São Casimiro da Polônia
A força da pureza no combate pela Fé
Detentor
de merecidos títulos de grandeza terrena como Príncipe da Polônia e Rei
natural da Hungria, São Casimiro foi, entretanto, maior ainda por sua
inteira submissão à vontade de Deus. Seguindo as pegadas de Nosso Senhor
Jesus Cristo, procurou moldar sua alma segundo a fisionomia moral do
Divino Redentor, tornando-se o primeiro santo jovem leigo da era dita
moderna.
CASIMIRO IV - REI DA POLÔNIA |
Para
a educação de seus filhos, Casimiro IV nomeou o polonês João Dlugosz
(1415-1480), Cônego de Cracóvia, que se distinguia por grande saber e
provada virtude.
Era
costume na época colocar os príncipes sob a influência de professores
filiados a correntes renascentistas. Por isso o jovem Príncipe Casimiro,
que teve como mestre o italiano Filippo Bonaccorsi, cognominado Calímaco, o qual ensinou-lhe latim e retórica. Esse mestre passou a chamar o discípulo jovem divinizado, por causa de suas virtudes.
Visando
sujeitar seu corpo às leis do espírito, Casimiro utilizava-se do
cilício e da disciplina, jejuava e dormia em dura terra, em meio ao
ambiente de frivolidade que as cortes renascentistas criavam. Com isso
sua alma desprendia-se dos prazeres fáceis da vida mundana, lançando-se
para celestes grandezas da perfeição cristã.
Contemplação dos mistérios da Paixão: fonte de fortaleza
A
paz interior de sua alma manifestava-se na louçania e serenidade do seu
semblante, afeito à contemplação. Mesmo com as ocupações inerentes ao
seu alto cargo, não se esquecia que, além dos deveres de estado, mais
ainda devia zelar pela honra do Divino Salvador, que padeceu cruéis
sofrimentos por amor aos homens.
Sua
alegria consistia em estar junto ao Sacrário para adorar Aquele que é o
Soberano absoluto de todos os corações, tanto dos reis quanto dos
súditos. Por isso, entrando nas igrejas, ajoelhava-se diante de Jesus
Sacramentado, esquecendo-se de tudo quanto era terreno. Passava aí
muitas horas da noite na contemplação dos mistérios da Paixão. Muitas
vezes, não continha as lágrimas ao contemplar o Divino Crucificado,
considerando as ofensas por Ele suportadas, ao mesmo tempo em que ardia
em desejos de repará-las. Seu rosto ficava então inundado por uma luz
sobrenatural.
Tinha
muita caridade para com os necessitados de qualquer espécie: amparava
os fracos, encorajava os oprimidos e levava o bálsamo de uma palavra
cheia de afeto aos prisioneiros, enfermos e angustiados.
Se
assim procedia em relação aos desvalidos, seu trato na Corte era
igualmente exímio. Tinha tal aptidão para os estudos, que, aos 13 anos,
proferiu primoroso discurso em latim, saudando o Legado Pontifício. Dois
anos depois, com mesmo talento, homenageou o embaixador veneziano.
Baluarte contra o cisma russo e a heresia protestante
A pedido de
seus partidários húngaros, esse casto e valente Príncipe, com apenas 13
anos de idade, em 2 de outubro de 1471 precisou armar-se como um
verdadeiro guerreiro para conquistar a coroa de Santo Estêvão, à frente
de um exército de 12 mil homens. Não lhe faltavam, por parte de sua mãe,
os títulos dinásticos para depor o então Rei da Hungria.
PAPA SIXTO IV |
Mesmo tendo se submetido ao apelo do Papa, São Casimiro conservou o título de “senhor natural por direito de nascimento do reino de Hungria”.
Em
suas terras, lutou valentemente para que a verdadeira Igreja fosse
favorecida. Atacou duramente as heresias e os movimentos subversivos da
época, tendo mesmo estabelecido um pacto de defesa antiturca com os
Estados italianos.
Após
a morte de Sixto IV, São Casimiro tornou-se inquebrantável escudo da
verdadeira ortodoxia contra as heresias provindas da pseudo-reforma
protestante e dos erros da igreja cismática russa. Acompanhou
sempre seu pai na administração do reino bem como nas viagens que este
empreendeu a reinos vizinhos. Por saber o latim, seu pai o utilizou em
Danzig como intérprete no encontro que manteve com o Rei sueco
Cristiano.
Aquela
foi uma época em que se verificavam muitos confrontos do Rei polonês
com os senhores feudais revoltados. Além disso, ferrenhos combates foram
travados com os Cavaleiros da Ordem Teutônica, já em franca decadência,
que foram obrigados a assinar um tratado de paz com o Reino polonês,
mediante o qual cederam a este a Prússia Ocidental.
Fiel ao voto de castidade, não temeu a morte
Em 1483 ocupou-se da administração dos Ducados da Lituânia, preocupando-se sempre com o bem dos súditos.
Nessa ocasião que seu pai manifestou-lhe o desejo de que ele se casasse com a filha do Imperador alemão Frederico III. Tendo
São Casimiro contraído tuberculose, os médicos julgavam que o casamento
o curaria, pois acreditavam que a vida austera do jovem Príncipe era a
causa da doença. Singular constatação! São Casimiro, porém, preferiu permanecer fiel a seu voto de castidade perfeita.
A tuberculose na época era uma doença incurável. Assim a moléstia agravou-se rapidamente e sua morte não tardou. Com
os olhos postos numa imagem do Crucificado e invocando Maria
Santíssima, ele a enfrentou com a serenidade de alma própria aos santos.
