Revirando os arquivos do meu computador, tive a satisfação de encontrar cartas de uma antiga e longa polêmica.
Refiro-me a um protestante que, derrotado em seus disparates contra o
batismo de infantes, partiu desesperadamente para um frustrado ataque ao
primado de São Pedro.
Duas razões explicam o título de doutor, com o qual coroamos ironicamente nosso pretenso desafiador.
A primeira por se tratar de alguém que se apresenta como se fosse um
erudito teólogo, historiador e gramático, considerando-se um expert
conhecedor do grego e do aramaico, além de usurpar para si a qualidade
de intérprete infalível das Sagradas Escrituras.
A segunda razão, de menos importância, justifica-se pelo fato de não
mencionarmos, nesta ocasião, o legítimo nome de nosso adversário, uma
vez que o debate precedeu a criação de nosso site e as cartas foram
trocadas em particular.
Mesmo sendo importante saber a quem se combate, é, sobretudo, o triunfo da verdade sobre os erros o que realmente importa.
O motivo pelo qual decidimos divulgar esse debate é tão somente
contribuir para que outras almas sinceras aproveitem dos argumentos nele
contidos, para também defender nossa augusta Fé Católica dos ataques de
seus inimigos.
Primeiramente, apresentaremos nossa resposta com as devidas refutações
aos desatinos do protestante. Ao final estará, na íntegra, o conjunto de
tolices que o inimigo do papado teceu contra São Pedro e seu
incontestável primado.
Abraão: a rocha do Antigo Testamento
Silenciado com uma amarga derrota sobre o batismo, eis que o erudito
doutor emerge de seu profundo silêncio, reassumindo sua cátedra de fiel
repetidor das heresias protestantes.
Já não bastasse o fracassado ataque ao batismo de crianças, agora
pretende salvar seu diploma de heresias com fúteis ataques ao primado de
Pedro.
Em sua primeira asnice, você nos garante que Deus é a única rocha do Antigo Testamento:
“No Antigo Testamento Petra nunca é usado para qualquer homem, mas só para Deus” (Palavras do “doutor”. O negrito é meu).
Fazendo jus ao diploma que se arroga, você omite a prova contra sua primeira pseudo-tese:
“adtendite ad petram unde excisi estis... adtendite ad Abraham patrem vestrum”. (Is LI,1-2, Vulgata Latina).
“Olhai para a rocha da qual fostes talhados... Olhai para Abraão, vosso pai,...” (Is LI, 1-2).
Renegando a rocha petrus, sua primeira e falida tese cai perante a rocha Abraão.
Para seu desespero, a Sagrada Escritura nos revela não uma, mas duas
rochas: Abraão do Antigo Testamento e outra, Petrus, do Novo Testamento.
Ambos foram designados por “rocha” e tiveram seus nomes mudados: Abraão
tornou-se pai e chefe das nações; Pedro, o pastor supremo da Igreja de
Cristo.
Qual será sua reação contra essa outra rocha que esmaga sua tese
luterana? Extirpará, à moda Lutero, o Livro de Isaías do Cânon
protestante por atribuir a um homem a qualidade de petram?
“Ai de vós, doutores de mentiras, ai de vós...”.
Somente Cristo é Pedra?
Seguindo fielmente a cartilha protestante – em oposição ao livre-exame
pessoal – você apresenta passagens que afirmam ser Cristo a pedra e não
Pedro.
Ora, que Cristo é de fato a pedra angular do cristianismo, nunca se
contestou. Não é esse o cerne da polêmica. A questão é se Pedro foi
também designado por Cristo como pedra de sua Igreja.
Obviamente que seu protesto será imediato, dizendo, como prescreve seu
manual de mentiras, que não pode haver duas pedras como fundamento da
Igreja. Só Cristo é a pedra, dizem os discípulos de Lutero.
Abrindo o Evangelho de São João, deparo-me com a seguinte afirmação de Nosso Senhor: “Eu sou a luz do mundo” (S. João VIII, 12).
Aplicando a lógica protestante, teríamos que admitir que somente Cristo é
Luz do mundo. No entanto, ao abrir o Evangelho de São Mateus, encontro
semelhante afirmação de Cristo direcionada aos seus apóstolos: “Vós sois a luz do mundo” (Mt V, 15).
Haveria aqui uma contradição? Absolutamente, não. A confusão só existe
na cabeça teimosa de quem se atreve a confiar mais no próprio juízo do
que no ensino infalível da Igreja que é Coluna e sustentáculo da verdade
(1Tm III,15).
