Coordenador da Frente Parlamentar Católica da Câmara, o deputado Givaldo Carimbão (PHS-AL) gerou um tumulto nesta quarta-feira (18) ao afirmar em uma audiência pública da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado que queria ver a mãe do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, exposta “com as pernas abertas”. Ele criticava o fato de a mostra “Queermuseu”, apresentada no Santander Cultural, em Porto Alegre, ter recebido dinheiro público por meio da Lei Rouanet.
Indignado com a declaração do deputado do PHS sobre sua mãe, o ministro da Cultura – que participava da audiência pública como convidado – se levantou e ameaçou abandonar a reunião. Diante dos gritos de Givaldo Carimbão, Sérgio Sá Leitão cobrou respeito do parlamentar alagoano, ressaltando que sua mãe já morreu (assista ao vídeo acima).
No início de setembro, a “Queermuseu” foi cancelada pelo Santander após imagens da mostra terem sido consideradas ofensivas por pessoas que classificam o conteúdo como um “incentivo à pedofilia, zoofilia e contra os bons costumes”.
Carimbão reclamou das obras artísticas da exposição com cunho religioso, especialmente, as que retratam a Virgem Maria. Em uma dessas obras, Maria está segurando um bebê chimpanzé nos braços, em referência ao menino Jesus.
Os integrantes da comissão convidaram o ministro da Cultura a participar de um debate sobre as polêmicas recentes envolvendo exposições artísticas.
Além da “Queermuseu”, de Porto Alegre, também gerou protestos de ruas e em redes sociais a perfomance de um homem nu no Museu de Arte Moderna de São Paulo, na qual viralizou um vídeo em que uma criança interage, ao lado da mãe, com o artista. A comissão organizou a audiência alegando que foram constatados “ilícitos penais” nas exposições.
“Eu tenho duas mães, me respeite. Eu tenho minha mãe Maria de Deus Gouvêa, que me gerou pelo ventre, e na minha doutrina de fé, eu tenho Maria Santíssima, a minha mãe Imaculada Conceição”, declarou Carimbão ao começar a discursar na sessão.
“Eu queria que fosse com a mãe dele. Eu queria que fosse com a mãe do ministro. Mijando na cabeça dela. Porque Maria é minha mãe. Maria é minha mãe. Maria é minha mãe. Eu queria pegar a mãe do ministro e colocar com as pernas abertas como está aqui nessas fotos, como Pasto Eurico mostrou [pra ver] se ele gostava. Pegar sua filha…”
Enquanto Carimbão ainda estava falando, o ministro da Cultura se levantou e ensaiu ir embora do plenário. No momento em que percebeu a movimentação de Sá Leitão, o deputado do PHS o alfinetou mais uma vez, iniciando um bate-boca.
Enquanto Carimbão ainda estava falando, o ministro da Cultura se levantou e ensaiu ir embora do plenário. No momento em que percebeu a movimentação de Sá Leitão, o deputado do PHS o alfinetou mais uma vez, iniciando um bate-boca.
Givaldo Carimbão: Ah, não quer não, não quer não? O senhor quer ser ministro para encobrir…
Sérgio Sá Leitão: O senhor ofendeu a minha mãe. Eu não admito isso.
Carimbão: Maria é minha mãe. Eu não aceito o senhor dizer que é normal financiar dinheiro… Eu não aceito, ministro.
Sá Leitão: O senhor ofendeu a minha mãe.
Carimbão: O senhor ofendeu a minha.
Sá Leitão: Eu não ofendi. Eu não falei da sua mãe. O senhor falou da minha. O senhor não pode fazer isso. Eu mencionei a sua mãe aqui em algum momento? O senhor falou da minha mãe, a minha falecida mãe, que merece todo o seu respeito.
Carimbão: E Maria não merece, não?
Diante do tumulto no plenário, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) – que presidia a audiência pública na Comissão de Segurança Pública – pediu desculpas ao ministro da Cultura, determinou que as declarações de Carimbão não fossem incluídas na ata taquigráfica e encerrou a sessão.
‘Arte do diabo’
Por telefone, Givaldo Carimbão voltou a criticar o ministro da Cultura por, segundo ele, não tomar providências sobre a exposição do Santander Cultural.
“Quem não toma providência, apoia”, reclamou o parlamentar.
“Pode fazer com a mãe dos outros, mas não com a dele? Maria é minha mãe. Eu sou consagrado em nossa senhora”, acrescentou.
Na entrevista ao G1, o deputado de Alagoas disse que, na opinião dele, obras artísticas que satirizam símbolos cristãos são “uma falta de respeito a Jesus”. “Isso é arte do diabo, do Satanás”, enfatizou.
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