Catequese fundamental: os vivos e os mortos, o Céu e a Terra, a Imaculada Conceição
UMA LEITORA que se identifica como “Vanessa” enviou-nos um longo comentário (ao site ofielcatolico.blogspot.com.br) e recebeu resposta Católica às suas argumentações que reproduzimos abaixo, resumido:
“Quanto aos mortos ouvirem nossas orações: A bíblia descreve o céu como um lugar onde não haverá mais lágrima, pranto, lamento ou dor. é um paraiso preparado por Deus para os que o amam. Estar num lugar assim, maravilhoso, de paz, e ficar ouvindo as dores dos que amamos na terra, isso seria um paraiso? teríamos paz?Com certeza nao.
Quanto a oração dos santos: toda vez que encontrar essa palavra, saiba que ela está se referindo ao povo de Deus, e não aos ‘santos’ da igreja católica. os santos descritos na bíblia sao o povo de Deus, que estão (ou estavam à época) VIVOS. diz que esses vivos sim, devem orar uns pelos outros.
Além do mais, somos chamados de santos porque se confessarmos nossos pecados a Deus, Ele é fiel e justo para nos perdoar, de forma a nao se lembrar mais deles. Somos justificados por meio do sacrifício de Cristo na cruz. Jesus recomendou: ‘SEDE SANTOS COMO EU SOU SANTO’ (1Pe 1:16). A santidade é algo que devemos buscar a cada dia, mas sabemos que só houve um que viveu nessa terra que nao teve pecado, seu nome é JESUS! Só Ele é o criador. Todos os demais que vivem ou que já morreram sao criaturas, que precisam portando de perdão, pois já nasceram em pecado…
Deus abeçoe!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”
Aqui temos claramente o caso de mais uma irmã protestante ou “evangélica” (termo comumente usado para tratar pentecostais, neopentecostais e mesmo os membros de diversas seitas não definidas ditas cristãs) que nos visita e posta uma verdadeira enxurrada de afirmações, – em forma de pregação, – repleta de conceitos pré-estabelecidos sobre a Igreja Católica, colocados como se fossem verdades inquestionáveis. E lá vamos nós tentar esclarecer todos esses pontos, um de cada vez, para facilitar a compreensão. Que seja útil.
Vanessa disse: “Quanto aos mortos ouvirem nossas orações…”
O problema, Vanessa, é que você já começa errado: sua primeira frase já traz um equívoco tremendo, uma afirmação completamente contrária à fé cristã. Quando você diz “os mortos” você está contrariando o próprio Jesus Cristo! Ou você nunca leu o Evangelho de João? “Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?” (Jo 11, 25-26)
Crês nisto, Vanessa? Parece que não. Nós, cristãos católicos, cremos que aqueles que morreram na Amizade com Nosso Senhor estão mais vivos do que nós, aqui na Terra. E não cremos nisso porque é algo que nos faz sentir bem ou porque o padre disse. Cremos porque o próprio Jesus o afirmou. Se você mudar esse seu primeiro engano, esse ponto de partida equivocado, verá que todo o restante da sua mensagem perde o sentido.
Vanessa disse: “A bíblia descreve o Céu como um lugar onde não haverá mais lágrima, pranto, lamento ou dor. é um paraiso preparado por Deus para os que o amam. Estar num lugar assim, maravilhoso, de paz, e ficar ouvindo as dores dos que amamos na terra, isso seria um paraiso? teríamos paz?Com certeza nao.”
Observe que isso é uma interpretação sua, particular. Essa conclusão que você apresenta é uma construção puramente humana, que não tem nada a ver com o Evangelho de Nosso Senhor. Com todo o respeito, veja como você aprendeu a imitar o “pastor” e a manipular a Bíblia com a intenção de legitimar uma ideia pessoal. O que a Bíblia diz é: a Igreja é o Corpo de Cristo, e nesse Corpo Santo, que tem por Cabeça o próprio Cristo, cada membro tem o seu papel específico (leia 1Cor 12,12-27).