Conforme os Evangelhos, existem duas luzes do mundo: Cristo e os
apóstolos. Cristo, fonte de luz, e a outra, reflexo dessa fonte. Cristo é
o sol e os apóstolos os espelhos que, iluminados, refletem essa luz no
mundo.
Prosseguindo, encontramos no Evangelho de São Marcos a seguinte afirmação de Nosso Senhor:
“Só Deus é bom." (Mc X,18)
Pensaria você que não há nada de bom na criação e, muito menos, bons
homens, porque disse Cristo que somente Deus é bom? Impossível! Não há
como admitir tamanha bobagem protestante.
Evidentemente, só Deus é bom no sentido de que Ele é a própria bondade e
a fonte de todo bem. Mas essa verdade não exclui a bondade existente
nas coisas criadas: “Pois tudo o que Deus criou é bom". (ITm IV,4)
Novamente temos Bom e bom, assim como há Luz e luz.
E por que não duas pedras? Na verdade é uma necessidade que se
justifica. Pedro, sendo humano, fraco e limitado como todo homem, também
necessitava de um apoio, um firme sustento que o conservasse inabalável
como chefe supremo da Igreja. Ora, uma rocha só pode sustentar algo se
ela também estiver cravada em local firme. Por isso Cristo sustenta
Pedro que por sua vez sustenta a Igreja. Logo, Cristo também sustenta a
Igreja.
Esse raciocínio é tão coerente quanto a existência de duas luzes, como
já explicamos. Mas sua teimosia vai além. Buscando desesperadamente
socorrer sua tese que naufraga no oceano das mentiras, você recorre à
seguinte passagem da Epístola de São Pedro:
“Chegai-vos a ele [Cristo], a pedra viva, rejeitada, é verdade, pelos
homens, mas diante de Deus eleita e preciosa. Do mesmo modo, também vós,
como pedras vivas, prestai-vos à construção de um edifício espiritual,
para um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais
aceitáveis a Deus por Jesus Cristo” (1Pd II, 4-5).
Exercendo o desastroso e contraditório livre-exame, você formula a seguinte interpretação pessoal:
“Pedro diz que os discípulos são pequenas pedras na grande construção
que é a Igreja, sendo Jesus a pedra principal. É como se os discípulos
fossem tijolos. Isso explica quando Jesus diz: “Tu és Pedro”, de certa
forma Pedro também é uma pedra, mas não é a pedra angular, nem a Rocha”.
Auto lá! Já disse e torno a repetir que Cristo é EVIDENTEMENTE
a Pedra principal de sustentação da Igreja. Creio que não lhe seja de
difícil compreensão que Cristo, sendo Deus, não pode confundir-se e
muito menos contradizer-se.
Em harmonia com essa verdade, pergunto-lhe:
Se Pedro é apenas uma pedrinha em nada distinta dos demais discípulos,
por que somente a Pedro Cristo se dirigiu como pedra sobre a qual Ele
edificaria sua Igreja? Por que essa especial singularidade de Cristo a
Pedro?
Dizer que São Pedro não foi privilegiado como pedra de sustento da Igreja é considerar as ações de Deus ocas e sem sentido.
Cristo disse “Tu és Petrus”, no singular, e não “vós sois Petrus”.
Não há uma passagem sequer em que Cristo tenha dito a outro apóstolo que
seria “a pedra sobre a qual Ele haveria de edificar a sua Igreja”.
Sobre a questão de Pedro ser pedra ou pedrinha, vamos tratar a seguir, desmascarando mais uma de suas inúmeras tolices.
Pedro: pedrinha ou Rocha?
Insistindo cegamente em seu condenado exame pessoal, você agora recorre
ao Evangelho de São João na tentativa de salvar sua ultrapassada “tese”
de que Pedro seria uma mera pedrinha, enquanto Cristo, uma grande Rocha.
Sem pensar, ou pensando, você apresenta como base de sua argumentação
uma passagem que, longe de contradizer a interpretação católica, a
confirma:
“Ele o conduziu a Jesus. Fitando-o, disse-lhe Jesus: ‘Tu és Simão, filho
de João; chamar-te-ás Cefas’ (que quer dizer pedra)” (S. João I, 42).
A partir disso, você pensa ter refutado a doutrina católica sobre o
Primado de Pedro. Mas, como sempre, a malícia protestante novamente é
flagrante.
A fórmula do seu sofisma bem ignorante seria a seguinte:
Pedro é Cefas que é pedra.
