A Transverberação de Santa Teresa D’Ávila.
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Ela contou como foi a Transverberação:
“Não era grande, mas pequeno e mui formoso, com o rosto tão resplandecente que parecia um dos anjos muito elevados que se abrasam. Vi que trazia nas mãos um cumprido dardo de ouro, em cuja ponta de ferro julguei que havia um pouco de fogo. Eu tinha impressão de que ele me perfurava o coração com o dardo, algumas vezes, atingindo-me as entranhas. Quando tirava, parecia-me que as entranhas eram retiradas e eu ficava toda abrasada num imenso amor de Deus. A dor era tão grande que eu soltava gemidos, e era tão excessiva a suavidade produzida por essa dor imensa que a alma não desejava que tivesse fim, nem se contentava senão com a presença de Deus. Não se trata de dor corporal; é espiritual, se bem que o corpo também participe, às vezes muito. É um contato tão suave entre a alma e Deus que suplico à Sua bondade que dê essa experiência a quem pensar que minto.”¹
Mais dez anos após o relato, tendo falecido a santa em 1582, examinaram seu coração, órgão esse que, embora seja naturalmente o primeiro do corpo humano a se decompor, permanecia incorrupto; e do qual emanava um regueiro de sangue que exalava deliciosa fragrância. Os sinais da transverberação eram indubitáveis: no coração observavam-se os traços da carbonização causados pela mística lança. Com o passar dos anos, constatou-se que as lesões contidas naquele órgão evoluíam como que ainda estivesse vivo.
Inexplicavelmente, ainda que não estando, na noite de 18 de 1836, foi encontrado nele um espinho; surgindo ainda um outro na noite do dia seguinte; e, trinta anos depois, ambos já mediam respectivamente 5 e 7 centímetros. Com o passar dos séculos, novos espinhos lhe nasciam de forma que ao todo foram lhe contados 15.
O coração de Santa Teresa de Jesus passou a ser guardado num globo de vidro. O admirável é que invariavelmente ele despedia aroma e calor e, a despeito de um globo tão hermeticamente fechado, o vidro não suportava e estourava, o que também se sucedeu a todos os que, incontavelmente, substituíram-no; por isso, foi mister ao globo uma abertura superior, de forma que o coração “respirasse”. Por várias ocasiões, ele começou a se dilatar até adquirir um volume absolutamente inexplicável aos médicos, retornando em seguida ao seu tamanho normal. Tal experiência, de transverberação, parece única, mas, para não acharmos que mentiu a santa, permitiu a Bondade Divina que verificações médicas, realizadas entre 1872 e 73 pelos professores da Universidade de Salamanca, constatassem sobretudo isto: a existência de um corte transversal de pelo menos 5 centímetros na parte superior e anterior de seu coração e sinais de combustão que seguiam-se às feridas como que feitas por um ferro incandescente, o que deveria ter causado imediatamente a morte de Santa Teresa, a qual viveu ainda dez anos após a visão. Seu coração permanece ainda hoje incorrupto.
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