Fonte. O Catequista
Certas criaturas que não perdem uma única oportunidade de difamar a Igreja Católica (nem preciso nomear, vocês já sabem quem são) estão espalhando nas redes sociais a imagem acima, que associa o catolicismo – e também o nosso Papa – ao satanismo. Nossos leitores, então, nos pediram para esclarecermos essa confusão. Vocês é quem mandam!
O bastão prateado em questão é um báculo, símbolo da autoridade dos bispos. Os bispos das igrejas católicas do Ocidente, em geral, usam o báculo na forma de um cajado de pastor; já os bispos de tradição oriental (católicos ou ortodoxos) usam um modelo diferente, com duas serpentes enroscadas no bastão, com uma pequena cruz sobre elas.
Para contextualizar melhor, mostramos abaixo a ocasião em que a tal foto do Papa Francisco foi tirada: um encontro com Bartolomeu I, o Patriarca de Constantinopla. Ambos estavam se saudando na sacada da sede do Patriarcado Ecumênico de Istambul. Dá pra ver claramente que o Papa não estava segurando o báculo com as serpentes, e sim o patriarca ortodoxo, que nem católico é! Então, a mentira e a manipulação da imagem acima já começam por aí…
Entretanto, ainda que o Papa estivesse empunhando o báculo com as serpentes, não haveria problema algum! Tal simbolismo é perfeitamente cristão e também faz parte do catolicismo, em especial, das igrejas católicas orientais de tradição siríaca (para saber mais sobre igrejas católicas de Rito Oriental, clique aqui).
É compreensível o estranhamento que esse báculo nos causa. Afinal, estamos acostumados a ver a cobra como uma referência ao Maligno – e isso não é incorreto. Porém, nos esquecemos de que, no Evangelho, o próprio Cristo se comparou à serpente de Moisés:
“Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.” (João 3,14-15).
Nas Escrituras, a mesma dualidade simbólica ocorre com o leão, por exemplo: muitas vezes, esse animal é associado a coisas positivas (como a coragem, e o próprio Cristo, Leão da Tribo de Judá), e outras tantas vezes aponta para coisas más (como traição, tirania, violência e o próprio demônio).
O báculo oriental, portanto, remete à serpente de bronze erguida por Moisés no deserto, a mando do Deus de Israel; por meio dela, os hebreus encontraram a cura, e se livraram da morte certa (Num 21,8). Também remete a Cristo crucificado, que assumindo sobre si os pecados dos homens, nos abriu as portas da redenção e da vida eterna.
DESVENDANDO O DESENHO DO DEMO
Ok… E como um símbolo autêntico da tradição cristã foi parar em uma das imagens mais difundidas do capeta? Conto pra vocês agora! No século XIX, o francês Eliphas Lévi, um dos mais célebres ocultistas da modernidade, publicou um livro chamado “Dogma e Ritual da Alta Magia” (1854). A obra continha a ilustração “Baphomet de Mendes”, concebida e traçada pelo próprio Eliphas.
Ao descrever a figura, Eliphas diz: “Sim, nós encontramos aqui o fantasma de todos os terrores, o dragão de todos os teogônicos, o Ahriman dos persas, o Typhon dos Egípcios, a Píton dos Gregos, e a velha serpente dos Hebreus…”
Ou seja, o próprio idealizador e autor da imagem confessa que se apossou de um símbolo santo e bíblico – a serpente de Moisés sobre a haste – para imprimir nele um significado pagão.
Assim, está provado que não foi o catolicismo que adotou um símbolo satanista, e sim o satanismo que tentou se apossar de um símbolo católico. Vimos esse “filme” se repetir recentemente, com o pavoroso crucifixo marxista do padre Espinal, com o qual Evo Morales presenteou o Papa Francisco; é o comunismo buscando se apropriar de um símbolo católico.
Quanto às cobras peçonhentas, que vivem a espalhar confusão e calúnias contra a fé católica, resta-nos rezar para que se convertam, antes que mordam a língua e se engasguem com o próprio veneno!
Fontes:
The Serpents of Orthodoxy. 18/04/2013. Artigo de Jonathan Pageau, publicado no site do Orthodox Arts Journal. Pageau é artista sacro (escultor), e estudou Teologia Ortodoxa e Iconologia na Universidade de Sherbrooke.
ELIPHAS, Lévi. Dogma e Ritual da Alta Magia
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