Cristo é petra que é rocha.
Logo, teríamos Pedro que é pedra e Cristo que é rocha.
Esse seria seu suposto trunfo contra a verdade do primado. Mas onde está
o equívoco desse raciocínio que não passa de uma distorção serpentina?
Justamente nos termos Cefas e petra.
Você simplesmente esquece ou omite que Cristo falava aramaico e não
grego. A certeza disso é comprovada justamente pela palavra Cefas, entre
outras, que foram preservadas nos Evangelhos.
Considerando o aramaico, língua de Nosso Senhor, a palavra utilizada em
Mateus XVI, 18, não foi petrus ou petra, que é grego, mas unicamente
Cefas:
“tu és Cefas e sobre esta Cefas edificarei minha igreja”.
No aramaico não há diferença verbal entre Pedro e pedra. Nessa língua a
palavra pedra (Cefas) não possui gênero, assim como no francês, onde
sempre se usou pierre tanto para Pedro quanto para rocha.
“Et moi, je te dis que tu es Pierre, et que sur cette pierre je bâtirai mon Église” (Mt XVI,18).
Caso Cristo desejasse contrastar uma pequena pedra de uma grande Rocha,
deveria ter usado a palavra aramaica evna (pequena pedra), mas não usou.
Cristo e Pedro são unicamente Cefas, que significa rocha. Porém, ao
fixar-se tão cegamente no grego você esqueceu que Cristo falava
aramaico.
Para elucidar melhor o assunto, transcrevo a explicação do Padre Leonel Franca:
“Cristo falava aramaico. Ora, em aramaico, nenhuma diferença verbal entre Pedro e pedra. Traduzido à letra, o texto original de S. Mateus diria: Tu és pedra (Kefa) e sôbre esta pedra
(Kefa) edificarei a minha Igreja” (Pe. Leonel Franca. A Igreja, a
Reforma e a Civilização. 7ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1958, p. 29. O
negrito é meu).
Está aí: “tu és Kefa, e sobre esta kefa”. Nada de petrus ou petra.
É certo que você não poupará protestos dizendo que o argumento parte de
um padre católico. Todavia, se esse é o problema, transcrevo a
explicação de um protestante bem mais honesto do que certos luteranos de
seitas de esquina:
“Pedra não é nem a confissão de Pedro, nem Cristo... Interpretações que o
contexto não admite, mas o próprio Pedro. Falando siríaco, Cristo
não empregou nenhum apelido, mas em ambos os incisos disse Cephas, como
em francês o termo pierre designa tanto o substantivo próprio como o
apelativo.” (J. G. Rosenmüller, Scholia in N. T., 6ª ed.,
Norimbergae, 1815, I, p. 336 apud Pe. Leonel Franca. Polêmicas, 2ª ed.
Rio de Janeiro: Agir, 1953, p.365. O negrito é meu).
E veja o que diz um outro protestante que concorda com a interpretação católica:
"Nous nous plaçons encore ici sur le terrain qui leur est le plus
favorable [aos católicos] parce qui'll est à nos yeux le seul vrai; et
nous admettons que ce passage renferme une promesse spéciale fait à
Saint Pierre" ["Nós nos colocamos ainda aqui num terreno que lhe é mais
favorável (aos católicos) porque ele é, a nossos olhos, o único verdadeiro; e nós admitimos que essa passagem contém uma promessa especial feita a Pedro"]
(P. F. Jalaguier, De l’Eglise, Paris 1899, p. 219 apud Pe Leonel
Franca. A Igreja, a Reforma e a Civilização. 7ª ed. Rio de janeiro:
Agir, 1958, p 33. O negrito é meu).
Só pelo fato de que Cristo falava aramaico, fica liquidada sua
argumentação. Além do mais, deveria você saber que o Evangelho de São
Mateus não foi escrito em grego, mas em hebraico, como atesta Santo
Irineu no século II:
“Mateus, achando-se entre os hebreus, escreveu o Evangelho na língua deles...”.
(S. Irineu. Adv. Haer. L. III, c. 1, n. 1 apud Pe. Leonel Franca. A
Igreja, a Reforma e a Civilização. 7ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1958, p.
69 e 70).
Também há o testemunho de Eusébio de Cesaréia:
“Quanto a Mateus, compôs os discursos [do Senhor] na língua hebraica...” (Pe Leonel Franca. Protestantismo no Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1952, p.265. O negrito é meu).