Se cremos, – e certamente cremos, se somos mesmo cristãos, – que a morte para este mundo não é o fim de tudo, e sim o começo da vida eterna, então cremos também que todos os membros deste Corpo continuam unidos, tanto os do Céu quanto os da Terra. E isso não é uma “invenção” da Igreja Católica: é a fé que a Igreja sempre teve, desde o começo. Pelos estudos arqueológicos e por meio de documentos antiquíssimos, vemos que as primeiras gerações de cristãos já invocavam a intercessão de Pedro, de Paulo e da Virgem Maria, mesmo depois da partida deles para o Céu.
Você concorda, entende e crê que Deus nos assiste, nos auxilia a seguir o Caminho e nos socorre neste mundo. Muito bem. Pois Jesus diz que aqueles o amam estão nEle (Jo 15,5) são um com Ele e com o Pai (Jo 17,11). Então entenda: se os santos estão em Deus e são um com Deus, e se ao mesmo tempo somos todos membros do mesmo Corpo, então estamos juntos, intercedendo uns pelos outros. É exatamente isso que a Bíblia diz. Preste atenção:
“Os quatro viventes e os vinte e quatro anciões se prostraram diante do Cordeiro. Tinha cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos santos“… “A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus” (Ap 5,8; 8,4).
Sim, os santos apresentam suas orações a Deus, e pedem por justiça para os habitantes da Terra (Ap 6,9-11). Se você nega essa realidade, nega a Bíblia.
Vanessa disse: “Quanto a oração dos santos: toda vez que encontrar essa palavra, saiba que ela está se referindo ao povo de Deus, e não aos “santos” da igreja católica.”
Aqui eu preciso lhe prevenir, Vanessa, que você peca pela soberba, colocando-se como autoridade absoluta para decretar o significado das palavras da Bíblia. O que a primeira Igreja de Cristo diz está errado. O que foi crido e praticado nos primeiros mil e quinhentos anos da história do cristianismo (antes de Lutero) é falso. Só a sua interpretação (ou a interpretação do seu ‘pastor’) é que está certa. Isto é arrogância e pecado da soberba.
Bem, é claro que os santos são o povo de Deus. E porque você acha que os “santos da Igreja Católica” não são povo de Deus? Não sei qual a ideia que você tem a respeito dos santos, mas eles são homens e mulheres que cumpriram a Vontade de Deus aqui na Terra, morreram em Comunhão com Ele e agora estão no Céu.
Sem dúvida existem santos e santas caminhando ao nosso lado, agora mesmo. Mas também existem, – muitos mais ainda, – outros que já estão no Céu, na Presença de Deus, e por certo a maioria destes não é conhecida por nós. O que a Igreja faz é reconhecer certos cristãos que tiveram vidas exemplares, que foram reconhecidos como modelos para o povo de Deus, dando-lhes formalmente o título de santo. Só isso.
Vanessa disse: “(…) os santos descritos na bíblia sao o povo de Deus, que estão (ou estavam à época) VIVOS. diz que esses vivos sim, devem orar uns pelos outros.”
Mais uma vez você está pregando uma doutrina pessoal, sua e/ou do seu “pastor”, como se fosse o autêntico cristianismo, como se fosse a Palavra de Deus. Então, por favor, mostre-me na Bíblia onde está escrito que os santos mencionados na Bíblia são apenas aqueles que estavam vivos naquela época(?).
E mais uma vez você insiste no erro tremendo de considerar “vivos” apenas os que estão aqui, vagando neste mundo de sofrimentos, como se aqueles que estão no Céu, em Deus, estivessem mortos. É de se lamentar um pensamento tão profundamente contrário a tudo o que Jesus ensinou.
Vanessa disse: “Além do mais, somos chamados de santos porque se confessarmos nossos pecados a Deus, Ele é fiel e justo para nos perdoar, de forma a nao se lembrar mais deles.”
Sua postura não muda, do começo ao fim da sua mensagem. Novamente, você acrescenta palavrinhas ao texto sagrado, que não estão lá. Onde é que você viu essa especificação: “Confessarmos nossos pecados ‘a Deus’”? Esse complemento é seu, pois não está lá no texto sagrado. O que está escrito, literalmente, é: “Se confessarmos nossos pecados, Ele, que é fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda a injustiça” (1Jo 1,9).
