos tempos, será ela “ A COLUNA E O SUSTENTÁCULO DA VERDADE” até à consumação dos séculos.
Costuma-se também confundir “Doutrina” com “Disciplina” em relação ao que a Igreja ensina. Ora, a doutrina carrega consigo o carácter de imutabilidade. É uma verdade da fé revelada pelo Senhor à sua Igreja e, como tal, não pode a Igreja, por si só, introduzir qualquer alteração. É o caso da Santíssima Trindade, da presença real de Cristo na Eucaristia, etc. O tempo passa, mas a doutrina permanece a mesma. A disciplina, por sua vez, pode ser alterada. Não é uma verdade de fé, mas é parte integrante do modo de ensinar da Igreja, visando o bem dos fiéis e de sua fé, sempre sensível ao contexto e ao tempo. É o caso do celibato, da liturgia da Missa, das velas…O tempo passa e a disciplina pode ser alterada, adaptando-se ao momento presente da Igreja. Sobre assuntos disciplinares, a Igreja goza de especial autoridade para manter, revogar ou alterar certa práctica, desde que se fundamente na doutrina ensinada por Jesus.
Como já foi referido anteriormente, os protestantes assumem a doutrina da “Sola Scriptura”, isto é, “só a Bíblia basta” (já provada como errada) e ainda a doutrina da livre interpretação bíblica, também condenada pela Bíblia (2 Ped 1,20), retirando a autoridade à Igreja e transferindo-a, ilegitimamente, para a própria Bíblia. (Noutras palavras: passam uma borracha sobre a palavra “Igreja” existente em 1 Tim 3, 15 e passam falsamente a declarar: “ A ‘Bíblia’ é a coluna e o sustentáculo da Verdade”).
Ambas estas doutrinas deram origem ao pluralismo religioso que existe nos nossos dias. Consequência páctica: existem hoje mais de 40.000 denominações que se dizem cristãs, cada qual seguindo um conceito diferente.Tirando a autoridade da Igreja, a “Sola Scriptura” abriu caminho para o subjectivismo e o liberalismo religioso. Basta um “pastor” discordar de certa doutrina da sua “igreja” ou receber uma “luz especial” do Espírito Santo(?) e pronto: lá está ele fundando a sua própria “igreja”. A descrença existente no mundo contemporâneo e o descrédito no Cristianismo são devidos em grande parte à legitimação da divisão trazida pelo protestantismo e a sua ideia de “Sola Scriptura”. Porém, sabemos bem que todo aquele que causa divisão na Esposa do Senhor ( a Igreja) não herdará o Reino de Deus (Gal 5, 19-21). Tal conduta é chamada—com razão—de obra da carne por São Paulo. E o que esperar da carne senão a própria corrupção? (Rom 8, 5-8; 1 Cor 15, 50; Gal 6, 8; etc.)
Não há dúvidas de que os anos anteriores à ocorrência da Reforma Protestante foram infelizes para a Igreja Católica, pois vários Papas sem o mínimo de vocação religiosa, mas ávidos pelo poder (bem como vários integrantes do clero), muitas vezes escandalizavam e causavam grande indignação entre os fiéis. Mesmo assim— e aí está o sinal de que a Igreja Católica é realmente a Igreja de Cristo— nenhum mal causaram à sã Doutrina da Igreja (nenhuma heresia foi instituída como verdade revelada), e a Igreja conseguiu firmar-se após a Contra Reforma. De facto, o próprio Jesus já havia predito que a Igreja seria assolada pelo mal, mas este não conseguiria dominá-la: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela” (Mt 16, 18). Por isso, enganaram-se (e enganam-se ainda hoje) aqueles que abandonaram a Igreja Católica e buscaram outra fé; como diz São João: “Eles saíram de entre nós, mas não eram do nossos, porque se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido connosco; mas aconteceu assim para que ficasse claro que nenhum deles é dos nossos” (1 Jo 2, 19).
Lutero, Calvino e tantos outros— até os mais recentes— não precisariam abandonar a única Igreja do Senhor; se achavam que tinha algo de errado, mas sim lutar dentro da Igreja, como fez o grande São Francisco de Assis, que lutou e obteve êxito; porém, não quiseram submeter-se e deu no que deu.
Muitos cometem a asneira de dizer que o Papa pede perdão pelos erros da igreja. Esclarecimento: A Igreja, como instituição, jamais errou doutrinalmente porque, se errasse, não estaria assistida pelo Espírito Santo ( como já vimos que está), o que seria anti-bíblico. Quem erra são os filhos da Igreja e por vários motivos: política, sede de poder, ambição desmedida, avareza, inveja, egocêntrismo, etc. Porém, isto não macula jamais a Igreja de Cristo. O próprio Senhor afirmou: “Deixai crescer ambos [o joio e o trigo] até à época da ceifa” (Mt 13, 30). A Igreja é Santa, porque foi fundada por Cristo e goza da assistência do Espírito Santo nos asuntos de fé, mas é também pecadora porque os seus membros são humanos e, portanto, imperfeitos (1 Jo 1, 8-10).