Esse fato só vem a corroborar com a fórmula original: “Tu és Cefas, e sobre esta Cefas...”.
E o que é Cefas? Uma rocha inabalável.
Na língua de Cristo e na língua original do Evangelho de São Mateus, Pedro e Cristo são unicamente Cefas! Ambos são rochas!
Pretendendo ser um perito em grego, acabou revelando sua ignorância em aramaico.
Mas quem disse que o grego contraria a interpretação católica? Isso é delírio seu.
A tradução grega do Evangelho de S. Mateus em nada lesou a legitimidade
do Primado de Pedro. E para sua surpresa, é um protestante quem nos
garante isso:
“O Novo Testamento foi escrito em grego Koiné... E no grego koiné, tanto ‘petros’ quanto ‘petra’ significam “rocha”. Se Jesus quisesse chamar Simão de “pedrinha”, usaria lithos...” (D. A. Carson, The exporsitors Bible Commetary {Grand Rapids: Zonderva, 1984} Frank E. Gaebelein, ed., 8:268)”.
De acordo com o estudioso protestante, tanto “petrus” quanto “petra”
significam rocha. O termo para designar pequena pedra é lithos.
Para somar voz com o argumento protestante, transcrevo as palavras de um ex-protestante, Dave Amstrong:
“No grego koiné do NT as palavras petros e petra não possuem significados distintos...
A palavra para designar “pedra pequena” é lithos. Por exemplo, em
pedras, lithos, em pães; em Jo 10,31, os judeus apanham pedras, lithos,
para apedrejar Jesus” [http://www.geocites.com.br. O negrito é meu].
Segundo o parecer dos estudiosos [incluindo protestante], petrus e petra são sinônimos e não termos opostos.
Você apresenta mais dois supostos entraves para o Primado de Pedro, mas
que não passam de devaneios de sua pobre cabeça ofuscada pelas brumas
exegéticas de sua surrada cartilha luterana.
Vejamos o primeiro:
“Os teólogos romanos dizem que no aramaico, Kephas sifnica pedra. Mas, no aramaico, Kephas não é traduzido por Petra, pedra, mas por Petros, fragmento de pedra”. (O negrito é meu).
Mas que confusão! No desespero de provar um suposto equívoco católico, você simplesmente cai em patente contradição.
Veja em destaque:
“... no aramaico, Kephas não é traduzido por Petra, pedra, mas por Petrus, fragmento de pedra” (O negrito e os destaques são meus).
Conclusão:
1) Kephas ou Cefas não é pedra no aramaico;
2) No grego, Kephas ou Cefas é traduzido por Petrus e não por petra;
Primeiramente você citou João I, 42 para provar que Kephas ou Cefas é
pedra. No entanto, ignorando a mesma referência, você me diz que Cefas
não quer dizer pedra?
Afinal, Cefas é ou não é pedra?
A passagem diz que é: “Ele o conduziu a Jesus. Fitando-o, disse-lhe Jesus: ‘Tu és Simão, filho de João; chamar-te-ás Cefas’ (que quer dizer pedra)” (S. João I, 42).
Portanto, NO ARAMAICO, língua de Nosso Senhor, Cefas significa pedra.
Permita-me corrigi-lo quanto à formulação de sua frase, que suponho, seria assim:
“... NO GREGO, Kephas (do aramaico) não é traduzido por Petra, pedra, mas por Petrus, fragmento de pedra”.
Agora sim temos uma objeção corretamente formulada. Mas, como você falha
até mesmo na construção de seus questionamentos, peço licença para
construí-la, de tal forma, que dê mais ênfase no seu real objetivo.
Se Cefas é petra, por que a versão grega do Evangelho de São Mateus traduz o nome de Pedro por petrus e não por petra?
Passo a responder.
Por que grego e aramaico possuem estruturas gramaticais diferentes. No
aramaico pode-se usar Cefas nas duas partes da frase. Já no grego, isso
não foi possível de ser mantido. Como a palavra grega “petra” é
feminina, ela não pôde ser utilizada para designar o novo nome de Simão
que é masculino. Por isso a distinção – no grego – entre petrus e pedra,
foi preferida pelo tradutor para manter a concordância:
“O tradutor grego de S. Mateus preferiu no primeiro membro masculino que tem o mesmo radical que πετρα e significa também pedra, rocha,
porque a desinência masculina melhor se adaptava a um nome de homem. Os
helenistas chamaram Pedro de Cephas; o tradutor seguiu o uso corrente.”
