Milagre o Testemunho da Verdade

terça-feira, 7 de junho de 2016

Ser cristão num mundo 'politicamente correto'


RECEBEMOS DE UM LEITOR anônimo, ao nosso artigo "O uso do incenso na Igreja Católica", o comentário que reproduzimos abaixo:

“Sou católico, mas não concordo com os comentários impróprios feitos às outras religiões não católicas. Acho que deveria apenas cuidar de responder à pergunta formulada e não discorrer sobre uma questão que nem ao menos foi comentado."

Obrigado por expressar a sua opinião, anônimo. Diante do seu comentário, eu fiz questão de reler o texto, pronto a retificar qualquer passagem que pudesse ter soado "imprópria". Confesso que não encontrei nada que eu pudesse considerar rude ou ofensivo.

Sabe, não sou o que chamam "politicamente correto"; longe disso. Já até perdi bons empregos por causa disso. Tenho por hábito expressar-me com clareza, direta e objetivamente, procurando obedecer à ordem de Nosso Senhor: "O teu sim seja sim e o teu não seja não; o que passa disso vem do Maligno" (Mt 5,37). – Está aí uma coisa que o nosso mundo contemporâneo não suporta.

Para este apostolado, a verdade tem prioridade absoluta, e só depois dela ter sido posta com muita clareza é que vamos nos preocupar com o respeito humano – que é bem-vindo e ajuda muito nos relacionamentos –, mas para um cristão não deve ser o mais importante.

Fez-me lembrar da notícia que vi há pouco tempo, do cartaz de um filme de super-heróis que foi alvo do ataque raivoso de um bando de feministas e levou a produtora a desculpar-se e retirá-lo de circuito, o que gerou grande prejuízo. O problema todo é que, nesse cartaz, havia a imagem de um supervilão segurando pelo pescoço uma outra supervilã... Ora, isso não tem nada de machista, bem ao contrário, só demonstra que, no universo dos super-heróis, tanto os personagens masculinos quanto os femininos são dotados de poderes sobre-humanos, e por isso mesmo dá-lhe Mulher-Maravilha, Viúva Negra, Super-Girl e Mulher Hulk (entre muitas outras) surrando um bando de marmanjos desavisados por aí... E ninguém reclama.

O grande problema é que há agora uma praga terrível que infesta o mundo, que degenera as mentes e nos leva a um perigosíssimo estado de coisas: vivemos uma época em que apenas ter opinião sobre qualquer assunto já é "ofensivo" para alguém. E na religião não é diferente. Deveria, por motivos óbvios, mas não é. Absolutamente tudo o que qualquer pessoa diga precisa vir, necessariamente, antecedido por um "na minha opinião..." e seguido de um "...mas respeito todas as opiniões contrárias".

É proibido ter opinião! É proibido alguém dizer que gosta do azul, porque as pessoas que gostam do amarelo podem se ofender. É proibido dizer que 1 + 1 = 2, para não ofender os que não sabem somar e pensam que o resultado é 3, ou 4, ou 10 ou 1.000. Aliás, em muitas situações, os professores em sala de aula já não podem mais corrigir os alunos quando eles erram, por medo de traumatizá-los. Se o garoto diz: "Nós vai", a professora de português nem sempre pode ensinar que o correto é "nós vamos" porque isso seria um preconceito absurdo, uma atitude opressora, e afinal de contas a língua é o povo que faz... Que mal tremendo o marxismo fez ao mundo, meu Deus!

Assim, os estudantes mais aptos, ao invés de incentivados, são impedidos de progredir rápido, em "respeito" aos menos dotados, para que estes últimos não se sintam diminuídos, oprimidos pela elite dominante, e assim vamos "emburrecendo" um pouco mais a cada dia que passa. Hoje, alunos chegam ao ensino médio sem saber escrever, sem conhecer o hino nacional, sem saber quem descobriu o Brasil.

Vivemos um tempo em que é proibido dizer a verdade, porque a verdade, para o nosso mundo, não existe objetivamente. Cada um tem "a sua verdade", e o máximo que eu posso fazer é apresentar a "minha verdade", mas só se eu deixar bem claro que é apenas isto mesmo: a minha opinião, o que eu penso e o que eu "acho", pois a verdade, em última análise, não existe; cada um tem a sua e tudo bem. Eu tenho que aceitar, por exemplo, que dois homens e um cachorro que moram juntos são "uma família", tão ou mais digna que a minha, com meu pai e minha mãe que me geraram, eu e meus irmãos.

Tenho que aceitar, por força de decreto-lei, chamar um barbado de metro e oitenta, que nasceu com um grande pênis entre as pernas, de "senhorita" ou "senhora", e sabe por quê? Porque ele diz que "se sente" uma mulher. E tenho que aceitar que, na escola, ele use o mesmo banheiro que a minha filha, pelo mesmo motivo. Se eu me recusar, posso ser preso junto com ladrões e assassinos. Aliás, estes últimos têm muitas ONGs e associações para protegê-los, mas eu não serei considerado digno de piedade. Não eu, homem heterossexual, branco neto de europeus, capitalista e católico, pois represento em mim a pior escória que o mundo foi capaz de produzir.

Deixa-se então para lá e finge-se que não se ouve o fato insofismável que grita: apenas afirmar que "a verdade não existe" já é afirmar que pelo menos esta afirmação (que a verdade não existe) é verdadeira: logo, a verdade existe, de qualquer maneira! Sim, dizer que a verdade não existe é uma afirmação auto-contraditória em si mesma, mas sente-se lá e fique quieto quem não quiser arrumar confusão com o mundo. Bem, enquanto cristão de fé viva, que não se inclui entre os "mornos" que o Senhor vomitará fora de seu Corpo, estou disposto a comprar briga com o mundo inteiro pela Verdade, que é o próprio Cristo. Todavia nessa guerra não quero matar; quero antes dar a minha vida, se preciso for, para que a conheçam –, a Verdade que liberta, que é meu Sumo Bem e meu Tudo assim como é para todos os homens e mulheres, mesmo que não saibam ou não o reconheçam, – e que é a única Solução para esse mundo insano.

Pergunto-me o que seria de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nunca foi "politicamente correto" e não hesitou em chamar os hipócritas de hipócritas, ou de S. João Batista ('o maior dentre os nascidos de mulher') que chamou os falsos fariseus de "raça de víboras"... Se os ouvidos atuais se tornaram tão frágeis e delicados que qualquer palavra um pouquinho mais rígida parece insuportável, o que diriam, hoje, de um Messias que expulsa os vendilhões do Templo abaixo de chibatadas?

A Paz (inquieta) de Nosso Senhor Jesus Cristo, leitor anônimo!

Henrique Sebastião

Fon. O Fiel Católico

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