Recebeu
com devoção os santos sacramentos, e em 4 de março de 1484 entregou sua
alma ao Criador. Suas últimas palavras, depois de oscular com amor o
crucifixo, foram: “Em vossas mãos, ó Jesus, entrego o meu espírito“. Sua alma, segundo testemunhas, subiu ao Céu em meio a grande luminosidade.
Corpo incorrupto e perfume: imagens de castidade perfeita
A
morte o colheu aos 25 anos, em Gardinas, mas seu corpo foi enterrado na
catedral de Vilnius, capital da Lituânia, na capela dedicada a Nossa
Senhora.
O
primeiro biógrafo do santo foi Zacarias Ferreri, enviado à Polônia a
mando do Papa Leão X, para coletar dados sobre a vida de Casimiro, cuja
santidade já era conhecida e confirmada por muitos milagres. Entre
estes, destacam-se a cura de doentes incuráveis e a ressurreição de uma
menina, natural de Vilnius.
O mesmo Papa Leão X canonizou São Casimiro em 1521.
Em
6 de agosto de 1604 — para gáudio e edificação dos fiéis católicos e
glória de São Casimiro — sua sepultura foi aberta na presença de várias
testemunhas. Devido a um milagre, seu corpo encontrava-se inteiramente
incorrupto. As roupas também estavam intactas, apesar da umidade
existente. Como admirável símbolo de sua castidade, o corpo exalava um
agradável perfume. Encontrou-se também em seu peito o hino Omni die dic Mariae laudes animae [Minha
alma, cada dia, dirija um canto a Maria], um dos mais belos cânticos da
Idade Média, dedicado à Virgem Santíssima (Acta Sanctorum, Martii I,
Parisiis, 1865).
Seu
nome é glorificado no calendário litúrgico em 4 de março, quando,
segundo velho costume, milhares de fiéis vão venerar suas preciosas
relíquias em Vilnius.
Em
1943 o Papa Pio XII proclamou São Casimiro Patrono principal da
juventude lituana em qualquer parte do mundo. É também Padroeiro da
Polônia.
Sobre incorrupção do corpo - Passados 120 anos de seu enterro, ao abrir-se seu sepulcro, encontrou-se seu corpo incorrupto, como se estivesse recém enterrado. Nem sequer seus vestidos haviam se deteriorado, considerando-se ainda que o sítio onde encontrava-se seu sepulcro era extremamente úmido. Sobre seu peito foi encontrada uma poesia à Santíssima Virgem, que mandou que colocassem sobre seu cadáver no dia de seu enterro.
Sobre incorrupção do corpo - Passados 120 anos de seu enterro, ao abrir-se seu sepulcro, encontrou-se seu corpo incorrupto, como se estivesse recém enterrado. Nem sequer seus vestidos haviam se deteriorado, considerando-se ainda que o sítio onde encontrava-se seu sepulcro era extremamente úmido. Sobre seu peito foi encontrada uma poesia à Santíssima Virgem, que mandou que colocassem sobre seu cadáver no dia de seu enterro.
Admirável na Terra, mais ainda no Céu
São famosas, ainda, as aparições de São Casimiro.
A
primeira deu-se no ano de 1518 quando um grande exército moscovita
estava prestes a dominar a cidade de Polotsk, baluarte na defesa da
Lituânia, situada na confluência dos rios Dauguva e Palata. O fogoso
exército lituano, composto de dois mil homens partiu intrépido para
socorrê-la.
Entretanto
o transbordamento do rio Dauguva impedia que eles alcançassem o
inimigo, postado à outra margem. O que fazer? Enquanto estavam nesse
impasse, os lituanos viram surgir um jovem cavaleiro montado em corcel
branco, convidando-os a segui-lo rumo à outra margem.
Impelidos
pelo entusiasmo, os lituanos seguiram o valente cavaleiro, e
atravessando o rio num lugar propício atacaram os moscovitas, alcançando
brilhante vitória. O cavaleiro da veste alva desapareceu como por
encanto. Mas todos reconheceram nele São Casimiro, seu protetor.
Outra
aparição ocorreu em 1654 ao comandante russo Sermetjev, que ocupara a
cidade de Polotsk e transformara a igreja em estábulo. O Santo
apareceu-lhe, increpando-o de tentar a Deus, que o puniria de modo
exemplar.
As
aparições de São Casimiro tornaram-se um símbolo da luta contra Moscou e
a propagação da igreja cismática russa. Por esse motivo a Rússia
czarista votava um ódio implacável ao Santo, cerceando-lhe o culto de
todos os modos.
Uma
frase em latim, alusiva a São Casimiro bem sintetiza a extraordinária
vida do jovem Príncipe polonês neste mundo e sua gloriosa atuação após
ter alcançado a bem-aventurança eterna: “Casimiro, admirável na Terra, mais admirável ainda no Céu“.
Reflexão:
As
devoções prediletas de São Casimiro eram a Sagrada Paixão e Morte de
Nosso Senhor Jesus Cristo e a devoção a Maria Santíssima. Nestas
devoções estava o segredo, porque tão ciosamente guardava a virtude da
pureza. Quem tem amor a Jesus e Maria, deve igualmente amar esta
virtude angélica, que é a predileta da Mãe de Deus e de seu Filho.
Se queremos nos aprofundar neste santo amor, deveríamos cultivar em
nosso coração a Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Durante a
quaresma, devemos fazer uma leitura quotidiana de um ou outro trecho
da Sagrada Paixão. Quanto mais nosso espírito penetrar neste mistério
de amor, tanto mais em nossa alma se acentuará o desejo de servir
unicamente a Deus, que tanto nos amou.
Fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.