(Pe. Leonel Franca. A Igreja, a Reforma e a Civilização. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Agir, 1958, p. 29. O negrito é meu).
O tradutor nem imaginava que séculos depois os hereges protestantes
fariam tamanha confusão com duas palavras que, como provado, são
sinônimas.
Desmascarado seu primeiro suposto entrave protestante, passemos ao segundo.
Os pronomes demonstrativos
Disse você:
“Na língua portuguesa existe uma diferença entre ESTA e ESSA. Esta com T e essa com SS são pronomes demonstrativos. Eles indicam o que é meu ou do outro; assim como perto e longe.
Este carro: meu carro (sic!).
Esse carro: carro de outro (sic!)
Na tradução da bíblia para o português Jesus diz: “sobre esta pedra”
indicando que Jesus fala de si mesmo. Até na tradução católica está com
T. Essa diferenciação não existe no grego original, a palavra é tautê
(tauth)”.
***
Vejamos agora suas trapalhadas gramaticais.
Após revelar-se um desastre como exegeta, agora você revela-se uma
catástrofe em gramática. Errou no grego, errou no aramaico e agora
também erra no português. Que feio. Não conhece nem português e
atreve-se a querer explicar grego.
Segundo sua análise gramatical, os pronomes demonstrativos (este e esse
ou esta e essa) designam um bem que me pertence ou que pertence a outro.
Deixemos de lado sua definição duvidosa e vejamos o que diz um verdadeiro entendedor de gramática.
Pronome demonstrativo “este”:
“Designa pessoa ou coisa próxima de quem fala: Este livro é meu”
(Eduardo Martins. Manual de redação e estilo. São Paulo: O Estado de São
Paulo, 1990, p. 165).
Pronome demonstrativo “esse”:
“Indica pessoa ou coisa um pouco afastada de quem fala ou próxima de um
interlocutor: Por favor, traga-me esse livro” (Op. cit.).
Para que você confirme a definição dada pelo autor que utilizamos, procure em qualquer Gramática da Língua Portuguesa.
Nunca se ensinou em nenhum lugar que os pronomes demonstrativos este e
esse indicam algo que é meu e algo que é de outro. O correto é que um
indica algo próximo de quem fala e o outro, algo distante de quem fala
ou próximo da pessoa com quem se fala.
Os pronomes demonstrativos são utilizados para delimitar a distância de
um objeto ou pessoa, em relação àquele que fala. Lamentavelmente você
confundiu pronome possessivo (meu, minha, seu, sua) com pronome
demonstrativo (este, esta, esse, essa).
Como se atreve você a se meter em fazer exame de textos Sagrados, se nem gramática sabe?
Considerando a correta definição gramatical e aplicando à fala de Nosso
senhor, o pronome “esta”, indica que Pedro (a pedra) estava próximo de
Cristo.
Ainda sobre os pronomes este e essa, você disse o seguinte: “Essa diferenciação não existe no grego original, a palavra é tautê (tauth)” (negrito é meu).
Agradeço a confissão. Pois, se essa diferença entre os pronomes “este” e
“essa” não existe no grego original, fica liquidada, mais uma vez, essa
tola argumentação sua. Basta-nos recorrer ao grego ignorando a tradução
portuguesa, e caso encerrado novamente.
Tentando ainda salvar sua infundada oposição ao primado, você mais uma
vez mutila a gramática portuguesa com sua desastrosa análise.
Consultando sua nova gramática da ignorância, conclui:
“O demonstrativo tauth (esta) encontra-se no feminino, ligando-se,
portanto, gramatical e logicamente à palavra feminina Petra, à qual
imediatamente procede. O demonstrativo feminino não pode concordar em
número e gênero com um substantivo masculino”.
Para desmascarar mais essa manobra de sua ignorância protestante,
utilizarei um exemplo retirado da obra do Pe. Leonel Franca que lhe
será, sem dúvida, uma boa aula de gramática.
Imaginemos a seguinte frase:
“Eis a baía de Guanabara; neste porto magnífico pode ancorar a maior esquadra do mundo”.
Aplicando sua “lógica”, o demonstrativo “neste” não teria qualquer relação com a expressão precedente, baía de Guanabara,
e assim seria porque o demonstrativo (neste) está no gênero masculino,
concordando com o porto, enquanto Guanabara é nome próprio do gênero
feminino (Pe. Leonel Franca. Protestantismo no Brasil, 3º ed. Rio de
Janeiro: Agir, 1952, p.213).