Muitos protestantes acusam a Igreja Católica de ser uma organização assassina. Existem vários deslizes nesta afirmação. Vejamos:
Primeiro: A Inquisição não é doutrina da Igreja, mas foi disciplina adoptada erradamente (por ter ido contra a doutrina de Jesus) em determinado período da História que deve ser analisada segundo a visão e os conhecimentos da época.
Segundo: Se é verdade que a Inquisição mandou muitas pessoas para a fogueira, também é verdade (a História assim o diz) que os protestantes também fizeram uso dela para mandar muitos hereges para a fogueira. É o caso de Miguel Servet que foi queimado vivo por ordem de Calvino (fundador do Presbiterianismo).
Terceiro: Vários “católicos” também foram queimados pela Inquisição acusados de heresias: as maiores baixas deram-se entre os franciscanos, os quais, mesmo assim, continuam até hoje unidos à Igreja Católica e não se deixaram levar pelos ventos da divisão que reina entre os protestantes.
Quarto: As perseguições religiosas ocorridas em certos países, no fundo, eram de iniciativa e interesse dos seus monarcas. Católicos perseguiram Protestantes? E o inverso não ocorreu em países como a Inglaterra e a Irlanda? Muitíssimos católicos foram cruelmente assassinados na Inglaterra quando se deu a reforma anglicana, a qual surgiu porque o Papa da época não aceitou anular o casamento legítimo do monarca Henrique VIII, verdadeiro “rabo se saia”.
Outro facto que precisa também de ser esclarecido, é o de a Igreja Católica ter a sua sede em Roma. Ora, para que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo pudesse expandir-se com sucesso, foi necessária uma mudança estratégica da sede da Igreja, deixando Jerusalém e estabelecendo-se definitivamente em Roma. Isto porque, no tempo de Jesus, era de Roma que partiam todas as estradas para o mundo então conhecido, o que certamente facilitou as missões.Vejamos o que nos diz São Pedro (O primeiro Papa ): “ Manda-vos saudações a comunidade dos eleitos que está em Babilónia e, em particular, Marcos, meu filho” (1 Ped 5, 13). Pedro já estabelecido em Roma, escreve para todos os cristãos para se manterem firmes na fé. Neste caso, Babilónia é significado para Roma imperial, na época ainda dominada pelo paganismo perseguidor. Vejamos também o que nos diz São Paulo: “Antes de mais, dou graças ao meu Deus por todos vós, por meio de Jesus Cristo, pois a vossa fé é proclamada em todo o mundo” (Rom 1, 8). Através destas palavras, percebe-se que é a fé da comunidade romana que está a ser proclamada no mundo inteiro. Assim, não restam dúvidas, que para chegar a uma Verdade Absoluta em termos de Doutrina Cristã, todos aqueles que têm Jesus Cristo por Senhor, têm de estar também em plena comunhão com o Papa, sucessor de Pedro, o qual recebeu directamente de Jesus a missão de apascentar o “rebanho cristão”.
O próprio Pedro fala-nos de como devem proceder os presbíteros na comunidade:
“Aos presbíteros que há entre vós, eu - presbítero como eles e que fui testemunha dos padecimentos de Cristo e também participante da glória que se há-de manifestar - dirijo-vos esta exortação: Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, governando-o não à força, mas de boa vontade, tal como Deus quer; não por um mesquinho espírito de lucro, mas com zelo; não com um poder autoritário sobre a herança do Senhor, mas como modelos do rebanho” (1 Ped 5, 1-3).
Por último, recordemos as palavras de São Paulo no que diz respeito à tão desejada união entre todos os cristãos:
“Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos, pois, a que procedais de um modo digno do chamamento que recebestes; com toda a humildade e mansidão, com paciência: suportando-vos uns aos outros no amor, esforçando-vos por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; um só Senhor, uma só fé,um só baptismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos... E foi Ele que a alguns constituiu como Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres, em ordem a preparar os santos para uma actividade de serviço, para a construção do Corpo de Cristo, até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à medida completa da plenitude de Cristo. Assim, deixaremos de ser crianças, batidos pelas ondas e levados por qualquer vento da doutrina, ao sabor do jogo dos homens, da astúcia que maliciosamente leva ao erro; antes, testemunhando a verdade no amor, cresceremos em tudo para aquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4, 1-16).
Caros amigos e amigas, será que:
“TORNEI-ME VOSSO INIMIGO, AO DIZER-VOS A VERDADE?” (Gal 4, 16).
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