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segunda-feira, 13 de abril de 2015

“A” Tradição e as tradições da Igreja – entenda a diferença

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Qual meio Deus usou para nos revelar a sua Palavra, de modo infalível? Alguns dizem: somente por meio da Bíblia. Mas quem afirma isso está em contradição com a própria Escritura, que diz que a Tradição também é um meio de transmissão do Evangelho.
“Eu vos felicito por vos lembrardes de mim em toda ocasião e conservardes astradições tais como eu vo-las transmiti.” (I Cor 11,2)
Que tradições seriam essas a que São Paulo estava se referindo? Bem, ele não falava de tradições humanas, nem somente de seus escritos, mas de toda Palavra de Salvação proferida por ele e pelos demais Apóstolos. Confiram:
“Assim, pois, irmãos, ficai inabaláveis e guardai firmemente as tradições que vos ensinamos, de viva voz ou por carta.” (II Tes 2,15)
Ou seja, a própria Bíblia (Revelação escrita) diz que a Tradição (Revelação oral) também é um meio de Revelação da Palavra de Deus. São Paulo coloca esses dois meios de Revelação lado a lado, mostrando que têm o mesmo valor. O Apóstolo João confirma essa doutrina:
“Apesar de ter mais coisas que vos escrever, não o quis fazer com papel e tinta, mas espero estar entre vós e conversar de viva voz, para que a vossa alegria seja perfeita.” (II João 1,12)
Essa passagem explicita algumas verdades importantíssimas:
  • nem tudo o que o Apóstolo considera necessário ensinar ao povo ele registrou por escrito;
  • a alegria dos cristãos só alcança a perfeição quando, além de estudar as Escrituras, eles acolhem os ensinamentos apostólicos transmitidos oralmente pelas legítimas autoridades da Igreja – ou seja, a Tradição.
O Apóstolo João, em outra passagem, diz que nem tudo o que Jesus fez e ensinou foi registrado nos Evangelhos. Sendo assim, obviamente, muitas coisas que aprenderam de Jesus foram comunicadas à Igreja de forma oral.
“Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.”(João 21,25).
“A” TRADIÇÃO E “AS” TRADIÇÕES
A Tradição a que estamos nos referindo aqui é a Sagrada Tradição, a Palavra de Deus que os Apóstolos receberam de Cristo e transmitiram oralmente à Igreja. Esta não deve ser confundida as tradições estabelecidas pelos homens da Igreja, ao longo do tempo.
É preciso distinguir, desta Tradição, as «tradições» teológicas, disciplinares, litúrgicas ou devocionais, nascidas no decorrer do tempo nas Igrejas locais. Elas constituem formas particulares, sob as quais a grande Tradição recebe expressões adaptadas aos diversos lugares e às diferentes épocas. É à sua luz que estas podem ser mantidas, modificadas e até abandonadas, sob a direção do Magistério da Igreja.
- Catecismo da Igreja Católica, item 83
aetos_tapeteUm exemplo de tradição disciplinar:para que um candidato ao sacerdócio seja ordenado, atualmente, ele precisa ingressar no seminário e estudar ao menos seis anos. Mas já houve tempos em que um presbítero era eleito de outros modos, até mesmo por aclamação popular (foi assim com Santo Agostinho).
Um exemplo de tradição devocional: a oração do Rosário. Essa devoção nasceu no século XIII, quando a Virgem Maria apareceu a São Domingos de Gusmão, recomendando o Rosário como arma para a conversão dos hereges e pecadores.
Um exemplo de tradição litúrgica: nas igrejas católicas de rito bizantino, sempre que está de pé, o bispo fica sobre o Aetos (foto acima). Trata-se de um tapete redondo, que traz o desenho de uma águia sobrevoando uma cidade. A cidade murada representa a Diocese; a águia é um lembrete de que, “como uma águia pode ver claramente ao longo de distâncias, por isso deve um bispo supervisionar todas as partes da sua diocese”, e defender os fiéis nela contidos (Fonte: Orientale Lumen).
A PATRÍSTICA
A Tradição oral, em grande parte, foi registrada nas atas dos Concílios e nos escritos das primeiras gerações de padres e bispos – os chamados Padres da Igreja. O conjunto da obra desses líderes da igreja primitiva se chama Patrística.
Os escritos patrísticos, considerados em seu conjunto, nos permitem saber como as primeiras gerações de padres da Igreja interpretavam as Escrituras. Os pontos de fé em que vários Padres estão de acordo revelam a doutrina universalmente aceita na igreja primitiva. Obviamente, tal interpretação serve como um guia para a Igreja, uma luz para a correta interpretação da Bíblia.
Portanto, a própria Escritura ensina que são duas as FORMAS DE TRANSMISSÃO da Palavra infalível de Deus: a Bíblia e a Tradição. A Igreja é a guardiã dessa Palavra revelada, e a transmite fielmente ao povo de Deus por meio do Sagrado Magistério. Explicaremos isso no próximo post. Acompanhem!
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Fonte. http://ocatequista.com.br/archives/15194

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