Segundo sua gramática protestante, o demonstrativo “neste” só teria
relação com “Guanabara” se estivesse no feminino. Portanto, destruindo
as regras da concordância, a frase deveria ser construída da seguinte
forma:
“Eis a baía de Guanabara, nesta porto magnífico...”
Deus do Céu! A gramática mais uma vez “agoniza”.
O absurdo é tão evidente que dispensa quaisquer comentários.
Conjunções aditivas e adversativas
Não pense que sua lambança gramatical
tenha acabado. Sua incompetência como gramático pode ser ainda
demonstrada com uma análise gramaticalmente séria da passagem em
questão. E uma análise correta não permite outra interpretação senão a
de que São Pedro é a pedra mencionada por Cristo em ambos os incisos da
frase.
Disse Cristo:
"tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja".
Para que fique ainda mais claro o erro gramatical de sua interpretação, é
necessário explicar a diferença entre conjunções coordenativas aditivas
e adversativas.
Conjunções coordenativas aditivas: exprimem soma, adição de pensamento.
Exemplos:
Tomei café e saí.
Teresa não fala nem ouve.
Conjunções coordenativas adversativas: exprimem oposição, contraste, compensação de pensamento.
Exemplos:
Os professores trabalham muito, mas ganham pouco.
Fabiana é super inteligente, mas é Paulo que eu admiro.
Explicada a diferença entre ambas as conjunções, segue a pergunta: qual a
conjunção utilizada por Cristo em Mateus XVI,18? Justamente a conjunção
coordenativa aditiva “e” que, segundo sua função, exprime adição de pensamento ou idéia.
A conjunção “e” exerce a função copulativa (ligação), e não de oposição, como deseja sua miopia protestante.
Assim sendo, a segunda oração – sobre esta pedra edificarei minha Igreja
– está ligada à primeira oração – tu és Pedro – pela conjunção “e”.
Pela regra gramatical, há uma adição e não uma oposição de pensamento. A
conjunção aditiva da passagem vincula a edificação da Igreja ao sujeito
da primeira oração, que é Pedro. Caso Cristo desejasse edificar sua
Igreja sobre si mesmo, a conjunção a ser utilizada deveria ser
adversativa.
Gramaticalmente, a falsa interpretação protestante só teria razão se a passagem estivesse assim:
“tu és Pedro, mas (oposição) sobre esta pedra edificarei minha Igreja” ou ainda “tu és Pedro, porém, sobre esta pedra edificarei minha Igreja”
Nos dois casos temos conjunções adversativas, ou seja, uma oposição
entre a segunda e primeira oração, diferente da função aditiva da
conjunção “e”.
Esse mesmo raciocínio foi também utilizado por Padre Leonel em sua obra contra o protestantismo no Brasil:
“Como referir o segundo membro do verseto a outrem que não a Pedro? Não é
só todo o contexto, como já vimos, que elimina essa interpretação; é a
própria construção gramatical do texto que a exclui sem possibilidade de
relutância racional. Entre o primeiro e o segundo hemistíquio do
verseto, o evangelista interpôs uma conjunção copulativa: tu és pedra e
sobre esta pedra [...] para indicar que a pedra do segundo membro é a
mesma de que se fala no primeiro; se fora outra, impunha-se em grego a
adversativa...” (Pe. Leonel Franca. Protestantismo no Brasil. 3ª ed. Rio
de Janeiro: Agir, 1952, p.212).
Por isso se vê que apenas a construção gramatical da frase é suficiente
para derrubar a tola oposição protestante contra o primado.
O próprio contexto da passagem da promessa de edificação da Igreja mostra uma referência ininterrupta à pessoa de Pedro: “Eu te declaro... tu és Pedro... Eu te darei...”. Somente alguém com uma profunda ignorância gramatical para não perceber o óbvio.
Diante do que expusemos, é impossível, gramaticalmente e teologicamente,
dizer que São Pedro não é a pedra sobre a qual Cristo edificou sua
Igreja. Não há como estabelecer outra interpretação. Isso só seria
possível se assassinássemos a gramática como faz você e seus asseclas
protestantes.
Lamento muito dizer-lhe, mas você merece um ZERO como teólogo, um ZERO
como exegeta e um ZERO como gramático. O seu diploma de heresias lhe é
justo pelas charlatanices que repete dos manuais capengas do
protestantismo.
In Jesus et Maria, semper
Eder Silva
Continua...
Leia também: "Desmascarando as mentiras de um pretenso doutor (Parte 2) e (Final)"
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