Veja que a Bíblia não dá essa especificação, de confessardiretamente a Deus, embora toda confissão seja feita, sim, a Deus, pois é somente Ele quem nos perdoa. Mas você precisa saber que a Bíblia deve ser lida e compreendida como um conjunto coerente de livros que conduzem a uma só Verdade. Então, a passagem que você citou precisa ser compreendida conjuntamente e em harmonia com esta outra:
“Jesus disse-lhes novamente: ‘A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós (os Apóstolos, isto é, a Igreja)’. E, tendo dito isto, Jesus soprou sobre eles, dizendo: ‘Recebei o Espírito Santo’. Os pecados daqueles a quem perdoardes serão perdoados. Os pecados daqueles a quem não perdoardes não serão perdoados”.
Muito claro, não é? O problema é que você lê a Bíblia sempre sob o crivo, a interpretação do seu “pastor”, e assim a sua compreensão fica comprometida. Certas passagens, todo protestante/”evangélico” lê mas não percebe, e esta acima é uma delas. O desejo de Cristo é que o perdão dos pecados seja obtido através da sua Igreja, e isso é bem claro na Escritura. É um grande erro crer que basta recitar os seus pecados a Deus, numa oração particular, para ser automaticamente perdoado. Não foi este o desejo de Nosso Senhor. Da mesma forma que sem Cristo não há perdão, sem a Igreja também não há, a não ser em casos muito especiais, já que a Igreja é Cristo na Terra.
Vanessa disse: “Somos justificados por meio do sacrifício de Cristo na cruz. Jesus recomendou: ‘SEDE SANTOS COMO EU SOU SANTO’ (1Pe 1:16). A santidade é algo que devemos buscar a cada dia, mas sabemos que só houve um que viveu nessa terra que nao teve pecado, seu nome é JESUS! Só Ele é o criador. Todos os demais que vivem ou que já morreram sao criaturas, que precisam portando de perdão , pois já nasceram em pecado… ”
Vanessa diz algumas verdades fundamentais nesse trecho. Diz que somos justificados pelo Sacrifício de Cristo. Amém! Diz que devemos buscar a santidade. Amém! Diz que Jesus é Deus, Criador, que só Ele nos salva. Amém! Diz que todos os demais são criaturas que precisam da Graça divina, que dependem da salvação de Cristo. Amém e amém! Como católicos cremos em tudo isso.
Onde você viu na doutrina católica alguma doutrina contrária a esses princípios, Vanessa? Deixe-me adivinhar: foi o “pastor” que disse.
Bem, qualquer pessoa que disser que a Igreja Católica ensina uma vírgula diferente disso, está mentindo. Fique atenta! E há um detalhe importante que transparece no seu tom: percebo que você se refere, indiretamente, à posição da Virgem Maria na Igreja. Permita-me então esclarecer: nós, católicos, cremos sim que também Maria foi salva pelo Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, como ela mesma declarou: “Minha alma engrandece o Senhor, exulta o meu espírito em Deus, meu Salvador“. Cremos, porém, que ela foi salva por primeiro, antes de todos. Este é o sentido da fé na Imaculada Conceição da Mãe do Cristo: por seu papel especialíssimo no Plano Divino, sua salvação foi preparada por Deus antes de todos os séculos, porque seria ela a mãe do próprio Deus encarnado, o Tabernáculo da Nova e Eterna Aliança.
Pelos méritos dEle, Cristo, – e somente dEle, – Maria foi feita pura e imaculada, a primeira a ser salva, assim como foi a única a gerar Deus dentro de si. Assim é que atribuímos a Maria o título de Santíssima, e dizemos que ela foi e é a Arca da nossa salvação. Porque, assim como a Arca da Antiga Aliança, ela abrigou Deus em si, e para tanto era necessário que fosse digna. Leia mais a esse respeito neste post
Aproveito para deixar um convite a Vanessa e a todos os nossos irmãos protestantes e “evangélicos”: venham integrar a geração que proclama Maria bem-aventurada (Lc 1,48)! Lembrem-se que a própria Virgem Santíssima, cheia do Espírito Santo, assim profetizou de si mesma. Enquanto vocês dizem que ela é “uma mulher como outra qualquer”, a Igreja Católica cumpre a profecia da Sagrada Escritura.
Que Deus a abençoe, ilumine e salve, Vanessa. Que a Paz de Nosso Senhor seja sobre a sua vida e Nossa Senhor interceda por sua vida.
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